Parlamentares dos 11 países-membros do bloco presidido, neste ano, pelo Brasil, debatem, a partir de hoje, temas como financiamento climático e preparativos da reunião de cúpula que ocorrerá, em julho, no Rio
A partir de hoje até quinta-feira (5), Brasília será palco do 11º Fórum Parlamentar do Brics, e marca uma nova fase da atuação do bloco no cenário global. Com a presença de legisladores dos 11 países-membros, o encontro ocorre sob a presidência rotativa do Brasil e carrega a promessa de redefinir as diretrizes de uma governança global em transformação.
O objetivo é que o Fórum produza um documento com recomendações e propostas que serão consideradas na reunião de cúpula do Brics, em junho, no Rio de Janeiro, delineando os próximos passos do bloco. Entre os temas do evento, destacam-se inteligência artificial, clima e inclusão feminina, além de geopolítica, comércio e sustentabilidade, saúde e segurança internacional.
O financiamento climático e o papel do banco do Brics no apoio a projetos destinados a mitigar os efeitos da crise do clima nos países subdesenvolvidos também estão entre os temas do encontro. Segundo a Agência Senado, 15 países confirmaram presença no evento, que deve reunir cerca de 150 parlamentares.
A expectativa é de que a reunião também marque um avanço significativo na consolidação da cooperação entre os países-membros. Paralelamente, vários encontros ministeriais ocorrem há dias, visando aos preparativos para a cúpula. Ontem, por exemplo, os ministros das Comunicações do Brics emitiram uma declaração conjunta em temas estratégicos na área.
O economista, sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, acredita que o evento vai além de um simples encontro diplomático: “É um fórum importante porque os Brics têm buscado aumentar sua influência no cenário internacional. A agenda deve tratar de temas cruciais, como clima, tecnologia, saúde e os impasses comerciais, especialmente diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos”, analisa.
De acordo com Bergo, a conjuntura atual torna ainda mais essencial a cooperação entre as nações emergentes. “Esse fórum fortalece o posicionamento do bloco na busca por equilíbrio internacional e por decisões conjuntas em temas econômicos. A formação de fundos para investimentos sustentáveis e a discussão sobre a paz global, sobretudo entre membros envolvidos em conflitos, estarão no centro das atenções.”
Ampliação do bloco
O evento marca a expansão do grupo, iniciada em 2023, quando o Brics — anteriormente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — incorporou seis novos membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
Essa ampliação conferiu ao grupo maior representatividade geográfica, econômica e política, reforçando seu papel como contraponto às potências ocidentais. “O Fórum Parlamentar representa uma inflexão relevante na nova ordem geopolítica mundial”, afirma Otto Nogami, economista e professor do Insper. “Com uma pauta ambiciosa, o Brasil lidera discussões sobre seis eixos estratégicos: saúde global, comércio e finanças, clima, inteligência artificial, segurança multilateral e fortalecimento institucional.” Para ele, o Brics consolida-se como alternativa a instituições multilaterais cujos modelos têm sido questionados.
Diante das tensões no comércio global provocadas pelos EUA, especialistas apontam que o momento é propício para o Brasil fortalecer as relações com outros parceiros em um ano em que o país será sede da 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 30, em Belém, marcada para novembro. “A partir desse Fórum, forma-se um grupo coeso de pensamento que busca um novo equilíbrio global. O Brasil, com a COP 30 no horizonte, tem papel estratégico nas discussões sobre economia sustentável e desenvolvimento tecnológico”, reforça César Bergo.
“O Brics testará sua capacidade de se tornar uma plataforma política estável”, afirma Nogami. “O desafio é grande, mas o potencial de transformação do bloco é igualmente relevante, principalmente num momento em que o mundo busca alternativas a velhas estruturas”, acrescenta.
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