Com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram e contratos milionários com empresas de apostas online, influenciadora é considerada peça-chave para entender a estratégia de comunicação dessas empresas, que têm usado figuras populares da internet para atrair novos apostadores
A influenciadora digital Virgínia Fonseca será ouvida nesta terça-feira (13/05), às 11h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado.
A comissão investiga a influência das plataformas de apostas no orçamento das famílias brasileiras e suas eventuais conexões com crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram e contratos milionários com empresas de apostas online, Virgínia é considerada peça-chave para entender a estratégia de comunicação dessas empresas, que têm usado figuras populares da internet para atrair novos apostadores — especialmente jovens.
A convocação da influenciadora foi feita em novembro de 2024 pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Segundo a parlamentar, a presença de Virgínia é necessária pela popularidade e relevância da apresentadora no mercado digital, onde influencia milhões de seguidores em diversas plataformas.
“Como uma das maiores personalidades da internet no Brasil, Virgínia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas on-line”, diz a deputada no requerimento.
A CPI quer esclarecer ainda possíveis conflitos éticos e a necessidade de regulamentação adequada para o setor.
Nesta quinta, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a influenciadora Virgínia Fonseca a ficar em silêncio em seu depoimento.
Ele ainda autorizou que Virginia esteja acompanhada por um advogado durante todo o depoimento. O ministro, entretanto, vedou o silêncio em relação a perguntas sobre os demais investigados.
Em seu despacho, Mendes ainda reforçou que a influenciadora tem o direito de ser “inquirida com dignidade, urbanidade e respeito, vedada sua submissão a quaisquer constrangimentos físicos ou morais, em especial ameaças de prisão ou de processo, caso exerça os direitos acima explicitados”.
Quem é Virgínia
Virgínia Fonseca tem 26 anos e nasceu em Danbury, Connecticut, nos Estados Unidos. Filha de brasileiros, passou a maior parte da vida no Brasil e cresceu em Governador Valadares (MG), onde morou até o início da juventude.
Virgínia começou a se destacar nas redes sociais em 2016, aos 17 anos, com vídeos no YouTube sobre maquiagem, cotidiano e humor, que misturavam desafios, vlogs e tags populares entre influenciadores da época.
Em 2020, ela assumiu um namoro com o cantor sertanejo Zé Felipe, filho do cantor Leonardo. O casal, que costuma compartilhar a rotina com os filhos Maria Alice, Maria Flor e José Leonardo nas redes sociais, se tornou uma potência nas redes e no mercado publicitário.

Além da vida familiar exposta em vídeos e postagens — que mesclam maternidade e ostentação — Virgínia também se estabeleceu como empresária.
Ela é fundadora da WePink, marca de cosméticos que se tornou fenômeno de vendas com campanhas protagonizadas por ela mesma e associadas à sua imagem. A empresa faturou R$ 325 milhões em 2023, segundo a revista Forbes Brasil, que a colocou na lista “Under 30”.
A influenciadora ainda expandiu sua atuação para outros segmentos, como a criação da Maria’s Baby (marca voltada ao público infantil) e a agência Talismã Digital.
Com essas frentes e uma das brasileiras mais seguidas na internet, Virgínia se tornou um dos rostos mais valiosos da publicidade digital no Brasil.
Em 2024, passou a ser apresentadora de televisão, comandando o programa Sabadou com Virgínia, exibido nas noites de sábado no SBT.
Apesar do alcance, sua imagem pública é marcada por controvérsias. Já foi criticada por comentários considerados insensíveis, excesso de publicidade em suas redes e falta de clareza em postagens patrocinadas.
‘Cachê da desgraça alheia’
A convocação da influenciadora à CPI ganhou força após uma reportagem da revista Piauí, publicada em janeiro deste ano, revelar os termos do contrato entre Virgínia e a plataforma Esportes da Sorte.
Segundo o texto, ela teria recebido um adiantamento de R$ 50 milhões em dezembro de 2022 e ganharia 30% de tudo o que os apostadores perdessem ao acessarem o site por meio de seu link — modalidade informalmente batizada por profissionais do setor como “cachê da desgraça alheia”.
Na prática, se um seguidor perdesse R$ 100 em uma aposta, R$ 30 iriam para Virgínia. O primeiro anúncio da influenciadora para a empresa foi veiculado em janeiro de 2023, por meio de um story no qual ela fazia uma aposta. Segundo a reportagem, a ação atraiu 120 mil novos usuários à plataforma.
Pouco tempo depois, Virgínia encerrou a parceria com a Esportes da Sorte e assinou um novo contrato com a Blaze, no valor de R$ 29 milhões por ano, mantendo o modelo de remuneração baseado nas perdas dos apostadores.
A estratégia de utilizar personalidades de alcance massivo para atrair jogadores não é exclusiva de Virgínia.
A mesma reportagem cita valores recebidos por outras celebridades, como Gkay (R$ 1,4 milhão por mês da Esportes da Sorte), Carlinhos Maia (R$ 40 milhões anuais da Blaze) e Cauã Reymond (R$ 22 milhões da Bateu Bet). Por outro lado, nomes como Ivete Sangalo e Taís Araújo teriam recusado propostas milionárias para promover esse tipo de serviço.
O que a CPI quer saber
Durante o depoimento, Virgínia deverá responder a perguntas sobre os contratos que firmou com empresas de apostas, os critérios usados para divulgar essas marcas e o impacto de sua influência no comportamento dos seguidores.
O depoimento de Virgínia é obrigatório, já que sua convocação foi aprovada formalmente pela CPI. A influenciadora chegou nesta quinta (12/05) em Brasília e confirmou sua presença.
Virgínia Fonseca não é a única figura do meio digital chamada pela CPI das Bets. A comissão também convocou o ex-BBB Felipe Prior, citado em reportagens por ter contrato com a empresa Betsat, que prevê o pagamento de 15% sobre as perdas dos apostadores que se cadastrarem a partir de seus links.
Além disso, os senadores solicitaram ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) relatórios sobre operações financeiras suspeitas envolvendo diversos influenciadores, incluindo a advogada Deolane Bezerra.
Ela foi presa em setembro do ano passado em operação da Polícia Civil de Pernambuco, suspeita de envolvimento com apostas ilegais e lavagem de dinheiro. Em seguida, a advogada foi solta após decisão do TJPE que acatou pedido de habeas corpus encaminhado pela defesa de Deolane Bezerra.

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