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Mercado financeiro espera alta da Selic para 14,75% ao ano

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Apostas convergem em elevação na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 14,25% anuais, de 0,50 ponto percentual na reunião do Copom. Dúvidas ficam sobre o comunicado e o fim do ciclo, pois é esperado mais um aumento em junho

A semana começa com a expectativa das reuniões dos comitês de política monetária dos bancos centrais do Brasil, o Copom, e dos Estados Unidos, o Fomc, hoje e amanhã. Com isso, mais uma “super quarta” de decisões do mercado financeiro. Por aqui, o ciclo de aperto monetário, iniciado pelo BC brasileiro em setembro de 2024, segue para a 6ª alta consecutiva na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 14,25% ao ano. E ainda há a perspectiva de um de novo aumento em junho.

As apostas convergiram para uma alta de 0,50 ponto percentual, no segundo dia de reunião do Copom, na quarta-feira, para 14,75%. Esse consenso é reflexo da revisão para baixo das estimativas de inflação divulgadas, ontem, no boletim Focus, do Banco Central — com redução na mediana das apostas da Selic no fim do ano de 15% para 14,75% anuais.

O ritmo desse aumento representa a metade do tamanho do aperto monetário da reunião anterior do Copom, de 1,00 ponto percentual. Na ocasião, o comunicado do BC informou que a decisão era “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante” e sinalizou uma nova alta de menor magnitude na reunião seguinte.

Analistas reconhecem que, devido ao cenário ainda incerto e a inflação seguindo acima do teto da meta, de 4,50%, neste ano e no próximo, o Copom poderá, pelo menos, aplicar mais uma alta nos juros na reunião de junho, devido ao cenário ainda incerto e preocupante do ponto de vista para a política monetária.

Por conta disso, as atenções estarão voltadas para o comunicado do Copom, que é divulgado logo após o término da reunião e que pode dar alguma sinalização futura, o chamado “forward guidance”, dos rumos da política monetária. “A sinalização do Banco Central deve de manter o forward guidance, então, vão subir a taxa de juros em maio 0,50 ponto percentual. Na semana passada, o mercado ainda estava discutindo o ritmo”, afirmou Roberto Padovani, economista-chfe do Banco BV. Ele acrescentou que esse ritmo “é compatível com o que o Copom sinalizou na reunião anterior”.

Padovani ainda destacou que outro debate no mercado é a comunicação e se haverá uma sinalização para junho. “Na nossa cabeça esperamos uma nova alta de 0,50 ponto percentual pelas mesmas razões de agora. A economia brasileira continua forte, a inflação está acelerando e sem convergência para a meta”, frisou.

ECO-Copom selic3Aperto monetário(foto: Valdo Virgo)

Expectativas

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, também aposta que a alta da taxa Selic no Copom desta semana será de 0,50 ponto percentual e reconhece que ainda está certo de que o ciclo de aperto monetário termina nesta reunião. “Não está claro se o Copom vai parar de aumentar os juros agora. Acho que, talvez, tenha espaço para uma última (queda), de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual, com o ciclo terminando com os juros entre 15% e 15,25% ao ano”, afirmou.

O economista da MB reconheceu que é possível que o Copom comece a reduzir a taxa Selic no fim de 2025. Segundo ele, não haverá espaço para quedas fortes nos juros no próximo ano, quando haverá eleições presidenciais. “2026 será um ano difícil do ponto de vista de inflação, porque a economia vai continuar crescendo, mas 2027 terá um cenário muito difícil pela frente. Por isso, a queda de juros não vai ser tão forte e a Selic vai ficar um pouco abaixo de 14% ao ano ao longo de 2026”, afirmou Vale.

O economista Arnaldo Lima, relações institucionais da Polo Capital, reforçou as apostas de alta de 0,50 ponto percentual nos juros básicos, no Copom desta semana, e não descarta aumento de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião, em junho, “como forma de o BC reafirmar o compromisso com a ancoragem das expectativas de inflação”.

“Ainda que haja sinais iniciais de desaceleração na atividade, estes são incipientes e insuficientes para justificar uma mudança de postura, exigindo, portanto, a manutenção de uma política monetária contracionista”, acrescentou Lima.

Ao justificar as apostas de aumentos de 0,50 ponto percentual nas reuniões do Copom desta semana e na de junho, Rafael Cardoso, economista-chefe do Departamento de Pesquisa do Banco Daycoval, ressaltou que as expectativas de inflação se acomodaram, “mas permanecem desancoradas”. “Houve queda importante dos preços das commodities em reais, puxada pelo receio de desaceleração global maior do que o esperado. Esse último fator tem potencial baixista para a inflação, mas a composição da inflação corrente permaneceu ruim com os serviços subjacentes em patamar elevado”, alertou ele, destacando que, desde o último Comitê, “houve elevação expressiva da incerteza em função do quadro de guerra comercial”.

Cardoso prevê a Selic chegando a 15,25% ao ano, no próximo mês, mantendo esse patamar até o fim do ano. “Dado o cenário externo com potencial impacto baixista para a inflação doméstica, adotamos viés de baixa na nossa previsão de Selic no fim do ciclo. O retorno dos cortes de juros só deve ocorrer em 2026”, disse.

Estabilidade nos EUA

Enquanto, no Brasil, é esperada nova alta dos juros, nos EUA, as apostas do mercado financeiro são de que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) vai manter o intervalo da taxa básica entre 4,25% e 4,50% ao ano.

Lima, da Polo, recordou que devido aos dados de emprego nos EUA, divulgados na sexta-feira, acima das previsões com a criação de 177 mil vagas, “o espaço para cortes imediatos foi reduzido”.

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Escrito por
Jeová Rodrigues

Jornalista

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