Dirceu volta ao Congresso 18 anos após cassação e discursa em ato pró-democracia
Senado realizou uma sessão solene para celebrar a redemocratização do Brasil após o fim do regime militar, que contou com a presença do ex-deputado, cassado em dezembro de 2005
O Senado Federal realizou, nesta terça-feira (2/4), uma sessão solene para celebrar a democracia brasileira. O ato foi solicitado pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), e remete ao dia 2 de abril de 1964, quando o Congresso Nacional declarou vago o cargo de presidente do país, até então ocupado por João Goulart. Na ocasião, o ex-deputado José Dirceu voltou ao Congresso mais de 18 anos depois de ser cassado e discursou no Plenário.
“Eu, quando recebi o convite do Senador Randolfe, quase não aceitei, porque, desde a madrugada de 1º de dezembro de 2005, quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional, mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, declarou Dirceu.
Quatro anos após o início da Ditadura Militar, Dirceu foi preso, em 1968, durante a tentativa de realização do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), viveu em exílio e passou um período na clandestinidade até receber anistia em 1979 e, em 1984, foi um principais coordenadores do movimento Diretas Já, que retomou a redemocratização no país.
Dirceu foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atuou como ministro da Casa Civil. O ex-parlamentar teve o cargo de deputado federal cassado por quebra de decoro parlamentar, após acusações de corrupção por envolvimento no esquema do Mensalão.
Mais de 18 anos depois de perder o mandato como deputado e ser forçado a pedir demissão da Casa Civil, em decorrência dos escândalos de corrupção, Dirceu voltou ao Congresso e defendeu o governo Lula, de quem é próximo, além de criticar a extrema-direita. “O nosso povo resiste, luta, e, se temos democracia, é por isso. Porque, como a extrema-direita e o conservadorismo cresceram no mundo todo, inclusive na América do Sul, é preciso recolocar que a luta é que faz a lei, a luta política, a luta social. Esse é o nosso papel. Por isso que nós relembramos 1964”, disse.
“O nosso povo não parou de lutar: cinco vezes elegeu o Lula, a Dilma Presidentes da República e elegeria o Haddad, se o Lula não tivesse sofrido um processo político de exceção, sumário e que o levou à prisão, o Brasil teria sido governado, já em 2018, por um Governo democrático, no mínimo, nas condições hoje de que um país como o Brasil necessita”, opinou.
Com informações do Correio Braziliense
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