Lula garante que MST não invade terra “faz muito tempo”
Para presidente, preocupação de produtores tem de ser com bancos, que tomam propriedades ao cobrar dívidas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou acenar, nesta segunda-feira, tanto para o agronegócio quanto para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Disse que os produtores precisam se preocupar com os bancos, que tomam terras ao cobrar os Títulos da Dívida Agrária (TDAs), e não com as ocupações. Também argumentou que “faz muito tempo” que os sem terra não invadem propriedades no campo — o que não é verdade, já que a organização aumentou sua atividade neste governo.
“Esses dias, vi o ministro da Agricultura, companheiro (Carlos) Fávaro, dizer que o agronegócio não deveria ter medo das ocupações dos sem terra, porque quem está tomando terra deles hoje são os bancos, que compram os Títulos da Dívida Agrária deles. E o banco, quando compra um título, é imperdoável. Ele vai em cima e recebe, ou toma a terra”, disse o presidente, em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).
“Ora, faz tempo que sem terra não invade terra neste país. Faz muito tempo. Faz muito tempo que os sem terra fizeram a opção de se transformar em pequenos produtores altamente produtivos. Inclusive, é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e coloca alimento saudável na mesa do trabalhador”, acrescentou.
De fato, o MST lidera, há mais de 10 anos, a produção de arroz orgânico do país, além de uma série de outros alimentos e produtos da agricultura familiar. Porém, o movimento não abandonou a luta pela reforma agrária. Muito pelo contrário. Em abril deste ano, mês em que MST costuma intensificar sua atividade, foram ocupadas 31 propriedades em todo o país. Eles pedem a democratização do acesso à terra e a redestinação de áreas improdutivas, para moradia e agricultura familiar.
Lula também destacou o lançamento do Plano Safra, programado para ocorrer amanhã, no Palácio do Planalto. Serão dois eventos, de acordo com o presidente: pela manhã, com os pequenos e médios proprietários; e à tarde com o agronegócio. “Serão dois grandes programas de financiamento, com juros subsidiados, para que as pessoas possam continuar trabalhando. Temos que levar em conta hoje que o agronegócio é responsável por grande parte da riqueza deste país, e é importante que continue assim”, frisou. “Temos que alimentar um bilhão e 400 milhões de chineses, um bilhão e 400 milhões de indianos, um monte de gente espalhada pelo mundo, e o Brasil tem um potencial agrícola extraordinário.”
Um dos motivos para a rodada de viagens de Lula pelo país, como mostrou o Correio, é fortalecer pré-candidatos para as eleições de outubro. Em Feira de Santana não é diferente. Questionado durante a entrevista, o presidente disse que o postulante Zé Neto (PT) é insistente e tem chances de assumir a prefeitura, que nunca foi comandada pelo partido.
“Vai chegando um momento em que as pessoas começam a falar: nossa, esse cara é teimoso. Ele gosta de brigar. Ele é tinhoso”, respondeu Lula, ao ser questionado pelo candidato. Zé Neto já tentou assumir o município por cinco vezes, mas não foi eleito. Ele é deputado federal pela Bahia e está em seu segundo mandato.
“Acho que o Neto tem chance. Feira de Santana é uma experiência administrativa importante, é uma cidade extraordinariamente grande, com muitos problemas. Ele sabe disso. E fico torcendo para que dê certo, para que ele seja eleito”, emendou o chefe do Executivo.
Ele subiu no palanque pela manhã com Zé Neto em Feira de Santana, onde entregou a duplicação a BR-116 e anunciou investimentos em rodovias. Também assinou contratos do Minha Casa Minha Vida.
Com informações do Correio Braziliense
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