Conheça o trabalho social de Lu Alckmin, esposa do vice-presidente da República
Engajada em ações sociais, a segunda-dama da República traz para o DF o projeto Padaria Artesanal, que permitiu a qualificação de mais de 100 mil pessoas, contribuindo para a geração de renda em populações em situação de vulnerabilidade
Há mais de 20 anos, Lu Alckmin deu início a um trabalho social com foco em ajudar populações em situação de vulnerabilidade. A ideia sobre como dar apoio aos mais necessitados surgiu após uma visita durante a campanha do marido, Geraldo Alckmin, à prefeitura de São Paulo, em 2000. Ela ouviu de mulheres da comunidade que, ao meio-dia, não haviam se alimentado ainda e o maior desejo era comer um pedaço de pão. A partir daí, dona Lu decidiu que seria esse o foco do seu trabalho voluntário.
06/12/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia – DF. Entrevista com Lu Alckimin na Paróquia São Paulo.(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Um ano mais tarde, depois da morte de Mario Covas, Alckmin, então vice-governador, assumiu o comando do estado e ela, o comando do Fundo Social de Solidariedade. Nascia o projeto Padaria Artesanal, que qualificou milhares de pessoas em cursos intensivos com um dia de duração para aprender a fazer 10 tipos de pães. As entidades que abrigam o projeto recebem um kit de materiais e as reformas necessárias para darem o curso. “Foram mais de 10 mil padarias artesanais implantadas em São Paulo, todas com dinheiro da iniciativa privada, nunca recebi nenhum dinheiro público. Nós fazíamos a qualificação e só podia receber o kit depois que aprendesse a fazer os 10 tipos de pães, que são nutritivos, saborosos e de alto valor comercial”, destaca.
Em Brasília, a agora segunda-dama da República conseguiu viabilizar o projeto por meio de parceria com o Sistema S. Um dos professores que ministrou oficinas na cidade foi Ailton Jesus da Silva, o chef Brown. Morador do Guarujá, em São Paulo, ele aprendeu o ofício em uma das turmas do início do projeto e alcançou sucesso no mundo da gastronomia. O projeto é uma parceria entre a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Arquidiocese de Brasília, Senai, Senac, Sebrae e o empresariado da capital federal. Foram capacitados cerca de 120 multiplicadores de 30 entidades com papel social no DF.
Em entrevista ao Correio, dona Lu falou sobre o Padaria Artesanal, a rotina com o
vice-presidente da República em Brasília, a trágica perda do filho Thomaz e o papel de avó. “O dia que eu fiquei sabendo da partida do meu filho, tinham tantas pessoas orando por mim, eu recebi cartas, foi o que me deu força”, relata dona Lu, contando sobre o apoio que recebeu, após a morte do caçula em um acidente aéreo, das pessoas que foram atingidas pelo trabalho social que exerce. Confira os principais trechos a seguir.
Como surgiu a ideia do projeto Padaria Artesanal?
Eu presidi o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo e o primeiro projeto que implantei foi o Padaria Artesanal. Qualificamos mais de 100 mil pessoas e espalhamos o projeto pelo estado inteiro. Faz mais de 20 anos que ele funciona. Em Brasília, não há Fundo Social, então eu não sabia como começar o projeto aqui, já que sou voluntária. Mas fui a uma missa e conheci dom Paulo Cezar (Costa, arcebispo de Brasília). Contei desse meu sonho e ele perguntou do que eu precisava. Falei que precisava de uma cozinha. “Então eu vou ajudar a senhora”, ele disse, e me indicou o frei Rogério (Soares), que é das paróquias Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês.
De que forma é feita a seleção para as pessoas participarem do projeto e qual é a frequência desse curso?
À medida que chegam os pedidos, nós formamos as turmas e qualificamos. E meu objetivo é levar o projeto para todo o Brasil, porque no país inteiro há pessoas que precisam.
Agora, como segunda-dama, a senhora vê a possibilidade de expandir para o Brasil como um todo?
