Produção de grãos de feijão cresce no Distrito Federal
Tradicional na refeição dos brasileiros, a safra duplicou em relação ao ano anterior
O gerente de Operações Agropecuárias da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), Alessandro Rangel, explica que o ano safra é diferente do ano do calendário comum.
“Normalmente, a primeira safra começa junto com as primeiras chuvas, em meados de setembro, e passa de um ano para outro até janeiro/fevereiro”, detalha. O especialista em agriculturaexplicaque a primeira safra é a mais importante. “Você tem muita luminosidade, muito calor e tem umidade, que é a condição ideal para planta produzir. É onde a gente tira as maiores produções”, ressalta.
Para o produtor rural, Alan Cenci, 43, o aumento da produtividade pode ser resultado do alto índice de chuvas na cultura e o clima favoreceu o período de colheita. “Fazemos o sistema de plantio direto na palha, onde se disseca a vegetação instalada (ervas invasoras) e planta-se em cima da palhada, sem revolvimento do solo”, destaca o morador do Programa de Assentamento Dirigido (PAD-DF) sobre as técnicas de cultivo. Alan espera que as próximas safras sejam ainda melhores. “A expectativa é sempre um pequeno incremento por ano, já que cada vez mais o produtor investe em fertilidade de solo, manejo de plantas, genética entre outros parâmetros”, comenta.
Segundo o especialista em agricultura da Emater-DF, o feijão é uma das culturas mais exigentes por ser muito suscetível a doenças e pragas. A produção exige um ciclo de cerca de 90 dias. “Tem que combinar muito bem com São Pedro para ter uma boa safra”, brinca. Quando as chuvas começam a cessar, se dá início a segunda safra quando, normalmente, é plantada o milho por ser uma cultura menos exigente em água. Já a terceira safra é uma oportunidade a mais para aquele produtor que consegue fazer e produzir com tecnologia. “Falamos que a terceira safra vai para depois de junho a agosto, que são os meses secos”, explica Alessandro.
Sobre o assunto, o produtor rural de Santo Antônio do Descoberto (GO), Erlan William Kramer, 33, destaca preferir outros grãos. “Feijão exige mais do produtor em questão de maquinário, dedicação até a colheita. É uma cultura muito mais sensível a doenças a pragas, no feijão exige atenção do plantio até a colheita. Desde o preparo do solo, tudo tem que ser muito bem feito para conseguir uma boa qualidade nos grãos. E por isso, muitas vezes partimos para colheitas mais fáceis como a da soja que é bem mais segura e para o produtor”, conclui.
“É a lei da oferta e da procura. Quanto maior a oferta a tendência é a baixa de preço. Quanto menor oferta a tendência é a alta, então, por isso, os preços estão um pouco elevados. Por falta de oferta. No período que estamos, houve pouca demanda de feijão então houve uma pressão para o aumento nos preços”, diz Erlan.
Mesmo com a alta na produção, o feijão teve um aumento de 30% no preço da saca em relação ao cultivo anterior. “Há um ano, o feijão estava sendo vendido em média R$ 270 a saca. Nesse ano, ele alcançou R$ 370 na saca de 60 quilos”, destaca Alessandro. O milho teve uma retração no preço considerando a safra do ano passado. Enquanto a soja estagnou, mas apresenta tendência de queda para essa safra.
O gerente de operações destaca que o agricultor do DF é antenado às tecnologias. “O nosso produtor está muito atento ao mercado com as facilidades de internet e de busca de dados que ajudam muito o produtor na tomada de decisão antes do plantio, antes da primeira safra. Então, ele consegue programar melhor para conseguir melhores preços e melhor produtividade”, frisa.
“Hoje, as tecnologias no mercado são as melhores possíveis. Antes os maquinários eram bem mais inferiores, a cada dia, mais melhorias vem acontecendo. Elas facilitam no preparo no solo e na conservação”, explica Erlan.
O empresário do ramo de agronegócios, João Pedro Silva, 24, ressalta que o aumento na produção dos grãos consequentemente aumenta o fluxo nas negociações podendo haver uma baixa nos preços do produto por conta da alta oferta.
João opina que há diversos fatores que influenciam na alta de preços, como, por exemplo, a redução da área plantada, o alto valor dos insumos para a produção e também as adversidades climáticas encontradas em algumas regiões. “Essa alta passa a ser negativa para quem comercializa pelo fato de se ter menos produto para realizar negociações, mas por um lado pode se ter uma lucratividade ligeiramente melhor por conta do valor de venda mais alto”, acrescenta.
Entre os primeiros
Além de ser um forte produtor de feijão, o DF também se destaca no cultivo de milho e soja. Segundo o gerente de operações, a capital é um dos maiores produtores do Brasil, ficando anualmente entre os três primeiros em produtividade, medido em quilos por hectares. “A gente tem produtores que conseguem tirar mais de 100 sacas de soja por hectares. Isso está muito acima da média nacional que é de 50 a 60 sacas por hectares”, comenta. Para Alessandro, o sucesso do cultivo na capital se dá pelo alto nível tecnológico utilizado pelos produtores. “É muito cara essa tecnologia hoje e está sendo cada vez mais exigido do produtor acompanhar essas inovações”, ressalta.
Apoio
Erlan e Alan, contam que a Emater os auxiliam diretamente. “Sempre contamos com o apoio deles, ajudam com a ligação entre o produtor e as empresas, questões de licenças e projetos ligados ao produtor sempre contamos com esse apoio”, detalha Erlan.
Produção de grãos do DF (em toneladas)
Feijão (1ª Safra)
2021: 16 200
2022: 24 300
Variação: 50%
Girassol
2021: 1 050
2022: 1 260
Variação: 20%
Milho (1ª Safra)
2021: 135 000
2022: 117 000
Variação: -13,3%
Soja
2021: 312 000
2022: 303 120
Variação: -2,8%
Trigo
2021: 10 500
2022: 15 660
Variação: 49,1%
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE (dados atualizados em dezembro de 2022)
Fonte: Correio Braziliense
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