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Mesmo com derrota em SP, Marçal vira sombra ao bolsonarismo para 2026

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O candidato do PRTB à Prefeitura de São PauloPablo Marçal, derrotado no primeiro turno do pleito, sai da disputa maior do que entrou e se consolida como uma sombra para o bolsonarismo. Sem recursos do fundo partidário, o influenciador obteve mais de 1,7 milhão dos votos, e ficou em terceiro lugar, com menos de 57 mil votos do que o segundo colocado, Guilherme Boulos (PSol).

Em entrevista coletiva na noite desse domingo (6/10), após a divulgação do resultado, Marçal disse que pretende concorrer à Presidência da República ou a um governo estadual em 2026. “2026 é daqui a algumas semanas”, disse Marçal.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoiou o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição, disse que não pretende conversar com o influenciador, dizendo que ele “pisou na bola”: “É igual um casamento. Você pode até perdoar, mas não conserta mais”.

Durante a campanha, Marçal despertou a ira do ex-presidente, que o chamou de “sem caráter”, em uma entrevista concedida ao Metrópoles no fim de agosto. Marçal chegou a dizer que Bolsonaro “se curvou ao comunismo” ao apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição.

O atrito entre Bolsonaro e Marçal quando o ex-presidente convidou o influenciador para subir no carro de som no o ato de 7 de setembro, de onde poderia assistir aos discursos das autoridades diante de uma Avenida Paulista lotada.

Por semanas, Marçal fez suspense sobre sua eventual participação. De última hora, apareceu no meio da multidão, tentou subir no carro de som após o fim do evento, mas foi impedido. Para Bolsonaro a atitude foi uma tentativa de se aproveitar politicamente do ato.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também teve desavenças com Marçal durante a campanha. O influenciador disse diversas vezes que Tarcísio estava tentando “levantar um defunto” ao apoiar Ricardo Nunes.

Marçal chegou a apelidar o govenador de “goiabinha”, “verde por fora e vermelho por dentro”, acusando ele de ser “esquerdista”. Tarcísio, por sua vez, disse que o influenciador é uma “ameaça para a democracia” e que “deveria estar na cadeia” por divulgar um laudo médico falso acusando Guilherme Boulos de ser usuário de cocaína.

O 2º turno de Marçal

Fora do segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal prometeu ajudar na campanha de candidatos de diferentes cidades do país que estão enfrentando o PT e “comunistas” na segunda etapa do pleito.

O influenciador citou Bruno Engler (PL), em Belo Horizonte, Cristina Graeml (PMB), em Curitiba, e Fred Rodrigues (PL), em Goiânia.

“Vou pegar meu capital político, que não é só de São Paulo, é brasileiro, e vou dedicar energia nisso. […] Onde tiver PT meu nome vai estar lá ajudando contra. Eu vou lá, vou pegar meu jato e vou. Vai ser por minha conta, não precisa de ninguém ajudar”, disse Marçal.

Laudo falso

A avaliação de integrantes do PRTB é que o laudo médico falso acusando Guilherme Boulos (PSol) de ser usuário de cocaína fez a diferença para deixar Pablo Marçal fora do segundo turno. Com base no documento falso, a Justiça Eleitoral determinou a suspensão das redes sociais do candidato a dois dias da votação.

Leonardo Avalanche, presidente do partido do influenciador, disse que os indecisos podem ter sido influenciados.

“Algum voto indeciso acabou, sim, tendo uma interferência”, disse Avalanche. “Não é derrota. Deixamos de ganhar uma eleição. É um sistema pesado, tiraram as redes sociais dele. Não tínhamos um minuto de rádio e televisão. Era o Pablo Marçal, um celular e o povo brasileiro”.

Integrantes da equipe jurídica de Marçal afirmam que o candidato foi “moleque” ao divulgar o documento falso.

“Isso foi molecagem dele, ele foi moleque. Não precisava disso para avançar para o segundo turno. Um médico picareta mandou aquilo para ele, e ele pegou e postou”, disse o membro do jurídico da campanha.

No PRTB, uma ala acredita que Marçal sabia da falsidade do documento. Um integrante da executiva nacional do partido, também ouvido em reservado, desconfia que a divulgação do falso laudo era um indício de que Marçal nunca quis ser prefeito.

A avaliação é que o influenciador pode ter entrado na disputa para ficar mais famoso, atingir um publico diferente nas redes sociais, ganhar dinheiro com a venda de cursos na internet e eventualmente se cacifar para uma disputa eleitoral maior, como a Presidência da República, em 2026.

Rejeição

Para adversários, a divulgação do laudo médico falso foi a apoteose de uma campanha agressiva, focada em ataques pessoais e provocações, que elevaram a rejeição a Pablo Marçal a 53% do eleitorado, segundo pesquisa Datafolha divulgada a um dia do pleito.

O candidato do PRTB acusou sem provas Boulos de ser usuário de cocaína, chamando o adversário de “cheirador” e “aspirador de pó”, prometendo mostrar no último debate, da TV Globo, elementos para fundamentar a acusação, o que não aconteceu.

Além de chamar Boulos de “cheirador” desde o início da campanha, Marçal fez ataques aos demais candidatos.

Sobre Nunes, Marçal insistiu que ele deveria explicar por que sua mulher, Regina Nunes, registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica contra o marido. O candidato do PRTB chegou a afirmar que Ricardo Nunes bateu na esposa, o que não consta no registro policial.

Para provocar Tabata, Marçal disse, ainda durante a pré-campanha, que a candidata do PSB foi responsável pelo suicídio do próprio pai, em 2012. O influenciador chamou diversas vezes a deputada de inexperiente.

Mirando em Datena, Marçal relembrou uma acusação de assédio sexual contra o apresentador, que foi arquivada a pedido do Ministério Público de São Paulo. Durante o debate da TV Cultura, em 15 de setembro, o influenciador chamou o adversário de “jack”, “estuprador” e “arregão”. Após a provocação, Datena arremessou uma cadeira em Marçal.

A campanha do peerretebista também se envolveu em outro episódio de agressão física, quando no debate do Flow, em 23 de setembro, o videomaker de Marçal Nahuel Medina deu um soco no rosto do marqueteiro de Ricardo Nunes, Duda Lima.

Suspensão das redes

A campanha de Marçal sofreu um baque quando, em 24 de agosto, o candidato teve suas redes sociais suspensas por decisão da Justiça Eleitoral, por suspeita de abuso de poder econômico. Ele é acusado de promover “campeonatos de cortes” entre seus seguidores, prometendo pagamentos em dinheiro para os quem obtivesse mais visualizações em vídeos de Marçal.

Os campeonatos de cortes eram realizados pelo influenciador havia mais de um ano. Segundo ação movida pelo PSB, no entanto, ele manteve a estratégia operando mesmo após o início da campanha, o que seria vedado pela Justiça Eleitoral. Após a suspensão das redes, o influenciador criou novos perfis. No Instagram, rapidamente obteve mais de 5 milhões de seguidores.

A suspensão das redes sociais fez o candidato do PRTB intensificar seu discurso “antissistema”, acusando a Justiça Eleitoral de “censura”. Marçal passou a adotar um discurso semelhante ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi declarado inelegível, e a dizer que é vítima de “perseguição política”. Até motociatas à la Bolsonaro Marçal começou a fazer.

As contas reservas de Marçal foram derrubadas após, a dois dias da votação, ele divulgar o laudo falso acusando Guilherme Boulos de ser usuário de cocaína.

Com informações do portal Metrópoles

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