Hospital Veterinário Público enfrenta problemas devido à alta demanda
O Hospital Veterinário Público do Distrito Federal (HVep) tem dificuldades de infraestrutura e limitações clínicas para atender os animais de estimação da capital federal. A avaliação é de entidades públicas, de cidadãos e da própria instituição, conforme o Correio apurou. Numa região com quase 2 milhões de pets — uma para cada duas pessoas que moram em uma área com 3,8 milhões de habitantes, segundo dados oficiais — muitos bichinhos ficam sem atendimento na instituição.
Uma média de 150 pacientes conseguem ser recebidos, diariamente, no hospital. Pessoas envolvidas na defesa desses seres e tutores que puderam marcar consultas consideram que o estabelecimento faz um bom trabalho. Porém, mesmo entre os que obtiveram socorro, há quem indique problemas e manifeste insatisfação. Divergências à parte, muitos concordam que esse centro médico precisa melhorar e ampliar sua atuação.
Entre os aprimoramentos que brasilienses gostariam de ver no hospital — vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção do Animal (Sema) — está a ampliação das espécies atendidas. Atualmente somente cães e gatos podem se consultar. A subsecretária substituta de Proteção Animal da Sema, Geisa Maria Cabral, explicou que, por questões práticas e estatísticas, a instituição acabou optando pela dupla mais popular entre os que querem um amigo não-humano em casa. Quanto a coelhos, peixes, anfíbios e pássaros, por exemplo, de acordo com ela, são necessários profissionais especializados, assim como vacinas, equipamentos, instalações e tratamentos específicos.
Dentro de suas possibilidades, 110 funcionários, sendo 60 médicos veterinários — anestesistas, cirurgiões, clínicos, ortopedistas, patologistas, ultrassonografistas, entre outros — fazem o atendimento. A eles se juntam o pessoal da área administrativa, auxiliares clínicos e laboratoriais para levar à frente a proposta de cuidar da saúde dos parceiros de quem não tem condições de pagar por serviços privados.
A subsecretária de Proteção Animal, Edilene Dias, listou os problemas mais comuns que chegam ao HVep: atropelamentos, endometrioses, enfermidades infectocontagiosas (como a erliquiose, a chamada doença do carrapato), e cânceres. Algumas dessas situações acabam levando a cirurgias e internações, situações que trazem novos desafios aos usuários.
Mesmo focando-se em caninos e felinos domésticos, a unidade — inaugurada em 2018 — registra falhas na continuidade do que precisa ser realizado, depois de serem diagnosticadas complicações nos pets. Raios-X e ultrassons, por exemplo, só conseguem ser marcados meses após o primeiro atendimento, o que compromete a recuperação adequada das mascotes. A constatação é da comissão de Direitos Animais e Ambientais da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF), que tem como vice-presidente Ana Paula Vasconcelos.
Obstáculos
A demora para marcar exames, explicou a advogada, é consequência da alta procura pelo único hospital veterinário público da capital federal e do Entorno. De ambos os lugares, vem uma demanda que não é amparada por uma abrangência de horários para consultas (24horas) e nem dos prazos de que necessitaria. E, na avaliação dela, embora conte com profissionais capacitados para realizar cirurgias, a instituição não as oferece na quantidade que deveria, pois só conta com dois centros para essa finalidade. De acordo com a Sema, são realizadas três, diariamente, de segunda a sexta-feira. Além disso, conforme a pasta revelou, mesmo tendo especialistas, operações ortopédicas mais delicadas não são realizadas por falta de condições específicas para essas intervenções.
Outro problema são as internações, que são oferecidas, porém, com restrições. De segunda a sexta-feira, o animal pode ficar das 8h às 17h, não mais que essas 9 horas e sempre acompanhado pelo tutor para evitar abandonos. Após esse período, ambos devem retirar-se. Se o caso for grave, e exigir permanência maior, está prevista prorrogação. Só que ela não pode passar de 24 horas, prazo em que o amigo humano deverá ficar junto ao seu parceiro. E há, ainda, mais um complicador: a capacidade máxima para essas hospitalizações. Independentemente do tempo de duração, são para não mais que cinco cães e cinco gatos.
A subsecretária substituta da Sema disse haver planos para encarar a alta demanda por atendimentos e a demora para a realização de exames. Pensa-se na contratação de mais funcionários, mas, para isso, deve haver algumas negociações e disponibilização de recursos. É que o HVep, mesmo pertencendo ao governo local, tem em sua gestão a coparticipação da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa). Trata-se de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) filantrópica, que atua em prol do interesse público. Até o momento, não há previsão de quando poderia se iniciar um possível processo para ter mais pessoas na equipe do hospital.
Geisa contou que, nos últimos anos, houve investimentos para resolver as dificuldades. Em meados de 2022, começaram os serviços de cardiologia, dermatologia, oftalmologia e oncologia. Isso ajudou a chegar à media diária de atendimentos atual. Antes eram cem. Outra conquista foi que, desde 2020, uma unidade móvel do HVep percorre regiões administrativa (RAs). No veículo, que passa alguns meses por RAs escolhida de acordo com a estatística de pedidos por tratamentos veterinários, profissionais oferecem esses serviços. Isso ajuda a diminuir um pouco a sobrecarga que a sede enfrenta. Mas, a própria Sema admitiu que o ideal seria ter unidades permanentes em mais pontos do DF.
Prós e contras
Miriam Muniz, 58 anos, reclamou haver sido atendida por um veterinário, apressadamente e, por isso, a experiência dela não foi das melhores. Seu cão estava urinando sangue. “O veterinário deu apenas uma breve examinada na boca do meu cachorro. Não passou medicamentos ou orientações. Disse que o caso não era grave e pediu que eu retornasse pela manhã do dia seguinte. Mas, nesse horário do dia, o HVep é um caos. As fichas para consultas acabam rapidamente”.
Patrícia Vasconcelos, 36, também se mostrou insatisfeita com as limitações. “Tive que ir a um hospital particular para terminar o diagnóstico e receber mais orientações sobre o estado de saúde de minha cachorra. Em hospital público é difícil. A gente tem que chegar bem cedo para ver se tem vaga, e raramente encontra”, reclamou.
Em nota, a Associação Protetora de Animais no DF (ProAnima) disse não haver recebido reclamações contra o HVep. A organização ainda citou a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (Pdad), na qual 80% dos tutores aprovam o serviço.
Entre elas está Lucas de Oliveira, 24 — um dos 49,6% dos moradores no DF com pelo menos um animal de estimação, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios. “O meu gato estava debilitado. O médico fez os exames e está resolvendo o problema dele. Já vejo uma melhora. Eu trouxe meu outro cão aqui, outro dia. É um lugar do qual gosto muito”, afirmou.
Thais Santos, 29, marcou uma consulta on-line, chegou uma hora antes do previsto e aprovou o serviço. “Meu cachorro está com um nódulo na pata e, rapidamente, foi atendido”, contou a tutora.
Serviço
HVep
Endereço:
QNF, Parque Lago do
Cortado, Taguatinga
Telefone: (61) 99938-5316
Atendimento: de 8h às 16h
Com informações do Correio Braziliense
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