youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais

CPI das Bets ouve Galípolo e Deolane na próxima semana

By  |  0 Comments

Presidente do BC foi convidado a explicar como funciona a rastreabilidade das moedas utilizadas nas bets. Influenciadora digital foi convocada, sendo obrigatório seu comparecimento

mercado de apostas esportivas on-line no Brasil explodiu nos últimos anos, movimentando bilhões de reais. No entanto, a falta de regulamentação adequada, os impactos sociais negativos e a evasão fiscal levaram o tema ao centro das discussões políticas e econômicas. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas tem investigado as irregularidades do setor, enquanto o governo avança com medidas para restringir o acesso de populações vulneráveis a bets, incluindo o bloqueio de CPFs de beneficiários do Bolsa Família.

CPI marcou para esta semana as oitivas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e da influenciadora Deolane Bezerra. Galípolo deve prestar explicações sobre o papel da autoridade monetária na regulação e fiscalização no contexto das apostas esportivas eletrônicas no Brasil. Ele pode recusar comparecimento, pois foi convidado para comparecer à comissão, mas confirmou comparecimento. A oitiva dele está marcada para terça-feira, às 11h.

Na semana que passou, a CPI das Bets destacou os riscos associados ao vício em jogos, conhecido como ludopatia. O presidente da comissão, senador Dr. Iran (PP-RR), ressaltou que o impacto das apostas é especialmente grave entre os jovens, que, em muitos casos, comprometem a renda familiar. Ele frisou que “a ludopatia está consignada no Código Internacional de Doenças e já se tornou uma epidemia no Brasil”.

Estudos apresentados na comissão, instalada em novembro, apontam que as plataformas utilizam algoritmos que incentivam a permanência dos jogadores, oferecendo pequenos ganhos iniciais e, posteriormente, promovendo perdas progressivas. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, foi enfática ao afirmar que “ninguém ganha das bets”. “A estratégia dessas empresas é criar uma ilusão inicial de lucro e, quando a pessoa percebe, já está viciada.”

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, confirmou que os cartões do Bolsa Família terão “limite zero” para pagamentos em sites de apostas. Além disso, o Projeto de Lei 3703/2024 propõe proibir que beneficiários de programas sociais utilizem seus recursos em apostas esportivas on-line. Caso descumpram a regra, poderão perder o direito ao benefício.

Apesar dessas restrições, um levantamento do site Aposta Legal revelou que, nos primeiros meses de 2025, casas de apostas ilegais lucraram cerca de R$ 350 milhões, mesmo com os bloqueios. O relatório também apontou que plataformas não regulamentadas registraram mais de 30 milhões de acessos no Brasil entre janeiro e fevereiro deste ano.

A evasão das restrições ocorre porque muitas dessas empresas operam a partir de paraísos fiscais, como Gibraltar, Malta e Curaçao. O senador Dr. Iran enfatizou a necessidade de estabelecer mecanismos eficazes para evitar que o dinheiro gerado por essas apostas saia do Brasil sem retornar benefícios para a economia nacional.

Galípolo comparecerá à CPI justamente para explicar como funciona a rastreabilidade das moedas utilizadas nas apostas, especialmente o uso de criptomoedas, que dificultam a fiscalização. Ele também detalhará os impactos do jogo para as famílias de baixa renda e as estratégias do BC para coibir transações ilegais.

Responsabilidade

Diante da dimensão do problema, a comissão também discute a responsabilidade de influenciadores digitais que promovem plataformas de apostas sem qualquer alerta sobre os riscos envolvidos. “A gente precisa discutir se vale a pena deixar que esses influenciadores ganhem milhões de reais estimulando jovens a jogar. Eu acho que isso não está muito certo. Precisamos discutir isso e, eventualmente, proibir esse tipo de propaganda”, afirmou Dr. Iran.

Deolane, que foi alvo da Operação Integration, que apura um esquema de lavagem de dinheiro nos jogos de azar, incluindo as apostas on-line, foi convocada à CPI, sendo obrigatório seu comparecimento, salvo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva dela está marcada para a quinta-feira, às 11h.

Efeito devastador

Durante a sessão da CPI das Apostas na última terça-feira, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, destacou a gravidade da ludopatia no país, afirmando que “não existe nenhuma possibilidade da pessoa enriquecer, as bets sempre ganham”. Ele alertou que o vício em apostas on-line é uma doença mental com efeitos semelhantes aos das drogas, afetando diversas faixas etárias e classes sociais, e que já compromete famílias inteiras.

O drama é refletido no relato de Érika Moreira, 22 anos, que enfrentou o vício em apostas e hoje luta para reconstruir a vida ao lado da filha de dois anos. “O vício em jogos destruiu a minha vida, a minha saúde mental, a saúde mental da minha família, e estragou todos os meus relacionamentos. (…) Conheço centenas de pessoas em grupos de apoio que vivem o mesmo drama. Pessoas se suicidam toda semana porque não aguentam a pressão. É surreal que a mídia não fale disso todos os dias. O vício destrói, silencia e mata aos poucos.”

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.

Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.

Jornalista

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *