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Milhares de manifestantes saem às ruas de todo o país contra Trump e Musk

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Mais de mil cidades do país participam da manifestação “Hands Off!” para denunciar a escalada autoritária, os abusos e a gestão do presidente republicano. Manifestantes falam ao Correio sobre as motivações para saírem às ruas

A 15 dias de completar o terceiro mês de governo, o presidente dos EUA, Donald Trump, enfrentou, neste sábado, uma onda de protestos em mais de mil cidades do país, incluindo a capital, Washington, e em pequenas localidades. Dezenas de milhares de manifestantes atenderam ao apelo de uma coalizão de mais de 100 movimentos sociais e organizações para saírem às ruas em um ato nacional chamado “Hands Off!” (“Tirem as mãos!“). As manifestações também tiveram como alvo o bilionário Elon Musk — dono da Tesla, da rede social X e da SpaceX que assumiu o Departamento de Eficiência Energética. 

Moradora de Alexandria, no estado da Virginia, a bibliotecária aposentada Marlene Koenig, 70 anos, decidiu viajar até Washington para defender da Constituição americana, acompanhada da amiga Susan. No National Mall, a poucos quarteirões da Casa Branca, uma enorme faixa replicava o nome do protesto nacional, em meio a cartazes com frases como “Não é meu presidente!”, “O fascismo chegou”, “Parem o mal” e “Tirem suas mãos da nossa Seguridade Social”. “Creio na promessa da nossa Carta Magna, no sistema de freios e contrapesos. O criminoso condenado não tem interesse na democracia. Ele e seu culto querem destruir o nosso país, maus e cruéis”, disse Marlene ao Correio, em menção indireta a Trump.

Ela destacou que os EUA são uma nação de imigrantes, que tem a diversidade como marca registrada. “Tentar apagar as conquistas e mulheres e não brancos é horrível. Trump nomeou pessoas desqualificadas para os cargos. Sua meta é destruir nossas instituições. É horrroso ver como veteranos de guerra, minorias, idosos e mulheres estão sob ataque. Vivemos sob censura.”

Após protestar também em Washington, Mai El-Sadany, 35, advogada dos direitos humanos, admitiu ao Correio que Trump está “atacando o Estado de Direito”. “Ele tem removido os direitos dos mais vulneráveis e tornado os EUA menos prósperos e menos seguros. É importante que as pessoas se unam contra isso. Penso ser essencial mandar uma mensagem clara de que isso é inaceiável.”

A enfermeira Vicki Robinson, 58, manifestou-se em Baltimore (Maryland), a 96km ao norte de Washington. “A atmosfera do protesto foi positiva, mas irritada com tudo o que está acontecendo no país. São pessoas que não gostam de ver seus direitos serem retirados”, afirmou à reportagem, por meio da rede social X. “Decidi participar porque Trump e Musk estão destruindo o nosso país. Estão cerceando nossas liberdades e provocando caos e destruição da nossa economia.” Robinson disse esperar que mais pessoas protestem, pacificamente, e que os congressistas “retomem o seu poder”. “Trump acredita que tudo o que diz é lei e que não precisa respeitar nossa legislação e nossos juízes.”

Manifestante fantasiado de Estátua da Liberdade acorrentada, em Boston
Manifestante fantasiado de Estátua da Liberdade, também em Boston(foto: Joseph Prezioso/AFP)

Enriquecimento

A 640km a nordeste, em Boston (Massachusetts), o consultor Dave Cavell, 41, decidiu protestar por acreditar que Trump vê a presidência como um caminho para se enriquecer. “E tudo às nossas custas, enquanto ataca a nossa democracia, nossas economias para a aposentadoria e nosso sistema de saúde. Ele libertou centenas de insurrecionistas de 6 de janeiro. Também nomeou lunáticos para cada departamento do governo”, disse à reportagem. Cavell lembrou que agentes federais estão “pegando pessoas nas ruas e as enviando para celas de tortura”. “Trump está do lado da Rússia contra nossos aliados democráticos. Ele destrói a nossa economia com tarifas estúpidas.”

De máscara, homem tremula a bandeira dos EUA sobre a multidão, em Nova York
De máscara, homem tremula a bandeira dos EUA sobre a multidão, em Nova York(foto: Charly Triballeau/AFP)

Filho de imigrantes paquistaneses nascido em Chicago, Saqib Bhatti — diretor executivo de uma organização focada na justiça racial e econômica — contou que escolheu sair às ruas porque “Elon Musk, Trump e os bilionários da indústria tecnológica estão cortando nossos serviços essenciais, perseguindo opositores políticos e prejudicando famílias de trabalhadores, a fim de se enriquecerem”. “Se queremos para a descida rumo ao completo autoritarismo, precisamos vir todos juntos e contra-atacar”, defendeu.  

O advogado Adam Tebrugge, 63, se uniu aos manifestantes em Sylvia e em Franklin, ambas cidades da Carolina do Norte. “Estou chateado com o comportamento ilegal do meu governo. Programas governamentais essenciais estão sendo eliminados. Nossas universidades estão sendo atacadas. Pessoas estão sendo arrancadas das ruas e deportadas sem nem mesmo uma determinação de que são as pessoas certas. Tudo estava indo muito bem e, agora, o governo Trump está destruindo tudo”, criticou. 

Professor de história e de política social da Universidade de Harvard, Alex Keyssar explicou ao Correio que o protesto “Hands Off!” representa uma coalizão de diferentes grupos que estão irritados com Trump. “As pessoas se mostram chateadas com os cortes nos postos do funcionalismo público, no atendimento à saúde, na ciência, no tratamento aos veteranos e com deportações de imigrantes. Muitos grupos sociais sentem que perderam proteções legais contra a discriminação”, observou. 

Ativista empunha cartaz com a frase "Idiotas estão governando a América", no National Mall, a poucos quilômetros da Casa Branca, em Washington
Cartaz com a frase “Idiotas estão governando os EUA”, em Washington(foto: Roberto Schmidt/AFP)

Keyssar avalia que Trump tenta consolidar muito poder no Executivo, excluindo o Congresso e várias agências conjuntas criadas ao longo de um século. “Ele tem testado o Judiciário, ameaçando implicitamente não cumprir com as decisões dos tribunais”, advertiu. O especialista de Harvard entende que, caso os EUA entrem em uma “possível” recessão, Trump se tornará cada vez mais impopular e começará a perder apoio no Congresso.

EU ESTAVA LÁ…

Vicki Robinson, 58 anos, moradora de Baltimore (Maryland)
Vicki Robinson, 58 anos, moradora de Baltimore (Maryland)(foto: Fotos: Arquivo pessoal )

“Trump não está seguindo as leis e juízes. Ele não está permitindo o devido processo para imigrantes. Musk está demitindo pessoas e fechando programas e escritórios governamentais sem aprovação do Congresso. A guerra tarifária não permite o devido processo legal e ameaça a Previdência Social.” 

Vicki Robinson, 58 anos, enfermeira, saiu às ruas em Baltimore (Maryland)

Marlene Koenig, 70 anos, aposentada, protestou em Washington D.C.
Marlene Koenig, 70 anos, aposentada, protestou em Washington D.C.(foto: Arquivo pessoal )

“As pessoas estão horrorizadas com o que está acontecendo com nosso país, mas há conforto na comunidade e na solidariedade. Hoje provamos que não estamos sozinhos, e muitos outros sentem o mesmo. Os americanos não gostam quando suas contas bancárias são destruídas e os preços dos mantimentos disparam, enquanto Trump joga golfe na Flórida e destrói a Constituição.”

Marlene Koenig, 70 anos, aposentada, protestou em Washington D.C. 

 Saqib Bhatti, ativista, morador de Chicago
Saqib Bhatti, ativista, morador de Chicago(foto: Arquivo pessoal )

“O movimento contra Trump continuará a crescer e cada vez mais seus simpatizantes se voltarão contrea ele. Suas ações estão prejudicando a todos, até mesmo os republicanos ferrenhos. As pessoas continuarão se organizando e lutando para impedir o golpe bilionário. As pessoas estão com raiva e prontas para revidar. Acho que vamos continuar vendo mais e mais disso.”

Saqib Bhatti, ativista, protestou em Chicago

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Jornalista

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