Distrital Gabriel Magno diz que cortes no orçamento da educação do DF para próximo ano podem impactar na qualidade do ensino e comprometer a merenda escolar
Em entrevista ao TaguaCei, o deputado distrital Gabriel Magno (PT) alertou que os cortes feitos pela gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) no orçamento público do ano que vem podem comprometer seriamente a educação. O distrital, que participou nesta quarta-feira de audiência pública na Câmara Legislativa do DF (CLDF) para tratar sobre o assunto, ressaltou que, caso os cortes sejam feitos, diversas áreas da educação pública do DF poderão ser comprometidas.
“Os cortes estão sendo feitos e nossa preocupação é que esses cortes causem impactos no orçamento da educação. E onde vai impactar? Vai impactar na merenda escolar, no transporte escolar, no uniforme, na infraestrutura, na biblioteca, nos laboratórios, nas quadras que as escolas precisam, na falta de profissionais. Então, quando você corta o orçamento da educação, o impacto é muito grande na escola”, explica.
O distrital disse que caso os cortes não sejam revistos, o governo estará descumprindo com o princípio constitucional que garante que 25% da receita anual do governo seja destinada à educação. “Vamos formalizar todos os questionamentos e também iremos acionar, se necessário, os órgãos de controle, como o Tribunal de Contas, o Ministério Público para que a gente possa cumprir o que está na Constituição”, afirma.
Eleições
No decorrer da conversa, Gabriel Magno falou a respeito do resultado eleitoral do pleito municipal. O distrital, disse que a esquerda, em especial, o Partido dos Trabalhadores não saiu vitoriosos da corrida eleitoral deste ano, mas também não foram os principais perdedores. Segundo ele, houve sim derrotas importantes, mas também houve vitórias significativas e que mostram que o jogo não está totalmente perdido.
“É óbvio que o resultado das eleições municipais não foi o esperado por nós do PT, pela esquerda. Qualquer avaliação que fala que a esquerda saiu vitoriosa das urnas é uma avaliação equivocada, não dialoga com a realidade. Nós tivemos derrotas importantes, mas também tivemos vitórias importantes”, sustenta.
O distrital argumenta que para além da concepção de quem foram os vencedores e perdedores, o importante agora é “compreender o perfil das eleições municipais no Brasil”. De acordo com ele, as eleições municipais, por mais relevantes que sejam, não representam como o eleitorado vota quando se trata da eleição nacional. Tanto, ressalta o distrital, que mesmo o PT tendo tido um resultado pífio em 2020, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu ser eleito em 2022.
“Eleições municipais no país sempre foram dominadas por aquilo que hoje a gente chama de centrão, que dialoga com essa política mais do “toma lá, dá cá”. As emendas [parlamentares], tem muita influência nisso, elas [as eleições municipais] acabam sendo em vários municípios brasileiros menos ideológicas, ela não segue o mesmo caminho das eleições nacionais”, ressalta.
Direita x esquerda
Para o distrital, o resultado das eleições municipais serviu como “lição” para os partidos de esquerda. Segundo ele, ampla vitória dos partidos de direita nessas eleições mostrara que a forma como os partidos de esquerda estão atuando politicamente, não está correspondendo aos anseios da população.
“É preciso disputar de novo essa consciência da população, mas resolver os problemas lá na ponta. Quais são os grandes problemas hoje do país? Ainda precisamos avançar na política de geração de emprego e renda, melhorar as condições de trabalho das famílias porque o governo Lula tem feito um bom trabalho de ampliar novamente o emprego, batemos agora recorde na taxa de desemprego no Brasil, mas ainda tem um problema porque esses empregos que nós estamos gerando são muito importantes, mas a parte importante desses empregos ainda tem um salário pequeno, condições de trabalho difíceis, a jornada de trabalho de 40 horas semanais, precisamos resgatar as nossas bandeiras”, afirma o distrital.
Unificação da base
Voltar às origens, segundo Gabriel Magno, é resgatar as bandeiras que sempre foram defendidas pelos PT. E isso, ele afirma, também deverá ser feito no Distrito Federal, caso a esquerda queira ganhar o pleito de 2026. Porém, o distrital explica, que, antes, será preciso ampliar e fortalecer a base composta pelos partidos que compõem a chamada Frente Ampla – PT, PV, PCdoB, Psol, Rede, PSB, PDT e Cidadania.
“Nosso trabalho é para unificar esses oito partidos para que eles estejam juntos na eleição de 2026 para enfrentar o governo de Ibaneis, da Celina [Leão], para enfrentar o bolsonarismo que vai vir forte”, defende. “O esforço da esquerda hoje, do PT, é o de unificar os partidos de esquerda, mobilizar a militância, que é o grande patrimônio nosso, e apresentar para a sociedade Distrito Federal um programa político para resgatar a confiança.”
Ainda, ao comentar sobre as eleições de 2026, Gabriel lembrou que vários nomes, principalmente do PT, já estão na mesa para apreciação. Ele citou como exemplo desses representantes, o nome da deputada federal Érika Kokay (PT-DF) que, segundo o distrital, não candidatará para mais um mandato na Câmara dos Deputados, sendo assim, em sua opinião, um dos melhores quadros que o PT poderia ter para lançar ao governo do DF em 2026.
“É um nome, talvez hoje é o principal nome da esquerda do Distrito Federal, principal quadro político do nosso campo, ela tem dito que não é candidata mais a deputada federal, então acho que é um bom nome para esse debate”, diz.
Confira abaixo a entrevista na íntegra com o deputado Gabriel Magno.
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