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“Vamos desarmar as palavras”, pede Leão XIV

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Recebido com aplausos no primeiro encontro com a imprensa, o papa ressaltou a importância da mídia e pediu a soltura dos jornalistas aprisionados por “buscarem relatar a verdade”

Cidade do Vaticano — Assim que o papa Leão XIV entrou na Sala Paulo VI, na Cidade do Vaticano, os jornalistas o receberam, de pé, com uma salva de palmas. Robert Francis Prevost reagiu com humildade. Acenava várias vezes para os repórteres e esboçava leve sorriso. Logo demonstrou bom humor. “Obrigado por essa recepção maravilhosa. Dizem que quando os aplausos são no começo, não importa muito. Se estiverem acordados no fim e, ainda assim, quiserem aplaudir, muito obrigado “, declarou o pontífice, em inglês, antes de prosseguir no idioma italiano. Além de reconhecer a importância do jornalismo, Leão XIV fez um apelo aos repórteres. “Vamos desarmar as palavras e ajudarmos a desarmar o mundo. A comunicação desarmada e que desarma nos permite partilhar uma visão diferente do mundo e agir de modo consistente com nossa dignidade humana”, disse.

De acordo com o líder de 1,4 bilhão de católicos no mundo, “a paz começa com cada um de nós: no modo com que olhamos para os outros, escutamos os outros e falamos sobre os outros”. “Nesse sentido, o mundo como nos comunicamos é de fundamental importância: nós devemos dizer ‘não’ à guerra de palavras e de imagens, devemos rejeitar o paradigma da guerra. Permitam-me reiterar a solidariedade para com jornalistas que estão aprisionados por buscarem relatar a verdade. Com essas palavras, também peço a libertação deles”, afirmou, ao arrancar, novamente, palmas da plateia.

De acordo com a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), havia quase 550 jornalistas presos no mundo em 1º de dezembro de 2024. Naquela mesma data, outros 55 que estavam sequestrados. A entidade saudou o “gesto forte enviado aos profissionais da informação do mundo todo”. Além disso, pediu ao pontífice que “continue sua declaração por meio de ações concretas em apoio ao direito à informação” e “apoie os jornalistas presos injustamente”.

Leão XIV admitiu reconhecer nos jornalistas que reportam guerras a coragem daqueles que defendem dignidade, justiça do direito das pessoas de serem informadas. “Apenas indivíduos informados podem fazer escolhas livres. O sofrimento dos jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, convocando todos nós a salvaguardar o precioso dom da liberdade de expressão e de imprensa”, observou.

Especialista em Vaticano e doutor em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana (em Roma), Filipe Domingues considera que o pedido do papa para a libertação de jornalistas presos foi uma mensagem forte. “É um reconhecimento da busca pela verdade, algo que a religião e a comunicação têm em comum. A tentativa de buscar a verdade, cada um com seus meios e seus instrumentos”, disse ao Correio. O especialista não vê o jornalismo de religião como contradição. “O papa agradeceu pela cobertura do conclave, mas tocou nessas nuances, nesses pontos. Achei bem interessante.”

“Torre de Babel”

Em mais uma prova de que está atualizado com os temas da modernidade, o papa reconheceu que “um dos desafios mais importantes é promover a comunicação que possa nos tirar da ‘Torre de Babel’ que, por vezes, nos encontramos, da confusão de línguas sem amor, frequentemente ideológicas ou partidárias”. “Portanto, o seu trabalho, com as palavras que você usa e o estilo que você adota, é crucial”, lembrou. Leão XIV reforçou que a comunicação não é apenas transmissão de informação, mas também criação de ambientes culturais, humanos e digitais que se tornam espaços para diálogo e debate.

No discurso aos jornalistas, o pontífice citou ainda a inteligência artificial. Segundo Leão XIV, apesar de seu imenso potencial, ela exige responsabilidade e discernimento para garantir que seja usada para o bem de todos. Ao fim do pronunciamento, o papa cumprimentou todos os jornalistas da primeira fileira. Uma mulher chegou a presenteá-lo com uma pashmina. Ele pegou o tecido, colocou-o em volta do pescoço e permitiu-se fazer uma selfie com ela, em meio a sorrisos. Quando saiu da Sala Paulo VI, fez questão de passar pelo corredor central, apertando a mão de vários repórteres.

Pouco a pouco, o mundo descobre um pouco mais  sobre o sucessor do papa Francisco. Eleito na quinta-feira da semana passada, o novo papa — nascido nos Estados Unidos e naturalizado peruano após anos de vida missionária no país da América do Sul — vem revelando algumas linhas de seu pontificado. No último sábado, em encontro com cardeais, ele explicou ter escolhido seu nome em homenagem ao compromisso social de Leão XIII (1878-1903).

Ucrânia

Ontem, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou ter convidado o 267º pontífice da Igreja a visitar seu país, durante uma primeira conversa telefônica, que ele considerou “calorosa” e “construtiva”. Um dia antes, em sua primeira bênção dominical, Leão XIV pediu ao mundo que evite o “cenário dramático” de uma terceira guerra mundial e fez um apelo à paz na Ucrânia e em Gaza, na mesma linha de seu antecessor. “Dirijo-me também aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre presente: Guerra nunca mais!”, disse depois da oração. 

A agenda de Leão XIV a semana inclui a recepção ao corpo diplomático, na próxima sexta-feira, às vésperas da missa de entronização na Praça de São Pedro, diante de líderes mundiais. Durante a celebração do próximo domingo, ele receberá os símbolos do poder papal, da imposição do pálio até a entrega do anel do pescador, que já foi utilizado para selar documentos.

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Escrito por
Jeová Rodrigues

Jornalista

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