Nenhuma pré-candidatura nos atrapalha, diz Grass sobre disputa ao GDF
Ao CB.Poder, o pré-candidato Leandro Grass (PV) apontou erros do governo do DF, como o de pagar R$ 7,5 milhões para que o BRB tenha nome vinculado ao Estádio Mané Garrincha. Ele critica, também, a má-gestão no transporte público
ré-candidato ao governo do Distrito Federal, o deputado distrital Leandro Grass (PV) foi o entrevistado, nessa segunda-feira (4/7), no CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília, com apresentação da jornalista Ana Maria Campos. “Nenhuma das pré-candidaturas nos atrapalha: temos um projeto bem definido. Conheço o DF e sei o que precisamos fazer e onde a gente quer chegar. Sei o que estamos propondo”, destaca o parlamentar, líder da coligação que une, além de seu partido, o PT e o PCdoB.
A definição da vice-governadora na chapa (com Olgamir Amancia, do PCdoB) fecha as portas para uma negociação que havia com o PSB, de Rafael Parente?
O PSB faz parte da nossa frente nacional e de nosso campo político, sendo um partido importante, não só para a gente no DF, mas em todo o Brasil, pois tem o (candidato a) vice-presidente da república (Geraldo Alckmin). Nós não encerramos o diálogo com o PSB, o que fizemos foi definir a nossa vice-governadoria, que nós tínhamos aberto ao partido a possibilidade de indicá-la, mas por opção do próprio partido, neste momento, não foi possível. Ainda queremos uma composição com o PSB e com o Solidariedade, no sentido de ampliarmos essa coligação e podermos ir fortes para a eleição. É muito importante, por coerência programática, nós estarmos juntos.
O PSB está negociando com a chapa formada pelo senador Reguffe (União Brasil), mas pode não funcionar, pelas composições políticas. Se rejeitados, vocês estão de braços abertos para recebê-los de qualquer jeito?
Como eu disse, por coerência, o PSB e a nossa federação precisam estar no mesmo grupo. Não há mágoa, de forma alguma. São relações políticas, não relações pessoais que estamos disputando. Estamos tentando desenvolver e amadurecer um projeto para retomar o DF e colocar a cidade no rumo do desenvolvimento, na geração de emprego e renda, da redução à desigualdade e do combate à fome, que também aumentou. Não faz sentido estarem em outro campo senão neste que ele faz parte.
A pré-candidatura do senador Reguffe atrapalha a sua, como perfis de oposição ao governo Ibaneis Rocha?
Nenhuma das pré-candidaturas nos atrapalha. Temos um projeto bem definido. Conheço o DF e sei o que precisamos fazer. Tenho dialogado com empresários, trabalhadores, sindicatos. Estamos construindo um pacto, portanto, temos convicção do nosso projeto. Eu sei onde a gente quer chegar. Sei o que estamos propondo. Nós temos aperfeiçoado o plano de governo todos os dias. Estamos escutando cada segmento na base, na ponta, ouvindo os usuários de serviços e servidores públicos. Temos um projeto único, de características próprias, por isso nenhuma pré-candidatura nos atrapalha. Isso que a gente está elaborando é algo que só a nossa federação vai apresentar, baseado em evidências e na realidade do Distrito Federal e com metas muito claras para resolver o problema do transporte, da educação e da saúde, que está na sua maior crise da história. Respeito muito o senador Reguffe, que é um amigo, uma pessoa que tenho um carinho muito grande. Assim como as demais (candidaturas), nós vamos dialogar com todos, porque no segundo turno quero que estejamos todos juntos nos apoiando para derrotar Ibaneis.
Já está definido que a professora Olgamir Amancia vai compor a chapa. Está satisfeito com a escolha do PCdoB?
