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Usuários e trabalhadores relatam perigo constante no transporte público do DF, mostra reportagem

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“Motoristas e cobradores estão trabalhando à mercê da própria sorte”. O lamento é do secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal, José Wilson Cabral Filho. A categoria realizou nessa terça-feira (3/10) uma paralisação em protesto por mais segurança em transportes coletivos no DF. A mobilização aconteceu um dia após a trágica morte do cobrador Ariel Santos Marques, 26 anos, assassinado com um tiro na cabeça dentro do ônibus, enquanto trabalhava. Em menos de um mês, essa é a terceira ocorrência do tipo.

Cerca de 800 profissionais paralisaram as atividades e realizaram carreata como forma de protesto. Um total de 400 ônibus, das linhas da Viação Pioneira, que saem de Santa Maria e do Gama, deixaram de circular e participaram da manifestação. “No Plano Piloto, sempre vemos viaturas, barreiras policiais, capturas etc. No entanto, falta segurança em regiões administrativas mais carentes”, reclamou Cabral Filho.

Balanço criminal divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do DF mostra que, entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados na capital do país um total de 354 roubos em transporte coletivo. No mesmo período, aconteceu um total de 11 latrocínios (assalto seguido de morte). Esses números refletem os casos registrados por meio de boletim de ocorrência. Muitos episódios não são contabilizados por falta de notificação. O Correio foi à Rodoviária do Plano Piloto e conversou com motoristas, cobradores e passageiros, que relataram uma insegurança crônica na mobilidade pública.

A copeira Fátima Nunes, 61 anos, foi assaltada duas vezes no ônibus, no trajeto de Samambaia Norte para o Plano Piloto e relata que não registrou boletim de ocorrência para não perder a hora. “Na primeira vez, o bandido estava com um facão. Na segunda, o assaltante estava com um revólver. Nas duas vezes, roubaram todo mundo que estava no ônibus. Foi apavorante”, declarou. “Além disso, eles são espertos. Entram no ônibus com uma camiseta e, antes de sair, trocam de roupa e fica mais difícil a polícia identificar, se forem usar as câmeras. Nem vale a pena denunciar porque é difícil encontrar”, afirmou.

O cobrador Flávio de Oliveira, 41, cinco anos na profissão, reforça que a região de Samambaia Norte é uma das mais perigosas. “Todo dia tem assalto lá. O que é mais revoltante é que são as mesmas pessoas. Alguns que são menores de idade, aí roubam porque sabem que não serão presos. Quando são presos, logo são soltos. Teve um caso em que o assaltante quebrou a gaveta do cobrador no meio com uma faca”, disse. “Não adianta ter blitz na rua se não abordam todos os ônibus. Tem que revistar todo mundo. É preciso mais policiamento”, reclamou. Flávio relatou ainda que a insegurança durante o trabalho afetou a saúde mental de vários colegas de profissão. “Conheço mais de 20 pessoas, entre cobradores e motoristas, que foram encostados pelo INSS com laudo de depressão e ansiedade por causa da insegurança do dia a dia”, revelou.

Presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Ana Izabel Gonçalves de Alencar acredita que a implementação de uma ferramenta que possibilite a comunicação entre os motoristas de ônibus e a Polícia Militar pode ser eficaz no combate ao crescente número de ocorrências de violência no transporte público. “Muitos ônibus têm câmeras, o que ajuda a identificar os criminosos, mas seria importante ter também um contato direto entre o motorista e a polícia, aos moldes do botão do pânico do aplicativo Viva Flor, que as mulheres vítimas de violência doméstica têm acesso. Dessa maneira, viaturas policiais próximas poderiam ser rastreadas e os policiais poderiam agir rapidamente na captura dos criminosos e protegendo a população”, sugeriu.

No limite

“A gente sai para trabalhar, mas não sabe se volta”, desabafou Mário Luiz, 64, motorista de ônibus há 30. “O ônibus que dirijo já foi assaltado por dois jovens com pistolas que levaram todo o dinheiro que tinha na gaveta do cobrador. Eu acho que deveria ter mais polícia dentro dos ônibus. Antigamente, nos anos 90, só o fato de os policiais usarem ônibus para se transportarem trazia mais segurança”, lamentou.

A secretária Flávia de Paula, 38, já presenciou assaltos no ônibus três vezes. “Com certeza ia inibir os crimes. Não adianta só fazer barreira policial, até porque isso atrasa a vida das pessoas”, pontuou. “Nas vezes que presenciei assaltos, criminosos com facão fizeram o cobrador de refém para roubar o dinheiro da gaveta. Nesses casos, o motorista abre a porta dos fundos e os passageiros acabam saindo por ali, quando veem que os assaltantes não estão com arma de fogo”, contou.

A presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-DF afirmou, ainda, que passageiros e rodoviários não devem reagir em casos de assaltos em ônibus. “É importante não fazer movimentos bruscos e também não deixar à mostra celulares ou objetos de valor. É imprescindível também o registro de boletins de ocorrência, para que a Secretaria de Segurança Pública possa tomar providências nos locais onde há mais incidência de casos”, orientou. “As empresas de ônibus precisam cuidar de seus funcionários, garantindo mais segurança no transporte público porque o rodoviário se tornou uma profissão de risco. É fundamental o governo também atuar incisivamente com relação ao policiamento e a segurança pública nas satélites”, acrescentou.

Outros casos

No domingo (1º/10), um assaltante morreu após resistir à ordem de prisão de um policial militar e tentar pegar a arma dele, na QNN 27 de Ceilândia. Toda a situação ocorreu em um ônibus que fazia o trajeto W3 Norte e Ceilândia. Wenderson Medeiros de Carvalho, 33, havia acabado de roubar o celular de uma jovem no meio da rua e embarcou no coletivo vestido com o uniforme de uma empresa viária. A vítima entrou em seguida e começou a gritar que o homem era criminoso.

A vítima do assalto pediu que o criminoso devolvesse o aparelho, mas ele negou. Um sargento da PMDF estava dentro do ônibus e, fardado e em pé, acompanhou toda a situação. O PM interveio na tentativa de ajudar e, ao ver o celular, verificou que o aparelho tinha a foto da jovem como papel de parede. O policial, então, deu voz de prisão a Wenderson.

O PM contou à polícia que, no momento em que algemava Wenderson, o suspeito tentou pegar a arma portada por ele e, mesmo com a ordem de parada, o homem resistiu e insistiu em tomar o armamento. Para se proteger, o policial desferiu cerca de 10 socos no rosto do autor. Os passageiros que acompanhavam a situação também bateram no assaltante.

No começo de setembro, uma mulher, de 59 anos, foi feita refém dentro do ônibus que fazia o trajeto Samambaia/ Taguatinga, da linha 0.054, logo após um homem armado com uma faca entrar no coletivo e anunciar o assalto. Foram horas de negociação até o suspeito libertar a vítima e se render.

Com informações do Correio Braziliense

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Jornalista

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