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Ainda estou aqui: direita praticamente silencia sobre Oscar

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Clã Bolsonaro não se manifesta diretamente sobre a conquista do filme. Parlamentares do PL que comemoram a vitória são alvo de críticas de extremistas

Ao contrário do que fizeram políticos alinhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da vitória de Ainda estou aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares não deram qualquer declaração pública sobre a premiação inédita para o cinema brasileiro. A tônica do ex-chefe do Executivo e dos filhos, por exemplo, foi continuar a campanha nas redes sociais contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é o responsável por alguns dos principais inquéritos que miram Bolsonaro, filhos e aliados, como o que investiga uma tentativa de golpe de Estado no fim de 2022.

O principal tema nos perfis de redes sociais da família foi a possibilidade de o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ter seu passaporte apreendido pela Justiça. Durante o fim de semana, Moraes enviou à Procuradoria-Geral da República pedidos feitos por governistas, na semana passada, para apreender o passaporte do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e evitar que ele continue a viajar para os Estados Unidos para fazer lobby contra o governo e o Judiciário brasileiros.

Eduardo deu uma entrevista, nesta segunda-feira, ao jornalista Claudio Dantas, em que não mencionou o Oscar uma única vez. Já o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se limitaram a compartilhar críticas de apoiadores do pai à vitória do filme na premiação. Um post compartilhado por Carlos criticava o fato de os “esquerdistas” comemorarem uma premiação dada a um diretor herdeiro de banqueiro, referindo-se a Walter Salles, que tem participação de 33% no Banco Itaú.

Flávio republicou um post do ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida, que comparou o sofrimento da família de Rubens Paiva ao dos golpistas presos pelo 8 de Janeiro. “Eu sou um brasileiro comum, que hoje tem medo de escrever um texto na internet criticando uma autoridade pública, temendo ser preso por crimes que não existem. Eu ainda estou aqui”, escreveu Sachsida.

Embora a maior parte dos políticos de direita tenha seguido o caminho da família Bolsonaro e silenciado sobre a vitória no Oscar, houve congressistas do PL que comemoraram e foram duramente criticados por seguidores. Caso do senador Carlos Portinho (PL-RJ). Em um post no seu perfil do X (ex-Twitter), disse que o Brasil “é um só” e que “cultura e política não devem se misturar”.

“Minha vida e a história da minha família estão intimamente ligadas ao setor por décadas. A cultura é uma política de Estado e não deve ter lado, sendo a identidade da nossa nação. Não pertence a um grupo político. Não queiram se apropriar”, afirmou. “Deixemos a política para os políticos, e o prêmio do cinema vai para a nossa cultura e os seus personagens.”

Portinho não mencionou que os “personagens” retratados em Ainda estou aqui são pessoas reais, que foram perseguidas, torturadas e mortas (no caso do ex-deputado Rubens Paiva) pela ditadura militar.

Nos comentários da postagem, ele recebeu críticas e elogios. Alguns deram os parabéns ao senador pelo posicionamento, mas a maioria dos comentários foi hostil. Seguidores se disseram decepcionados com o congressista porque, segundo eles, o filme “foi politizado”. Outros foram além e ressaltaram que a história retratada no longa foi fantasiosa.

As provas do sequestro, da tortura e do assassinato de Rubens Paiva, no entanto, são públicas. Além dos relatos da Comissão Nacional da Verdade, em 2012, o Estado brasileiro reconheceu, no último mês, que foi o responsável pela morte de Paiva.

Depois das críticas, no entanto, Portinho fez um novo post, acenando aos bolsonaristas. Defendeu a anistia aos presos pelo 8 de Janeiro e destacou que, no Brasil, há presos políticos e “concentração de poderes na mão de um tirano”.

O deputado Bibo Nunes (PL-RS) é outro que havia comemorado, em suas redes sociais, a vitória de Ainda estou aqui. Depois de ser criticado por seguidores, voltou atrás e apagou a postagem. Na sequência, publicou um post levantando dúvidas sobre o financiamento do filme.

“Espero que o filme Ainda estou aqui não tenha usado verba pública, pois o diretor Walter Salles é um milionário, graças a sua família. Verba pública deve ser para quem precisa mostrar seu talento e não tem condições financeiras”, escreveu.

Deputado federal Mario Frias (PL-SP), por sua vez, disse que “ninguém liga ou se importa com autobajulação das pessoas que fazem filme contra uma ditadura que não existe mais, enquanto aplaudem e dão sustentação a uma ditadura real”, disparou.

Ditadura e Bolsonaro

Ao longo de sua longa trajetória política, Bolsonaro fez uma série de discursos ora elogiando a atuação dos militares que instalaram a ditadura em 1964, ora negando que houve um período autoritário no Brasil. Quando era deputado federal, tinha, em uma parede de seu gabinete, as fotos dos cinco presidentes da ditadura militar: Castelo Branco (1964-1967); Costa e Silva (1967-1969); Emílio Médici (1969-1974), que era presidente quando Rubens Paiva foi morto; Ernesto Geisel (1974-1979) e João Figueiredo (1979-1985).

Em maio de 1999, em uma entrevista na TV Bandeirantes, Bolsonaro foi questionado se fecharia o Congresso Nacional se fosse eleito presidente. Respondeu na lata: “Não há a menor dúvida. Daria golpe no mesmo dia! No mesmo dia!”, disse. Na mesma entrevista, disse ser favorável à tortura e ao retorno de um regime autoritário no país.

Em 2016, Bolsonaro homenageou, durante seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), o falecido coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, a quem chamou de “o pavor de Dilma Rousseff” (a ex-presidente foi presa e torturada pela ditadura na década de 1970). Ustra foi responsável pelo Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), criado em 1969, que torturou e matou civis acusados de serem inimigos do regime até 1984. O militar nunca admitiu as mortes.

Agora, o ex-presidente enfrenta um processo que pode resultar em sua condenação e prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado no fim de 2022, quando perdeu as eleições.

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Jornalista

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