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Direitos dos animais, uma causa da esquerda

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Um grupo de amigos e militantes políticos de partidos de esquerda do Distrito Federal se reuniram para um almoço vegetariano na casa do empresário Marcos para discutir sobre políticas públicas sobre os direitos dos animais.

O encontro contou com a participação ex-governador do DF, Agnelo Queiroz; do deputado distrital Chico Vigilante; do ex-deputado federal Geraldo Magela; de Vanessa 1ª Suplente do PT; de militante Dirceu; do jornalista Jeová Rodrigues; além de outros militantes que atuam na causa pelos direitos dos animais.

Segue abaixo um resumo do que foi discutido no almoço.

A ciência já há muito nos tem vindo a demonstrar que muitos animais, incluindo todos os animais vertebrados, são sencientes, ou seja, são seres complexos que sentem prazer e sofrimento e têm necessidades mais ou menos complexas para ter uma boa vida.

Se por um lado percebemos que os animais têm determinadas necessidades que têm de se satisfazer para que possam demonstrar padrões de comportamento normais, por outro, ainda há um longo caminho a percorrer para resolver as incoerências entre o conhecimento e a forma desmedida como provocamos sofrimento aos animais. No entretenimento, na alimentação, no vestuário e na investigação, poucos são os exemplos de sociedades que já implementaram medidas eficazes para melhorar a situação e o tratamento dado aos animais explorados por estas indústrias. Também a indústria da criação de animais de companhia tem sido descurada no que concerne a proteção dos interesses desses animais.

Há quem defenda que a forma como tratamos os animais não humanos é uma opção individual. É com certeza uma opção individual a imposição do explorador de animais sobre as suas vítimas, tal como é uma opção individual seguir uma filosofia de vida que rejeite a exploração animal, como o veganismo. Mas a condenação dos maus tratos aos animais e a defesa dos seus direitos e interesses é uma luta social e política, como foram e são as lutas pela erradicação da escravatura, do racismo e do sexismo.

Note-se que, embora a exploração de animais continue por todo o mundo, a pressão dos movimentos cívicos tem feito com que a União Europeia tenha já agido neste domínio. Consequentemente, temos hoje várias diretivas dirigidas a melhorar o bem-estar das galinhas criadas em gaiolas, abolir a utilização de animais em testes de novos produtos da indústria cosmética e reduzir o número de animais utilizados na investigação científica. Há, no entanto, falhas na implementação destas diretivas em alguns países da união, nomeadamente em Portugal.

Mas há muito mais a fazer ao nível político para melhorar a forma como tratamos os animais.

A luta contra a utilização de animais no entretenimento já está há alguns anos na arena política portuguesa e precisa de continuar para que se acabe de vez com a exploração de animais nos circos, nas touradas, nas garraiadas e em tantos outros espetáculos falsamente rotulados como culturais. Também a nível de jardins zoológicos, oceanários e “zoomarines” é necessária uma intervenção firme para garantir que não são negócios desrespeitadores das necessidades dos animais e dos princípios de conservação da natureza.

Quanto aos animais de companhia, apesar de todas as campanhas contra o abandono de animais, pela melhoria das condições nos canis e pela esterilização de animais errantes, continua a não haver uma política nacional neste domínio.

Para além de campanhas de sensibilização para o não abandono de animais de companhia, são necessárias políticas que visem responsabilizar as pessoas pelos animais que adotam. Já se tornou obrigatória a identificação de todos os animais e dos seus adotantes mas ainda não existe uma fiscalização das adoções ou uma inspeção regular de criações de animais de companhia com fins comerciais.

Igualmente essencial é uma intervenção nos canis municipais, que não têm condições para manter os animais que resgatam das ruas. Muitos dos animais errantes acabam por morrer em acidentes ou de doenças e a sorte dos que são capturados pelos canis não é muito melhor. Para reverter esta situação, é necessário transformar os canis em santuários para animais errantes, geridos em parceria com associações de defesa dos animais e onde se aposta na esterilização em detrimento do abate.

A evolução humana prende-se com a evolução da forma como tratamos o outro. Aquele sobre o qual temos poder. A nossa evolução prende-se com o repensar a nossa posição no mundo, na vida, e na nossa posição em relação ao outro que tocamos com a nossa existência. Por isso, o movimento pelos direitos dos animais é mais uma cor no arco-íris das nossas causas, tal como todos os movimentos pelos direitos humanos.

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Jornalista

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