Programa do Sesc, Mesa Brasil, atende mais de 90 mil pessoas com cestas básicas no DF; doações são feitas diretamente a instituições cadastradas
Entre os programas de mais significância dentro das unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc), está o Mesa Brasil. Só no Brasil são 93 pontos de distribuição, sendo que em cada cidade que possui uma unidade do Sesc, consequentemente, há também uma coordenação do programa. Nossa reportagem esteve na unidade do Mesa Brasil do Distrito Federal. Aqui, como em todas as outras cidades, o programa trabalha por forma de convênios com instituições filantrópicas.
O programa funciona por meio de doações que geralmente são feitas por empresas do ramo alimentícios, como supermercados, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Secretaria de Agricultura do DF, além de outros segmentos, como é o caso a Feira do Produtor de Ceilândia, que por meio da Associação dos Feirantes Produtores Rurais e Atacadistas da Feira de Ceilândia e Entorno (Afeprace) recebe verduras, frutas e todo tipo de hortaliças.
“O Mesa Brasil é um programa de combate à fome, de combate ao desperdício de alimentos. Às vezes, o alimento perdeu o valor comercial, mas não perdeu o valor nutricional. Hoje, nós no DF atendemos 321 instituições e isso corresponde a mais de 97.600 mil pessoas”, explica Cláudia Vilhena, coordenadora do programa Mesa Brasil no DF.
O Mesa Brasil, segundo a coordenadora, foi considerado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a maior rede de alimento da América Latina.
“Esse é o nosso objetivo: sermos protagonistas na mudança deste patamar. Porque voltar para o mapa da fome é muito triste ainda mais num país continental como o nosso. Nós sabemos das dificuldades, mas em um país tão rico, que produz tantos alimentos, é inadmissível termos pessoas que têm o almoço, mas não tem o jantar”, argumenta Vilhena.
Doação
O programa é feito através de instituições cadastradas para receberem as cestas de alimento. Entre elas estão casas de recuperação para dependentes químicos, abrigos infantis e de idosos, entre outros. Todas as instituições precisam ser sem fim lucrativos. “O Mesa Brasil não doa alimentos para pessoa física, nós só doamos para instituições que prestam serviço à população. Por isso, temos todo um cuidado com a destinação dos alimentos”, afirma a coordenadora. “Por isso, nós temos o cuidado de fornecer alimentos que irão colaborar com a nutrição dessas pessoas. Por conta disso, que nós só doamos só para instituições.”
Já as doações para o programa podem ser feitas por empresas e pessoas físicas. Quem quiser contribuir pode fazê-lo por meio do e-mail mesabrasildf@gmail.com. “Nos mandem um e-mail, nós entramos em contato, marcamos uma reunião, eu faço uma visita, vou explicar o que é o Mesa Brasil, e após podemos receber as doações”, explica Vinhena.
Afeprace
A Feira do Produtor de Ceilândia, que há anos desenvolve o programa de assistência social Desperdício Zero, tem uma parceria com o Mesa Brasil. Como a feira tem excedente de produtos, geralmente os que compõem a chamada “cesta verde”, ela os doam para o Mesa Brasil, que, por sua vez, retornam também com doações de cestas de alimentos à feira.
“É uma parceria fantástica, porque ela [feira] nos doa e nós doamos para eles. Com isso conseguimos ampliar nosso apoio aos indígenas, estrangeiros, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, e tantos outros. É essa população que nos toca, são por eles que o Sesc está aqui e no país todo nessa arrecadação de alimentos”, diz Cláudia Vilhena.
Ainda de acordo com a coordenadora, é preciso que o problema da fome – que hoje assola mais de 30 milhões de pessoas em todo o país – seja combatida não apenas com ações do poder público, mas também com a colaboração de ajudas vindas da sociedade civil. “É preciso que todos pensem a fome, os empresários também, não só o governo. Já passou da hora da fome ser tratada de forma incisiva e definitiva. Nós dizemos que fazemos parte da humanidade, mas que humanidade é essa em que nós não temos a capacidade de cuidar dos nossos irmãos, do próximo. Eu sempre afirmo isso: só poderemos nos chamar de humanidade, quando nós realmente pudermos cuidar do nosso irmão, do nosso próximo.”