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Em 40 anos, 33% dos habitantes do DF terá mais de 60 anos

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No Distrito Federal, há três unidades públicas e cinco organizações da sociedade civil parceiras do Governo do Distrito Federal que acolhem por até três meses ou pelo restante da vida

A vida em instituições para idosos ainda é cercada de estigmas. A imagem de que os acolhidos foram abandonados nesses locais ou de que se tratam de ambientes esquecidos são alguns deles. No Distrito Federal, há três unidades públicas e cinco organizações da sociedade civil parceiras do Governo do Distrito Federal que acolhem por até três meses ou pelo restante da vida. O foco são pessoas com mais de 60 anos em situação de vulnerabilidade por motivos diversos. “Para acessar os serviços, o cidadão deve se dirigir às unidades de Cras (Centro de Referência de Assistência Social), Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) ou Centro Pop de seu território, os quais farão a devida orientação e encaminhamento”, informou a pasta.
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Na maior parte dos casos, os idosos que moram lá não tinham apoio de conhecidos antes de receberem acolhimento. Aposentada, Angelina Pereira Barbosa, 67 anos, vivia por conta própria desde que se mudou de Mato Grosso do Sul para o DF, há quase 25 anos. Aqui, começou a trabalhar como empregada doméstica e babá, período no qual morava nas casas em que atuava. Após ficar internada durante seis meses em um hospital para tratar uma úlcera na perna, ela aposentou-se por invalidez e recebeu a informação de que poderia morar em uma das instituições brasilienses.
Sem filhos, sem pais e sem contato com os irmãos, Angelina se encaixou no grupo que tem direito ao serviço. “Como não tenho família aqui, me inscreveram no Creas. Falei que não iria (para o lar de idosos), que tinha medo e que preferia morrer. Mas, depois que vim, isso passou. Sou muito querida aqui. Podem me oferecer um apartamento com cobertura e acompanhante que não vou querer. Aqui não me falta nada”, garante.
Além de conviver com outros idosos, ela ocupa os dias com jogos, leituras, escrita e atividades artísticas manuais. Nesse lar, mantido por uma organização filantrópica, Angelina também faz acompanhamento com profissionais como fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga. Apesar disso, ela reconhece que o poder público precisa investir em meios que assegurem um envelhecimento saudável da população. “O atendimento da saúde está defasado. Deveria ter menos burocracia e mais vigilância, com mais acompanhamento e visitas esporádicas de equipes dos postos de saúde às casas de idosos para saber onde eles vivem em situação de violência”, cobra a aposentada.

Políticas públicas

Coordenadora do curso de enfermagem do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e mestre em gerontologia, Valéria Aguiar lembra que as mudanças dependem não só do setor da saúde — com destaque para a atenção básica —, mas também da educação. Ela considera que há duas principais dificuldades nesse sentido: a falta de treinamento das famílias, além da promoção de ações voltadas à educação sobre o envelhecimento e da prevenção de doenças típicas dessa fase. “Familiares diretos ou amigos, na maioria das vezes, não sabem como realizar cuidados específicos para aquela pessoa (idosa)”, observa Valéria.
A professora lembra que o Ministério da Saúde e o Estatuto do Idoso preveem a existência de estruturas que atendam a essa população dos pontos de vista social, familiar e jurídico. Ainda assim, segundo ela, há gargalos tanto no meio privado quanto no público. “Se a sociedade se prepara adequadamente, qualquer um poderá escolher entre chegar aos 60 senil ou senescente. Mas a primeira dificuldade que ainda existe é a desinformação”, critica. “O que há de destaque hoje é em relação à imunização. Não há promoção de campanhas voltadas para o envelhecimento saudável, mas, sim, para o adoecimento.”

Serviços

Na área privada, o mercado tem favorecido negócios no setor da saúde e com foco em idosos. Depois de enfrentar algumas dificuldades com cuidadores que tomavam conta da avó dele, o empresário Adriano Machado, 40 anos, resolveu investir em uma empresa que visa ajudar as famílias no processo de seleção e monitoramento desses profissionais. “Nossa missão é levar conforto e segurança a quem tem demanda pelo serviço, por cadeiras de rodas, câmeras. E essa demanda aumenta à medida que a população envelhece”, comenta.
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Para Adriano, o serviço auxilia, por exemplo, na prevenção da hospitalização de idosos e de superlotação das instituições hospitalares. Mas ele reconhece que ter um cuidador em casa não está ao alcance de todos. “A falta de uma política pública pensada em idosos mais dependentes cria dificuldades para quem tem fatores limitantes. Nem o DF nem outra unidade da Federação estão preparados para lidar com uma população mais velha. O país vai envelhecer antes de oferecer alternativas para eles e, com certeza, haverá impacto financeiro no sistema de saúde”, opina. 

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Jornalista

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