Sem dúvida alguma. A Olgamir é uma grande referência, uma mulher com experiência, muito competente, uma doutora em educação, uma gestora pública, com passagem no próprio GDF, como secretária da Mulher, e também na Universidade de Brasília (UnB), onde ela é decana de extensão. É uma pessoa que conhece a cidade e vai nos ajudar nesse projeto.
Você tinha essa estratégia de campanha acompanhada por duas mulheres?
É importante que qualquer composição política, hoje, tenha representatividade, também feminina. Essa tríplice conta com uma maioria de mulheres de experiência e com histórias de vida ligada a uma causa que também é a minha causa, que é a educação. Algo que vai ser muito importante para que o nosso governo vá bem: colocar a educação no seu devido lugar e ter uma política educacional forte. Então são duas pessoas que vão nos ajudar muito. Com a Rosilene (Corrêa, candidata ao Senado pelo PT) nós trazemos mais recursos e investimentos para a educação do DF, que está muito mal.
O governo diz que se não fosse pelos subsídios haveria aumento nas tarifas de transporte. Daria para manter o sistema operando sem tantos subsídios e sem aumentar a tarifa?
O governo diz isso mas não prova, não demonstra, não abre tabelas e planilhas, assim como as empresas. Quanto as empresas gastam de combustível, pneu, folha de pagamento? Ninguém sabe. Pedimos uma auditoria no Tribunal de Contas (do DF) sobre a bilhetagem e até agora não foi feito. É importante que a gente saiba quanto que está sendo gasto para saber quanto a gente tem que repassar. Precisamos de um novo modelo de gestão no transporte, que prestigie o usuário que pega ônibus todo dia. A gente precisa que os ônibus sejam de melhor qualidade. O modelo todo está errado e é por isso que tem tanto sofrimento. A gente vai fazer uma remodelação, com um novo sistema de transporte no DF: eficiente, ágil, rápido, limpo, sustentável e integrado, ampliando linhas e modais.
Sobre o evento da federação com a presença de Lula em Brasília, que vai ser a estreia da campanha à Presidência, no próximo dia 12, o que se pretende fazer e como será esse evento?
Haverá vários encontros com parlamentares, dirigentes, segmentos e um encontro no Centro de Convenções com a militância e os apoiadores para celebrar a presença dele e que ele se conecte ainda mais com o nosso projeto para derrotar o Bolsonaro no DF, também. É mais um momento para fortalecer esse projeto comum. Estamos ansiosos e animados com esse encontro.
Sendo candidato da federação, você vai representar esse setor de apoiadores do Lula contra Ibaneis, que estaria junto de Bolsonaro no DF?
Ibaneis representa Bolsonaro aqui no DF, se diz fã do Bolsonaro, inclusive. Esteve com Bolsonaro em vários momentos e praticou, no DF, a mesma política que foi praticada em nível federal na saúde, com desvios e denúncias gravíssimas. Temos problemas seriíssimos do ponto de vista de controle, de desenvolvimento econômico, de geração de emprego e renda, ou seja, Bolsonaro replica em nível nacional o que Ibaneis também replica aqui, no ponto de vista de um ataque à população. Quando o Brasil vai mal, o DF vai mal. Aqui é onde os problemas mais acontecem quando a gente passa por situações difíceis no país inteiro.
O DF é uma unidade da Federação conservadora, que na última eleição deu quase 70% dos votos para Bolsonaro no segundo turno, e que reagiu às denúncias envolvendo os governos Lula e Dilma. Você representa um político envolvido em casos de corrupção. Está preparado para esse debate?
