OKC e Indiana confiaram em Shai Gilgeous-Alexander e Tyrese Haliburton para recolocarem as respectivas franquias nos eixos e título seria coroação perfeita do projeto; decisão pode mudar padrão recente de “supertimes” na liga
O lema “confie no processo” virou slogan do Philadelphia 76ers no período de vacas magras da equipe, mas também pode ser aplicado para outros times da NBA. Se o fã de basquete voltar no calendário até 2019, irá lembrar de quando o Oklahoma City Thunder trocou a estrela Paul George pelo jovem Shai Gilgeous-Alexander e escolhas futuras de draft. Anos depois, em 2022, o Indiana Pacers repetiu a mesma estratégia ao abrir mão de Domantas Sabonis, principal nome do elenco na época, para ter o então segundanista Tyrese Haliburton. Ambas as franquias deram um passo atrás, apostaram no futuro e depois deram pulos para frente. Nesta quinta (5/6), OKC e Indy medem forças pelo jogo 1 das finais, às 21h30, valendo o título de campeão para quem se sobressair na série melhor de sete partidas.
Com transmissão da Band, ESPN e Disney+, o confronto decisivo será marcado pelo fim de um jejum de 46 anos ou por um vencedor inédito. O Thunder ficou com o troféu em 1979, ainda como Seattle Supersonics, e não chega na final desde 2012, quando o trio formado por Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden foi superado pelo Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e cia. O Pacers brigou pelo título em 2000 com o ídolo Reggie Miller contra o Los Angeles Lakers de Shaquille O’Neal e Kobe Bryant, mas foi derrotado na única outra ocasião em que esteve no palco principal.
Independente dos tabus, a final será a coroação de franquias que confiaram no processo e agora colhem os frutos da nova geração. Em 2021/22, ambas as equipes terminaram entre as cinco piores campanhas da liga, mas tiveram perseverança no trabalho em torno do núcleo jovem e podem ostentar o posto de protagonismo no campeonato anos depois.
No caso de OKC, Shai chegou no segundo ano de carreira e se consolidou como uma das principais estrelas da liga. O armador canadense de 26 anos foi o cestinha da temporada, com 32,7 pontos por jogo, desempenho que lhe rendeu o prêmio de jogador mais valioso (MVP). Os fieis escudeiros vieram via draft, casos do ala Jalen Williams e do pivô Chet Holmgreen, outras referências do plantel. Nomes importantes como Cason Wallace e Aaron Wiggins também foram selecionados, enquanto Lu Dort e Isaiah Joe chegaram após ficarem sem time, Alex Caruso veio por troca e o único gasto maior foi Isaiah Hartenstein, que custou quase 90 milhões de dólares na agência livre.
Juntos e comandados pelo técnico Mark Daigneault, de apenas 40 anos, o Thunder teve o melhor recorde da NBA em 2024/25. Foram 68 vitórias em 82 jogos e o primeiro lugar na Conferência Oeste, garantindo mando de quadra durante toda a fase de playoffs. No mata-mata, o time varreu o Memphis Grizzlies de Ja Morant, superou o Denver Nuggets de Nikola Jokic em sete jogos e despachou o Minnesota Timberwolves de Anthony Edwards sem muito esforço.
Do outro lado, Indiana apostou as fichas em Halliburton e o armador de 25 anos virou referência na posição. Na atual temporada, as médias de 18,6 pontos e 9,2 assistências podem parecer modestas próximas aos números estratosféricos de outras estrelas, mas foram suficientes para levar os Pacers a 50 vitórias e o quarto lugar no Leste.
Antes dos playoffs começarem, uma pesquisa anônima com atletas elegeu Haliburton como o jogador mais superestimado da liga. A resposta veio no mata-mata. Médias semelhantes, mas um poder de decisão impressionante. O camisa 0 liderou viradas improváveis com cestas decisivas nas classificações contra Milwaukee Bucks, Cleveland Cavaliers e New York Knicks, dos astros Giannis Antetokounmpo, Donovan Mitchell e Jalen Brunson, respectivamente.
O elenco também é profundo, assim como o do Thunder, mas com uma forma mais tradicional de construção em torno de Haliburton. Veterano com uma década no Pacers, o pivô Myles Turner logo virou parceiro de confiança do armador. Andrew Nembhard e Bennedict Mathurin chegaram pelo draft, Aaron Nesmith e Obi Toppin por troca. A peça final foi a vinda de Pascal Siakam em negociação com o Toronto Raptors e garantiu a chegada de outro protagonista ao elenco. Para fechar, quem dá as cartas é o veterano técnico Rick Carlisle.
Apesar da semelhança em confiarem nos jovens talentos e serem (com sobras) os melhores times dos playoffs, o favoritismo, no entanto, pesa a favor de um lado. Dominante durante a temporada, o Thunder sobrou em cima dos adversários e bateu o Pacers com tranquilidade na fase regular, mesmo jogando sem Holmgren. Com muito poderio ofensivo e uma defesa que segurou quem veio pela frente, OKC aparenta ter todos os elementos precisos para sair da fila pelo título. No entanto, para uma equipe que passou como azarão em todas as séries dos playoffs, Indiana já deu cartões de visita suficientes para ser respeitado.
“O time do Thunder é muito bom, difícil de jogar contra. São muitas peças de qualidade e que podem desequilibrar qualquer jogo. Acredito que eles sejam melhores que o Pacers e são os grandes cotados para serem campeões”, analisou Gui Santos, ala do Warriors e único brasileiro na NBA, em entrevista ao Correio.
Desafio ao padrão
Das 49 temporadas desde a unificação da NBA com a extinta ABA, em 1976, os representantes de grandes mercados marcaram presença em 43 finais, com Celtics, Lakers, Bulls, Warriors e 76ers. Dos 27 mercados de TV da liga, Oklahoma City é apenas o 25º maior e Indianapolis o 21º. Pode parecer irrelevante, mas, em um período no qual grandes cidades como Los Angeles, Boston, Miami e San Francisco sempre se destacaram como destino para os principais atletas, ver dois polos modestos na final pode ser uma mudança de chave.
Além disso, a decisão entre Thunder e Pacers pode causar uma reavaliação na forma como o basquete é feito na NBA. Virou padrão em muitas franquias apostar na construção de “supertimes”, concentrando boa parte do teto salarial em duas ou três estrelas para chamar a responsabilidade, enquanto o resto do plantel é composto por atletas com salários mais modestos e, por vezes, de qualidade inferior.
Quando chegam os playoffs, normalmente as rotações encurtam e apenas sete ou oito jogadores entram em quadra, o que mascara a falta de profundidade no elenco. No entanto, os finalistas deste ano chegaram à decisão usando praticamente dez nomes em todas as partidas, cada um com atributos para contribuir e com poucas falhas claras que possam ser exploradas pelos adversários.
O exemplo reforça a teoria de que o impacto do melhor jogador de um time pode ser anulado pelos buracos causados pelo pior. Ter um atleta vulnerável na defesa ou não aproveitado no ataque pode custar partidas, ou até títulos. Por isso, a estratégia usada para construir elencos campeões pode ser alterada no futuro próximo.
“É um novo projeto para a liga. Acho que os anos dos supertimes e empilhar estrelas não é mais efetivo como já foi um dia”, disse o pivô Myles Turner.
Programação:
Jogo 1: quinta-feira (5/6), às 21h30, em Oklahoma City
Jogo 2: domingo (86), às 21h, em Oklahoma City
Jogo 3: quarta-feira (11/6), às 21h30, em Indiana
Jogo 4: 13 de junho, às 21h30, em Indiana
Jogo 5: 16 de junho, às 21h30, em Oklahoma City*
Jogo 6: 19 de junho, às 21h30, em Indiana*
Jogo 7: 22 de junho, às 21h, em Oklahoma City
*Se necessário
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