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Problemas em rodovias encarecem o transporte no Distrito Federal

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Levantamento da CNT aponta que 54,4% da malha rodoviária pavimentada da capital do país foi considerada regular, ruim ou péssima. O principal problema é a sinalização. Especialistas comentam que a melhoria passa por uma gestão eficiente

A Pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), apontou que, de forma geral, 54,4% da malha rodoviária pavimentada avaliada no Distrito Federal apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. A entidade analisou 451km de pistas, federais e distritais, na capital do país.

A pior avaliação ficou por conta da sinalização, em 77,1% foi considerada regular, ruim ou péssima. Na geometria da via (traçado), 54,7% tiveram a mesma avaliação — sendo que 40% dos trechos com curvas perigosas não têm sinalização. No quesito pavimentação, 37% da extensão da malha rodoviária do Distrito Federal avaliada apresenta problemas, de acordo com a pesquisa.

Diretor executivo da CNT, Bruno Batista afirma que os critérios de avaliação utilizados na pesquisa de rodovias são aqueles percebidos pelos motoristas. “Esses três fatores (sinalização, pavimento e geometria da via), conjuntamente, são os que oferecem segurança e fluidez no trânsito”, ressalta. Ele destaca que rodovias ruins, além de aumentarem o nível de insegurança dos usuários, impactam economicamente no transporte. “Elas fazem com que a movimentação da carga fique mais cara, que o caminhão consuma mais diesel e tenha mais problemas de manutenção”, detalha Batista.

“Isso tudo tende a ser transferido para o valor do frete que, ficando mais alto, altera o preço de todos os produtos que a gente consome no supermercado, na farmácia, etc.”, alerta. “No Distrito Federal, infelizmente, o custo operacional, em 2023, aumentou em mais de 25%. É uma condição insatisfatória que acaba prejudicando toda a população”, lamenta o diretor da CNT.

Para Batista, a melhoria das vias do Distrito Federal passa, necessariamente, por um melhor nível de investimento. “Estimamos que, neste ano, para corrigir todos os problemas, seriam necessários R$ 477 milhões”, calcula. Ele comenta que o principal ponto a ser atacado e reestruturado nas nossas rodovias é a sinalização. “Houve uma piora acentuada nessa questão: 77% da extensão avaliada no Distrito Federal apresentou algum tipo de problema de sinalização. Essa é uma situação muito crítica”, alerta.


Perigos

Doutor em transportes e especialista em rodovias, o professor da Universidade Federal de Uberlândia Rogério Lemos Ribeiro ressalta a importância das rodovias. “O transporte rodoviário, no cenário nacional, é responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e 95% do transporte de passageiros no país”, observa. “A falta de manutenção se reflete na qualidade da infraestrutura viária ao longo do tempo. Esse processo é fundamental para preservar e melhorar a qualidade da infraestrutura viária e a falta de manutenção pode ter diversas consequências negativas”, acrescenta o especialista.

Para Lemos, o desgaste da pavimentação das rodovias pode formar trincas, que podem levar aos buracos. “Eles prejudicam a qualidade do asfalto e contribuem para o ambiente de direção desconfortável, causando acidentes. Nesse caso, porque a pessoa vai desviar do buraco e, se for pista simples, pode ter uma colisão frontal. Caso seja dupla, pode chocar lateralmente com os outros veículos”, reforça o professor.

“As irregularidades da pavimentação também podem resultar em problemas mecânicos e desgaste prematuro dos pneus e suspensão dos veículos”, comenta. “Isso leva a um gasto maior com manutenção, além de viagens mais longas e custos operacionais mais altos para as empresas de transportes”, afirma Lemos.

Prejuízos

O Correio visitou dois trechos avaliados pela CNT, ambos da DF-180. No primeiro, localizado no entroncamento da BR-070 com a BR-080 (Garrafão), onde a classificação geral foi considerada ruim, comerciantes locais foram unânimes em afirmar que as más condições da pista são o principal catalisador de acidentes e prejuízos para os condutores. Existem buracos em partes da pista e do acostamento. Além disso, a sinalização, principalmente a horizontal, está bastante apagada.

Morando há 18 anos no local, sete como borracheiro, Antônio Neto Franco, 47 anos, comenta que, poucos anos atrás, perdeu a conta de quantas vezes viu operações tapa-buracos no trecho. “Foram, pelo menos, 37 vezes. Nessa época, muitos carros amassaram a roda ou rasgaram os pneus por conta da pista ruim”, afirma. “Como dono de borracharia, não posso negar que gerava serviço para mim. A demanda era grande. Tinha dia em que paravam três carros de uma vez para fazer remendo”, detalha.

A reportagem também foi ao trecho da DF-180 considerado bom pela pesquisa — localizado no entroncamento da BR-060 com a DF-290. Apesar da avaliação positiva, também foi possível constatar problemas, como pinturas apagadas e mato alto atrapalhando a visualização de placas. Morador da região, o autônomo Reginaldo Rodrigues, 36, afirma que o quebra-molas que fica em frente à sua casa é mal sinalizado. “Já aconteceram várias tragédias, inclusive com morte, por causa disso. É só chover, que acontecem acidentes”, comenta.

“Nesse trecho, também moram muitas crianças que pegam ônibus para ir à escola. Elas precisam atravessar para ir até a parada. É perigoso, porque o fluxo de carros é grande. Então, acho que também seria necessário uma faixa de pedestres”, opina Rodrigues.

Soluções

Para o diretor executivo da CNT, a melhoria da malha rodoviária do DF passa por uma boa gestão, por um controle de tráfego mais eficiente, por identificar problemas logo no início — sem deixar que eles evoluam — e, sobretudo, por corrigir os problemas que já estão implantados. “Isso é fundamental para aumentar o nível de segurança e a qualidade das rodovias”, assegura.

Para Bruno Batista, a concessão é um “remédio”, mas não soluciona todos os problemas. “O grande ponto é que existem alguns trechos de rodovias cruzando o Distrito Federal que, hoje, não recebem a manutenção devida. Esses trechos não estão nem contemplados dentro do programa de concessão”, lamenta. “Nesse sentido, o papel de investidor do Estado, seja a União ou o GDF, é insubstituível. São eles que têm o dever de manter as rodovias em um bom nível e oferecer esse sistema de transporte em boas qualidades”, argumenta.

O professor Rogério Lemos reforça que, para manter as rodovias do DF em boas condições, é necessário um programa consistente de manutenção preventiva e corretiva. “Exemplos disso seriam a reparação dos danos existentes, a aplicação de um revestimento para proteger a pavimentação e a implementação de medidas de segurança adequadas”, enumera. “Investir em manutenção não apenas preserva a infraestrutura, mas também reduz os custos ao longo prazo, evitando a necessidade de reconstruções caras e prolongando a vida útil das rodovias”, complementa.

Com informações do Correio Braziliense

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Jornalista

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