Nos governos Lula e Dilma foi que a gente teve mais autonomia para os órgãos investigativos e de controle, coisa que o Bolsonaro destruiu. Ele recebeu uma mensagem pouco antes de seu ministro ser preso. Ele acabou com o controle, interviu nas instituições que devem e estão lá para fiscalizar e investigar os crimes e as denúncias e aqui no Distrito Federal o Ibaneis fez a mesma coisa: desmontou o conselho de transparência. Agiu para que a gente não instalasse a CPI da Pandemia na Câmara Legislativa, ele trabalhou contra isso. Defendo a transparência e denuncio os crimes do governo Ibaneis. Em um governo a gente vai ter um sistema forte de transparência porque a forma mais inteligente e eficaz de combater a corrupção é aumentando a transparência e inibir a corrupção, não só punindo. Aqui, no DF, vamos defender a candidatura do presidente Lula e tentar elegê-lo no primeiro turno.
Você vai dar autonomia para a Polícia Civil agir e atuar com liberdade para investigar seu governo?
Com certeza, é fundamental. A Polícia Civil serve ao Estado, não a um governo. Da mesma forma, os órgãos de controle não servem ao governador, servem ao Estado. Sobre o crescimento do Bolsonaro em 2018, havia uma expectativa de mudança e as pessoas se frustraram muito. Boa parcela do eleitor dele está morrendo de fome. Como esse povo trabalhador vai votar em um presidente que trabalha, em média, três horas por dia? Que não gosta de trabalhar? Que no momento mais crítico da sociedade ele vai fazer motociata e andar de jet-ski? Bolsonaro não representa o povo brasileiro, que é trabalhador, honesto, que quer as coisas acontecendo. Não querem um presidente preguiçoso.
Um dos pontos que você contesta é o BRB ter os naming rights do consórcio que administra o Mané Garrincha, dando o nome de Arena BRB. Acha isso ilegal ou uma escolha errada do banco?
É ilegal porque tem uma lei que determina o nome do estádio. Nenhuma concessão pode passar por cima da lei. Não é uma disputa só sobre nomes, é também sobre forma, legalidade e economicidade. O governo faz a concessão de um equipamento público e agora ele paga para o banco ter o nome dentro do estádio. Sete milhões e meio (de reais). Essa é uma situação que precisa ser entendida, analisada, investigada para a gente corrigi-la, caso realmente se comprove, além dessa legalidade, outras. O banco tem que ser da cidade, não é para prestigiar determinados setores apenas ou segmentos que são próximos do governador ou do próprio time de futebol do governador. O banco é para fomentar a economia do DF. É para apoiar os microempreendedores que estão sofrendo com a pandemia e a agricultura familiar que não conseguem comprar insumos, materiais e equipamentos.
Sente que a área social do governo atual não deu conta do recado, pelo tamanho desse desafio que veio pela pandemia? O que acha que precisa ser feito para melhorar isso?
O Ibaneis bota tudo na conta da pandemia. Ele mente mais uma vez. A situação social do DF é responsabilidade dele: ele implodiu a assistência social. A gente tinha complementação de renda no DF para que as pessoas não morressem de fome. Ele pegou o DF Sem Miséria e fatiou no Cartão Prato Cheio, Cartão Vale Gás e DF Social. As pessoas têm que voltar ao Cras de dois em dois meses para pegar o benefício de novo. Por isso tem gente chegando às 3h da manhã na fila do Cras, morrendo de frio e de fome, e às vezes volta para casa sem a senha. Assistência não é um favor do Estado. A situação de fome e de miséria no DF, onde mais aumentou nos últimos dois anos, tem responsabilidade direta do governador, que diz na televisão que fez programas sociais, que fez uma grande revolução e não fez nada. Ele não trabalhou pela assistência, pela geração de emprego e renda. Onde estão os microempreendedores do DF? Fecharam as portas porque não têm microcrédito. E o BRB, ao invés de apoiá-los, preferiu cuidar do Flamengo, com todo respeito a sua torcida. Não é prioridade do BRB cuidar de time de futebol, tem que cuidar da população. A agricultura familiar está pressionada, com a redução da aquisição direta do governo federal e local, que comprava diretamente do agricultor para colocar nas escolas e hospitais. É um governo para os amigos, não para a população.
Fonte: Correio Braziliense
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