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Mesmo com fraudes, PDT segue na Previdência

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Escândalo derruba ministro, e governo escolhe para o cargo número 2 da pasta, do mesmo partido e que também tinha sido alertado sobre irregularidades

Em meio ao escândalo de corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a permanência do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ficou insustentável no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A demora para a queda dele, no entanto, aumentou a pressão sobre a gestão petista e agravou a crise deflagrada com a revelação da fraude de cerca de R$ 6,3 bilhões contra aposentados e pensionistas.

A exoneração de Lupi foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), “a pedido do ministro”, mas tudo indica que Lula solicitou ao titular da pasta que deixasse o cargo. No início da noite desta sexta-feira, o presidente licenciado do PDT divulgou ter pedido exoneração. Ele divulgou uma carta, após encontro de cerca de duas horas com Lula, que não estava na agenda oficial do Palácio do Planalto.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) confirmou que Lula recebeu o pedido de demissão de Lupi ” durante audiência no Palácio do Planalto”. O comunicado informou que o chefe do Executivo “convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro”.

A ascensão de Queiroz indica que Lupi continuará dando as cartas no INSS, uma vez que o novo titular, assim como o agora ex-ministro, também sabia das fraudes, porque foram avisados em uma reunião em 2023 e nada fizeram.

Não à toa, a nova crise no governo abriu flanco para a oposição se articular para deteriorar ainda mais a popularidade de Lula — já em queda devido à persistência da inflação que vem corroendo o poder de conta dos brasileiros.

Além de protocolar, na Câmara, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as fraudes no INSS, a oposição está perto de atingir o número de assinaturas para instaurar, no Senado, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Roubo dos Aposentados. Para a criação de uma CPMI, é necessária a assinatura de 171 deputados e 27 senadores. Até esta sexta-feira, faltava a rubrica de seis deputados.

O deputado Marcel van Hattem (Novo-SP), líder do partido na Câmara, afirmou que a troca de ministro não vai estancar a crise do governo. “Carlos Lupi caiu, mas isso está longe de encerrar o caso. O ex-ministro soube das fraudes muito antes de qualquer providência ser tomada e nada fez. O resultado foi um esquema bilionário que atingiu justamente os mais vulneráveis do INSS”, disse. “A omissão do governo é inaceitável. Vamos seguir exigindo a instalação imediata da CPI do roubo dos aposentados para investigar esse escândalo hediondo e responsabilizar todos os envolvidos, inclusive, o presidente da República, que até o último minuto tentou poupar Lupi”, acrescentou.

Defesa

Nas redes sociais, Lupi escreveu que seu nome não está entre os investigados no escândalo e disse que vai continuar colaborando com o governo. “Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, postou. “Continuarei acompanhando de perto e colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente.”

Ante o escândalo do INSS e da resistência de Lupi em demitir o então presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto, a estratégia do governo foi fazer uma espécie de intervenção no órgão, indicando Gilberto Waller Júnior para o cargo, sem dar a Lupi a chance de apontar outro nome. Waller Jr. atuava na Advocacia-Geral da União (AGU) e foi sugerido pelo chefe da pasta, ministro Jorge Messias.

Publicamente, o discurso do governo era que Lupi só seria demitido caso houvesse uma acusação formal contra o ministro. Porém, nos bastidores, outros auxiliares de Lula admitiam que a permanência do pedetista estava se tornando insustentável.

Imagem

O advogado e analista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, afirmou que, independentemente de ficar ou não o secretário executivo no comando do Ministério da Previdência, o tema vai continuar a incomodar o governo, porque “já causou dano à imagem”. “A saída de Lupi melhora um pouco, mas o tema terá de sumir das páginas para deixar de pesar na imagem do governo”, destacou.

O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, ressaltou que “provavelmente não vai ser possível” estancar a crime, mas, com a saída de Lupi, o governo, “mas ao menos tenta tirar um pouco a temperatura da crise”.

Na avaliação do economista e consultor Julio Hegedus, o desgaste do PT com mais um escândalo de corrupção é “irreversível”, e a governabilidade de Lula até as eleições pode ficar ainda mais comprometida por conta dessa nova crise política.

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Escrito por
Jeová Rodrigues

Jornalista

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