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Tarifaço de Trump gera preocupações para produtores nacionais

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Nova sobretaxa dos EUA ao aço e ao alumínio, de 50%, deixa entidades do setor apreensivas e governo reafirma aposta no diálogo

Os Estados Unidos intensificaram o tarifaço contra o aço e o alumínio importados. Ontem, entrou em vigor a nova alíquota adicional de 50% sobre a entrada desses produtos no país, anunciada pelo presidente Donald Trump no último dia 30 de maio. A medida restringe ainda mais a importação desses materiais, visto que, no começo de março, havia sido implementada uma tarifa adicional de 25%.

A nova taxa vale para produtos com origem em qualquer país do mundo, à exceção do Reino Unido, que conseguiu um acordo ainda no início do mês passado para adotar cotas de exportação com os norte-americanos. Após o governo dos EUA confirmar o aumento da alíquota, produtores brasileiros reagiram com preocupação à medida.

O Instituto Aço Brasil fez alerta de agravamento do cenário global do setor no que chamou de intensificação de “práticas protecionistas” por parte dos norte-americanos. Vale destacar que os EUA foram os segundos maiores compradores do aço brasileiro em 2024, com 3,4 milhões de toneladas de placas importadas. “Os dados evidenciam que a demanda por esse insumo não será suprida internamente de forma imediata, tornando a imposição de tarifas adicionais prejudicial, tanto para exportadores brasileiros quanto para setores industriais norte-americanos”, disse a entidade, em nota.

A instituição já havia se posicionado com tom de preocupação ante ao anúncio da alíquota de importação de 25% em março. Com a tarifa dobrada, manteve a defesa no restabelecimento do acordo bilateral de 2018, firmado ainda no primeiro governo de Donald Trump, que permitiu a exportação de aço brasileiros aos EUA sem a adoção de tarifas adicionais, mas por meio de cotas.

Na ocasião, os EUA impuseram uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, excluindo os vizinhos Canadá e México, dois dos principais fornecedores. Contudo, o país norte-americano permitiu que outras nações pedissem inclusão em uma lista de exceção.

O governo do então presidente Michel Temer (MDB) fez a solicitação, o pedido foi aprovado e os EUA estabeleceram um sistema de cotas para as exportações brasileiras até que se atingisse um volume equivalente à média das exportações de 2015 a 2017.

O setor da indústria de alumínio também expressou indignação com a nova sobretaxa dos EUA. Em nota, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) considerou que a decisão alerta para riscos com a escalada tarifária dos EUA sobre o produto e que a resposta do governo brasileiro deve ser “estratégica e calibrada”. “É necessário um duplo movimento: por um lado, cautela e calibração na adoção de medidas emergenciais de mitigação — como o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para coibir práticas desleais e desvios de comércio; por outro, visão estratégica para reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, com base em suas vantagens competitivas estruturais”, destacou a entidade.

O Instituto Aço Brasil ainda reafirmou a disposição do setor em contribuir com as negociações e pela melhoria no ambiente do comércio internacional. “Seguimos confiantes de que, por meio do diálogo e da cooperação entre os governos, será possível encontrar soluções que fortaleçam as relações e beneficiem as cadeias produtivas dos dois países”, concluiu a nota.

Negociações

O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), avaliou que a solução para o aumento das tarifas envolve o incentivo ao diálogo com as autoridades norte-americanas e afirmou que o governo deve manter conversas com as autoridades norte-americanas. Em Minas Gerais, onde participou da inauguração de uma usina de energia solar em Arinos, o também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) lembrou que os EUA foram os segundos maiores compradores do aço brasileiro em 2024.

Alckmin ainda ressaltou que deve manter as conversas com o Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), com o objetivo de chegar a um acordo. “Já tivemos reuniões presenciais e por videoconferência e vamos aprofundar esse diálogo e destacar que o Brasil não é problema para os Estados Unidos, porque, dos 10 produtos que eles mais exportam para nós, oito a tarifa de importação é 0%”, disse.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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