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China acelera substituição da soja dos EUA pela brasileira, enquanto exportações agrícolas americanas desabam com tarifas

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Uma reportagem do Global Times revelou que a crise no comércio agrícola entre Estados Unidos e China, intensificada pela imposição de tarifas adicionais por Washington desde janeiro de 2025, já provoca impactos profundos no setor agropecuário americano. Baseada em dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e reportagens complementares do Wall Street Journal (WSJ), a matéria mostra que as exportações americanas de produtos como soja e carne suína despencaram na primeira quinzena de abril.

Enquanto isso, a China acelera sua substituição de fornecedores. Segundo a plataforma Yuyuantantian, afiliada ao China Media Group e citada pelo Global Times, cerca de 40 navios carregados de soja brasileira devem atracar no porto de Zhoushan, na província de Zhejiang, em abril, um aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2024. A previsão é de que o terminal Laotangshan descarregue 700 mil toneladas do grão brasileiro, alta de 32% em comparação com as 530 mil toneladas desembarcadas no ano anterior.

Especialistas chineses ouvidos pelo Global Times afirmam que essa mudança demonstra a capacidade da China de substituir suas importações dos EUA. “Este é o reflexo mais direto de como a guerra tarifária provocada pelos EUA está prejudicando suas principais indústrias e os cidadãos comuns”, afirmou Li Yong, pesquisador da Associação Chinesa de Comércio Internacional.

Exportações agrícolas americanas em queda livre

Os dados do USDA mostram que, entre os dias 11 e 17 de abril — a primeira semana completa após o aumento das tarifas —, as vendas líquidas de soja americana caíram 50% em comparação à semana anterior, enquanto as vendas líquidas de carne suína despencaram 72%. De acordo com o WSJ, a China comprou apenas 1.800 toneladas de soja dos EUA no período, uma queda brutal diante das 72.800 toneladas compradas na semana encerrada em 10 de abril.

O cenário para a carne suína é ainda mais grave: houve um cancelamento de 12 mil toneladas em compras anteriormente anunciadas, resultando em vendas líquidas de apenas 5.800 toneladas na semana — o menor volume registrado para entregas em 2025.

“A agricultura americana já sente fortemente os efeitos das tarifas, especialmente em setores como a soja e a carne suína, que dependem fortemente do mercado chinês”, afirmou Li Yong ao Global Times. Segundo ele, “o vasto mercado chinês e seu forte poder de compra foram profundamente afetados pela ruptura das relações comerciais”.

Impacto no mercado global e diversificação chinesa

A continuidade dessa tendência pode impactar seriamente os preços globais das commodities agrícolas, alertam analistas citados pelo WSJ. Desde janeiro, os Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump em seu segundo mandato, intensificaram tarifas sobre produtos chineses, provocando uma forte reação de Pequim. Em resposta, a China impôs tarifas de 15% sobre frango, trigo, milho e algodão americanos e de 10% sobre produtos como sorgo, soja, carne suína, carne bovina, frutos do mar, frutas, vegetais e laticínios, a partir de 10 de março.

Li Yong afirmou que a guerra tarifária tende a acelerar ainda mais a diversificação das importações chinesas. Segundo ele, “apesar de os EUA serem um fornecedor competitivo, as tarifas forçaram os agricultores americanos a perder mercado para concorrentes internacionais”.

Essa transformação já é visível. A emissora estatal chinesa CCTV, também citada pelo Global Times, informou que a participação dos EUA nas importações de soja da China despencou de 40% em 2016 para 18% em 2024. Em relação à carne suína, os EUA exportaram 416 mil toneladas para a China no ano passado, o equivalente a 18% do total importado pelo país asiático, ficando atrás apenas de Brasil e Argentina.

“Seja na soja, carne suína ou carne bovina, a China pode encontrar amplos substitutos entre exportadores como Brasil, Argentina e Austrália, que possuem políticas comerciais mais abertas do que as dos EUA”, observou Li.

Li Yong encerrou com um apelo ao governo norte-americano: “A única maneira de mitigar os problemas enfrentados pelos setores afetados é eliminar todas as tarifas unilaterais”. O pesquisador enfatizou que o protecionismo não alcançará os objetivos desejados e apenas acelerará a perda de competitividade dos EUA no mercado agrícola global.

Com informações do portal 247

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