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Exposição no Museu Nacional de Brasília reconstrói trajetória de Nilce Eikoe

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Nascida em São Paulo e criada em Brasília em uma família de raízes japonesas, a artista Nilce Eiko Hanashiro deixou um acervo de cerca de 2 mil obras após a morte, em 2015. A artista é considerada um dos nomes mais expressivos da arte contemporânea em Brasília e é homenageada, nesta quarta-feira (6), com a abertura da mostra “Antologia”, no Museu Nacional da República. 

A exposição reconstrói uma trajetória de 45 anos de estudos, pesquisa e trabalhos em diversos meios. Os curadores Fernando Cocchiarale e Gladstone Menezes – amigo íntimo de Nilce – reuniram cerca de 300 obras.

Na mostra será possível conhecer desde os primeiros esboços de desenhos, feitos na década de 1960, até os registros de performances e reconstituição de objetos e instalações, da primeira década dos anos 2000. 

Costurando a cronologia da carreira de Nilce, fotografias e negativos, documentos, diplomas, certificados e alguns objetos pessoais da artista. O conjunto revela a mulher por trás das câmeras e pincéis. 

O feminino e a herança

Os dois principais temas abordados pela artista, segundo Menezes, eram as questões femininas (em alguns casos, feministas) e o resgate da memória ancestral.

Quando se debruçava sobre o feminino, explica o curador, ela explorava ícones e símbolos ligados a conceitos de “feminilidade” e aos fetiches. “Ela juntava uma série de objetos: livros, discos de cantoras como Maysa e Ana Caymmi, sapatos vermelhos.”

Em 1995, Nilce fez (e gravou, como em quase todas as performances) uma exibição em que aparecia coberta por véus. Aos poucos, despia-se de cada um deles até ficar nua, de frente para a câmera. 

“Era o anti-erótico. Uma mulher normal, com o corpo normal. Numa época em que exibir o corpo ainda era meio que um tabu”, afirma Gladstone Menezes. 

O curador, que também é artista plástico, cenógrafo e escritor, herdou boa parte do acervo da artista. Segundo ele, o material foi catalogado e, futuramente, fará parte do acervo de museus do país. 

Em Brasília, o Museu Nacional da República deve receber cerca de 70 fotografias ampliadas e os registros de performances, além da instalação “Fonte” – um círculo de metal com tecidos e flores que parece flutuar. “Também pretendo oferecer um bloco de desenhos”, disse Menezes.

Quem foi Nilce Eiko Hanashiro?

Nilce Eiko Hanashiro nasceu em Itariri (SP) em 1948. Aos 10 anos, se mudou para Brasília com a família. Começou a desenhar ainda na juventude, quando participou de salões de arte promovidos pela comunidade japonesa em São Paulo. Foi selecionada para a primeira Bienal Nacional em 1976. 

Na década de 1970, frequentou a Escolinha de Arte do Brasil e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde estudou com Romilda Paiva, Nakakubo e Roberto Magalhães. Neste período, produziu desenhos com técnicas variadas: lápis, nanquim guache e pastel. 

No final dos anos 1980, Nilce voltou a Brasília. “Ela nunca deixou claro [os motivos de ter voltado], mas foi quando ela descobriu que era diabética e começou a ter problemas de visão”, conta o amigo e também artista Gladstone Menezes.

Nilce passou, então, a utilizar as duas linguagens quase sempre associadas. “Acho que foi uma mudança para melhor”, diz Menezes. “O desenho era muito introspectivo, intimista. Quando ela começa a fazer performances, o trabalho explode.” 

A artista morreu em 2015, aos 67 anos, em decorrência de complicações por diabetes. 

Programe-se

“Antologia”, Nilce Eiko Hanashiro
Data: 6 de fevereiro a 31 de março (terça à domingo, das 9h às 18h30)
Local: Museu Nacional da República
De graça.

Fonte: G1.

Jornalista

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