O ano é novo, mas as estratégias da Lava Jato para alimentar a mídia com notícias contra Lula continuam as mesmas.
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Foto: Ricardo Stuckert
A conta-gotas, começam a vazar mensagens trocadas entre executivos da Odebrecht sobre o financiamento do filme “Lula, o filho do Brasil”. E como a força-tarefa, aparentemente, ainda não encontrou indícios de crime nem descolou uma delação que substitua as provas nesse sentido, o jeito foi chamar atenção com um e-mail no qual um assessor de comunicação diz que a obra era “um tipo de louvação maléfico”.
Quem leu a reportagem do Estadão desta sexta (5) de cabo a rabo descobriu que a opinião de quem emitiu a frase que demoniza o filme sobre Lula não tem a menor relevância para o caso. Na matéria do dia anterior, o leitor descobriu também que Marcelo Odebrecht não ofereceu nenhum vestígio de irregularidade cometida no apoio financeiro dado à produção. Preso, Antonio Palocci ficou em silêncio, muito provavelmente para valorizar o passe, já que está com dificuldade em fechar um acordo de delação.
Diz a Lava Jato que descobriu essas mensagens internas da Odebrecht num computador apreendido há quase 3 anos, mas que só foi destravado recentemente.
Além do depoimento de Marcelo, as mensagens vazadas até agora não dizem nada comprometedor. Um dos e-mails afirma que a Odebrecht aceitou, afinal, contribuir com R$ 750 mil mas com a condição de não aparecer entre os patrocinadores do filme. Uma carta do cineasta Luiz Carlos Barreto, publicada em resposta à matéria do Estadão, denota que a imposição não foi aceita.
Já no filme “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”, todos os patrocinadores foram omitidos sem despertar nenhum interesse de investigadores ou da grande mídia sobre como e quem financiou a obra de 2017 feita em louvor da Lava Jato.
É no contexto de não querer deixar a Odebrecht aparecer entre os apoiadores que pode ser inserido o comentário do responsável pelo setor de comunicação da empresa, avaliando que a cinebiografia de Lula seria um “tipo de louvação maléfico” que acabaria como um “tiro no pé” do petista.
Foto: Reprodução/Estadão
Não seria de surpreender, dado o já conhecido modus operandi da Lava Jato, se um delator (ou aspirante a) de repente surgir com uma versão que atrela o financiamento ao projeto a uma contrapartida qualquer à Odebrecht junto aos governos petistas. De preferência, relacionada à Petrobras, porque aí a denúncia já sai com o endereço certo em Curitiba.
E se não ficar claro o ato de ofício praticado por Lula, se as contraprovas derem lugar às falas de co-réus ou se, no final de tudo, ninguém conseguir provar o que a Petrobras tinha a ver com essa história toda, será como a reprise de um filme que a gente já assistiu.
Jornal GGN