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Caloraço não é ruim para todos e tem quem lucre com o clima

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O sofrimento estendido do brasiliense com a maior temperatura da história (37,3º C) e a umidade em nível de alerta, registrados durante o feriado, se converteram em aumento de vendas para parte do comércio. Além das grandes empresas, que lucraram com maior saída de umidificadores e aparelhos de ar-condicionado, por exemplo, empreendedores de menor porte se beneficiaram com necessidades mais imediatas.

O dono de uma loja de reparos na 508 Sul, Antônio Alencar Vieira, 77 anos, conta que, desde a semana passada já recebeu 20 ventiladores. “Quando não está tão quente, eu pego um por dia, às vezes nenhum”, contabiliza.

Segundo ele, os clientes geralmente têm problemas com motores queimados ou fios de cabelo atrapalhando o mecanismo. Em alguns casos, o conserto pode demorar até um mês, pois é preciso pedir peças de outro estado. “Ainda tem muita gente que prefere tentar ajustar do que comprar outro. Com os preços mais altos , eu tenho recebido bastante coisa”, analisa.

Apesar da inflação nos eletrodomésticos e eletroportáteis, a Federação do Comércio (Fecomercio-DF) estima que o consolidado do último mês indicará crescimento vendas na ordem de 15% no segmento de ar-condicionado, umidificadores e ventiladores, principalmente. “É difícil fazer projeções, até porque estamos em um período de seca mais prolongado, atípico. Mas esses segmentos costumam se dar bem na época”, resume o presidente da entidade, Adelmir Santana.

Ele destaca também que o meio farmacêutico costuma se beneficiar da seca, pois disparam, em até 40%, a comercialização de remédios para tratamento das vias respiratórias, especialmente para crianças e adolescentes.

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do DF (Sindhobar), mesmo sem números para apresentar, afirma ter sido um feriado “acima da média” na venda de bebidas geladas e sorvete. “O movimento podia ser ainda melhor, mas foi frustrado porque o feriado pegou a sexta-feira e isso afetou o movimento dos estabelecimentos”, faz a ressalva o presidente Jael Antônio da Silva.

Que a chuva espere até baixar estoque de cocos

O Instituto de Meteorologia (Inmet) informou, ontem, que a expectativa para a semana é de mais sol e temperaturas de até 35 graus. A umidade relativa do ar pode chegar a 15%, o que manteria o nível de alerta decretado pela Secretaria de Segurança Pública e Paz Social no último dia 12. Portanto, quem está se beneficiando do calor tem pelo menos mais sete dias para impulsionar as vendas.

Dona de um estabelecimento no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Pedrina Rodrigues Costa, 64 anos, pretende esvaziar os 7,5 mil cocos que trouxe de Petrolina (PE) no fim de semana. Quando recebeu a reportagem, no início da tarde ontem, já tinha cumprido um terço do seu objetivo. “A melhor época para vender é a que estamos”, atesta a empresária.

Segundo ela, em épocas de chuva, pode demorar até oito dias para vender todos os cocos do caminhão e ir a Pernambuco comprar mais. Semana passada, ela conseguiu isso em apenas três dias.

Segundo Pedrina, seu ramo sofreu muito desde 2015, porque a concorrência informal aumentou. “Eu pago imposto para manter meu lugar aqui, mas se uma pessoa vem e coloca um caminhão de coco em qualquer beira de estrada, capaz de conseguir vender mais do que eu”, reivindica.

Ela tem, portanto, aproveitado o ponto bem localizado para lucrar o quanto pode. Mesmo assim, não perde o senso de humor ao comentar sobre o clima. “Eu sei que as vendas estão boas, mas espero que não fique quente assim por tanto tempo. Noite passada eu mal consegui dormir”, brinca.

Para o bem ou para o mal, as chuvas podem retornar entre 21 e 23 de outubro, conforme previsões do Inmet. Este ano, o DF já registrou 120 dias sem precipitações, próximo do recorde de 1963, 167 dias. Quando isso acontecer, vai chegar a hora dos guarda-chuvas e roupas de frio. E assim, o clima de Brasília rege o desempenho e a vendagem dos segmentos do comércio.

SAIBA MAIS

Em função da umidade relativa do ar ter alcançado índices mínimos entre 11% e 12% no mês, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil declarou estado de emergência.

Ainda não existe consolidação para o ano, mas em 2016 o comércio registrou aumento de até 80%, em relação ao mês anterior à seca, em eletrodomésticos relacionados à amenização do calor, conforme a Fecomércio.

Segundo a entidade, apesar da janela de oportunidade, os preços dos produtos não costumam subir muito no período.

Jornalista

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