Casa do Cantador realizará Festival com repentistas, emboladores de coco e forrozeiros
A Casa do Cantador, espaço coordenado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa em Ceilândia, vai reunir parte do que há de melhor na arte do Nordeste no Desafio do Repente – Festival Regional de Poetas Repentistas, Emboladores de Coco e Forrozeiros, no dia 8 de fevereiro, a partir das 19h.
“Teremos uma mistura de ritmos, com repentistas na viola e emboladores de coco no pandeiro”, afirma o gerente da Casa do Cantador, Manoel de Sousa Rodrigues, o Zé do Cerrado, como é mais conhecido. “Isso tudo regado à comida típica, como buchada de bode e sarapatel para quem tiver coragem de comer esses pratos à noite. E tem gente que tem”, provoca.
Ele explica que repentistas e emboladores estão em hierarquias distintas dentro da arte do improviso. Os primeiros, ele frisa, “seguem as regras”, reunidas na métrica rígida, a rima fácil e a oração ou tema. E inventam na hora. “Um dá o tema, o outro esbagaça”, resume. Os emboladores, mais rápidos, “cantam muita coisa aprendida”, revela ele. “Mas no fundo é tudo repentista”, concilia. O forró, tocado por sanfona, triângulo e zabumba, completa a mistura rítmica.
A pauta do Desafio do Repente, que é de festa, também abriga a preocupação com a difusão da arte regional para as novas gerações. Zé do Cerrado diz que “hoje há uma carência de poetas repentistas em Brasília”. Conta que já chegaram a ser mais de 50, número que caiu para em torno de 15 atualmente, calcula.
Ele aponta a importância da cordelteca e dos núcleos de viola e de outras práticas na Casa do Cantador para ajudar no trabalho. “Queremos que uma parcela da juventude participe e tome gosto. O ceilandense passa de pai para filho informações importantes sobre o repente”, destaca. Isso talvez explique a força do rap – também um discurso rítmico rimado – na cidade, teoriza.
O repentista Chico de Assis, natural do Rio Grande do Norte, que faz dupla com João Santana, e vai participar do Desafio, entende que os rappers destoam dos repentistas por se afastarem da métrica rígida, de sete a dez sílabas, dos últimos, e pela licença poética de produzir rimas sonoras, enquanto no repente a poética é baseada na escrita. Por exemplo, enquanto um rapper rima “mulher” e “café”, um repentista combina “mulher” e “colher”, ensina.
Zé do Cerrado diz que, além de artistas regionais, o Festival deve receber também repentistas de São Paulo, estado que também tem forte presença de imigrantes do Nordeste. O produtor cultural Cléverton de Jesus Silva, servidor experiente na Casa do Cantador, conta que feiras como essa costumavam receber mais gente de todo o país. Acha difícil fazer uma previsão de quanta gente o Festival deve levar a Ceilândia. “Esse público diminuiu muito, em parte porque ficou idoso, em parte porque houve pouca renovação”, arrisca-se a explicar.
Comida regional
O Festival traz também a rica culinária nordestina, como a de dona Niusa Ana da Conceição, natural da Paraíba, participante da Feira da Guariroba, na Ceilândia Sul. Ela vai levar comida típica para a festa, como buchada e sarapatel, mas, também, baião de dois, carne de panela, carne assada e uma diversidade de caldos – mocotó, galinha, vaca atolada… As porções saem a R$ 15; os caldos, a R$5. “Tudo baratinho, sou contra exploração”, diz em seu pregão de feirante há 48 anos no DF.
Serviço:
Desafio do Repente
Casa do Cantador, QNN 32, Ceilândia Sul.
Dia 8 de fevereiro, a partir das 19h.
Entrada franca.
Mais informações pelo telefone (61) 3378-5067.
Com informações da Agência Brasília
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