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A mensagem por trás do ousado ataque da Ucrânia à Rússia

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Para analista da BBC, ataque ucraniano é um recado de que o país não se considera derrotado na guerra contra a Rússia.

É difícil não se espantar com a audácia — ou engenhosidade — do ataque da Ucrânia à força aérea russa no último fim de semana.

Ucrânia afirma ter concluído seu maior ataque de longo alcance da guerra com a Rússia no domingo (1/6), após usar drones contrabandeados para lançar uma série de grandes ataques contra 40 aviões de guerra russos em quatro bases militares.

presidente Volodymyr Zelensky afirmou que 117 drones foram usados ??na chamada operação “Teia de Aranha” pelo serviço de segurança do SBU, atingindo “34% dos porta-mísseis de cruzeiro estratégicos [da Rússia]”. Fontes do SBU disseram à BBC News que os ataques foram organizados ao longo de um ano e meio.

A Rússia confirmou os ataques ucranianos em cinco regiões — e disse se tratar de um “ato terrorista”.

Os ataques ocorrem no momento em que negociadores russos e ucranianos se reúnem em Istambul, na Turquia, para uma segunda rodada de negociações de paz nesta segunda-feira (2/6).

A BBC não conseguiu verificar as alegações ucranianas de que os ataques resultaram em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 40 bi) em danos, mas está claro que a “Operação Teia de Aranha” foi, no mínimo, um golpe de propaganda espetacular.

Os ucranianos já estão comparando esse ataque a outros sucessos militares notáveis desde a invasão da Rússia, incluindo o naufrágio do navio-almirante da frota russa do Mar Negro, o Moskva, e o bombardeio da Ponte Kerch, ambos em 2022, além de um ataque de mísseis ao porto de Sebastopol no ano seguinte.

A julgar pelos detalhes vazados para a imprensa pela inteligência militar da Ucrânia, a SBU, a mais recente operação é um dos golpes mais elaborados preparados até agora.

Em uma operação que supostamente levou 18 meses para ser preparada, dezenas de pequenos drones foram contrabandeados para a Rússia, armazenados em compartimentos especiais a bordo de caminhões de carga, levados para pelo menos quatro locais diferentes, a milhares de quilômetros de distância, e lançados remotamente em direção a bases aéreas próximas.

“Nenhuma operação de inteligência no mundo fez algo parecido antes”, disse o analista de defesa Serhii Kuzan à TV ucraniana.

“Os bombardeiros russos são capazes de lançar ataques de longo alcance contra nós”, disse ele. “São apenas 120, e nós atingimos 40. É um número inacreditável.”

Fumaça sobe sobre a área após o que as autoridades locais chamaram de ataque de drone contra uma unidade militar na vila de Sredny, na Rússia
O governador de Irkutsk (Rússia) publicou um vídeo mostrando as consequências do ataque de drones

É difícil avaliar os danos de forma independente.

O blogueiro militar ucraniano Oleksandr Kovalenko diz que mesmo que os bombardeiros e as aeronaves de comando da Rússia não tenham sido totalmente destruídos, o impacto da operação foi enorme.

“A extensão dos danos é tamanha que o complexo militar-industrial russo, em seu estado atual, dificilmente conseguirá restaurá-los em um futuro próximo”, escreveu o analista em seu canal no Telegram.

Os bombardeiros portadores de mísseis — o Tu-95, o Tu-22 e o Tu-160, — segundo ele, não estão mais em produção. Consertá-los será difícil e substituí-los, impossível.

A perda do supersônico Tu-160, ele disse, seria sentida em especial.

Além dos danos físicos — que não puderam ser analisados de forma independente — a Operação Teia de Aranha envia outro recado não apenas para a Rússia, mas também para os aliados ocidentais da Ucrânia.

O jornalista Svyatoslav Khomenko, do Serviço Ucraniano da BBC, relembra um encontro recente com um funcionário do governo em Kiev. Esse funcionário estava frustrado.

“O maior problema”, disse o oficial a Svyatoslav, “é que os americanos se convenceram de que já perdemos a guerra. E dessa suposição decorre todo o resto.”

Já o jornalista de defesa ucraniano Illia Ponomarenko fez uma referência direta ao infame encontro do presidente Volodymyr Zelensky no Salão Oval da Casa Branca com Donald Trump.

“É o que acontece quando uma nação orgulhosa sob ataque não dá ouvidos a coisas como: ‘A Ucrânia tem apenas seis meses restantes’. ‘Vocês não têm cartas para jogar’. ‘Apenas se rendam pela paz, a Rússia não vai perder’.”

Ainda mais conciso foi um tuíte do jornal trimestral Business Ukraine, que orgulhosamente proclamou: “A Ucrânia tem algumas cartas, afinal. Hoje Zelensky mostrou seu Rei de Drones.”

O recado que os delegados ucranianos levam a Istambul para uma nova rodada de negociações de cessar-fogo com representantes do Kremlin é: a Ucrânia ainda está na luta.

Os americanos “começam a agir como se seu papel fosse negociar para nós os termos de rendição mais brandos possíveis”, disse o funcionário do governo a Svyatoslav Khomenko.

“E então eles se ofendem quando não agradecemos. Mas é claro que não agradecemos, porque não acreditamos que fomos derrotados.”

Apesar do avanço lento e inexorável da Rússia pelos campos de batalha de Donbass, a Ucrânia está dizendo à Rússia e ao governo Trump para não descartarem Kiev tão facilmente.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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