Falta de remédio para anemia falciforme afeta 612 pacientes no DF
Pacientes do Distrito Federal que lutam contra a anemia falciforme estão sem acesso à medicação gratuita fornecida pela Secretaria de Saúde (SES-DF) para tratar a condição. O remédio hidroxiureia ameniza as crises e dores causadas pela morte das células da medula óssea. Segundo a Associação Brasiliense de Pessoas com Doença Falciforme (Abradfal), a falta do medicamento é frequente na Farmácia de Alto Custo.
Dados da Abradfal dão conta de que mais de 1,5 mil pessoas sofrem com a doença no DF. Desse total, 612 estão cadastrados na rede pública de saúde para recebimento da medicação.
A anemia falciforme é uma enfermidade genética, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos, que ficam com uma forma semelhante a uma foice ou meia lua.
A doença causa dores nos ossos e nas articulações, porque o oxigênio chega a algumas partes do corpo em menor quantidade, principalmente nas extremidades, como mãos e pés.
Coordenador-geral da Abradfal, Elvis Silva Magalhães, 55 anos, teve anemia falciforme e passou por transplante de medula óssea, em 2005. Segundo ele, a falta de estoque do medicamente tem sido um problema para os pacientes desde o fim do ano passado.
“O hidroxiureia estava em falta desde dezembro. Pressionamos via ouvidoria e recorremos por meio da Defensoria Pública também. O remédio só chegou à Farmácia de Alto Custo no dia 13 de março. Porém, semana passada, já fomos comunicados de que estava sem estoque de novo da medicação”, relata Elvis.
A dificuldade de acesso ao remédio preocupa os pacientes que precisam fazer uso do fármaco todos os dias e não têm condições financeiras de arcar com os custos mensais do tratamento. “A falta dessa medicação leva os pacientes para as emergências, que já se encontram lotadas em decorrência da dengue. Precisamos de uma solução”, frisa o coordenador da Abradfal.
“São medicações de uso contínuo que o paciente não pode ficar sem tomar. É um descaso total, e nós sempre cobramos as autoridades, mas tem estado cada vez mais difícil de resolver. A medicação evita que o paciente, com a imunidade baixa, tenha que ir ao hospital”, salienta Elvis.
O problema afeta a auxiliar administrativa Ângela Núbia Lima, 49. Para ter mais qualidade de vida, a mulher toma dois comprimidos por dia. Na rede privada, uma caixa do remédio custa, em média, R$ 300.
“O hidroxiureia é uma medicação imprescindível para a qualidade de vida das pessoas com anemia falciforme. O que temos percebido é que, recorrentemente, a SES-DF espera a medicação acabar para, só assim, fazer o processo de compra. O ideal seria que o estoque sempre estivesse abastecido com o remédio que a gente tanto precisa”, pontua Ângela.
Para Ruth Ferreira da Silva, 39, o problema causado pela falta do remédio na rede pública é em dose dupla. Mãe dos gêmeos Davi e Lucas Ferreira, de 6 anos, com anemia falciforme, a dona de casa tem recorrido à compra do hidroxiureia em farmácias particulares.
“A gente se vê obrigada a comprar o remédio para evitar que ocorram crises e, consequentemente, internações. Sem a medicação, a qualidade de vida deles é zero”, desabafa Ruth.
De acordo com a moradora da Cidade Ocidental, mesmo que o estoque da Farmácia de Alto Custo seja abastecido, isso não garante que o quantitativo vá atender a todos os pacientes. “Quem chega primeiro, pega. Mas tem muita gente que, pela falta de acesso à informação, não consegue. Quando vai atrás, já acabou o remédio”, lamenta.
O que diz a SES-DF
Por meio de nota, a SES-DF informou que o medicamento Hidroxiureia 500mg encontra-se com aquisição regular, aguardando a entrega por parte do fornecedor.
Com informações da CLDF
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