Quando Geraldo (Alckmin) foi para o Maranhão, eu fui junto e já sentei com a primeira-dama (daquele estado) e apresentei o projeto. Ela enviou oito pessoas para fazerem o curso. Num outro dia, eu fui para o Ceará, pois ele também tinha uma reunião, e me encontrei com a primeira-dama. E, além disso, eu tenho uma amiga que faz um trabalho em duas entidades muito carentes. Fora isso, nós já conseguimos chegar a Águas Lindas de Goiás e também no Recanto Mercês, que cuida de dependentes químicos em Goiás. Temos pedidos para Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Amazonas, Rondônia. E eu tenho essa parceria com o Sistema S. Depois, a gente vai conversar e ver como faz para atender a todos.
E como foi fechar essa parceria com o Sistema S?
O Senai participa na gestão e na expansão; o Senac pagou uma professora e veio uma pessoa que tem uma história da padaria artesanal que é o chef Brown. Esse professor veio para esses 10 dias de qualificação para preparar uma equipe que vai reproduzir o aprendizado. Essas pessoas que foram qualificadas nesses 10 dias serão os multiplicadores.
Como foi sua chegada a Brasília e trazer o projeto para cá? A senhora sentiu que a cidade acolheu bem essa ideia?
Eu amo Brasília. Morei aqui por oito anos, quando o Geraldo foi deputado federal — ele foi duas vezes deputado federal e constituinte. Foi uma época maravilhosa da minha vida. Eu amo São Paulo também, mas fico muito feliz em voltar, ainda mais por causa do trânsito. Aqui, eu consigo visitar várias entidades em um dia. Lá, para ir até a Zona Leste levava duas, três horas no trânsito e, para voltar, mais três. Realmente (Brasília) é uma cidade linda, arborizada. A população tem sido tão generosa.
O vice-presidente é um frequentador assíduo de padarias da capital. A senhora vai com ele a algumas?
Ele vai às padarias aos sábados pela manhã. As reuniões dele são em padarias, tomando um café. Ele adora. Já conhece todas as padarias. Eu tenho meu momento em que gosto de ler, caminhar e refletir. Vou para padarias a semana inteira. Chega o fim de semana, eu o espero para almoçar.
Como a senhora lidou com o momento dramático que foram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro? Acha que as coisas agora estão mais tranquilas?
Foi um momento muito triste para a democracia, não tenho dúvida. Agora, o desemprego caiu e o presidente Lula tem feito um trabalho pensando na população, em oportunidades, porque existe muita pobreza mesmo.
A senhora pensou em se candidatar a cargos públicos?
Não, nunca fui (candidata) e nunca serei. Eu gosto de ser voluntária, é o meu sonho, é o que me realiza. A vida é muito curta, né? Então, acho que a gente tem que fazer o que gosta. Não existe nada de política (no trabalho). Aliás, não participo de nenhuma articulação política, nada. Admiro e acho importante a política, só que quem faz política é o Geraldo, eu faço o trabalho social.
É possível perceber uma sintonia com o presidente, até nesses momentos que Lula viaja, não é?
O Geraldo ama trabalhar, ele está realizado. Ele é uma pessoa muito leal, sempre foi muito leal ao governador Mário Covas. Falava: “Eu sou copiloto do Mário Covas”. A lealdade é tão importante, né? É importante em momentos de articulação. Todas as forças para ajudar são importantes. E o Geraldo é muito do diálogo.
A senhora viveu um momento muito difícil, talvez o mais dramático da sua vida, quando o seu filho sofreu um acidente e morreu. Muitas mulheres passam por isso e têm uma dificuldade enorme de sair desse momento tão delicado. O que a senhora diria para mulheres que passam por um momento como esse?
Foi bem difícil. Eu escrevi um livro, que está na 4ª edição, Amor que transforma. Como ajudei muitas pessoas, eu nunca esperava que um dia precisasse de oração das pessoas. O dia que fiquei sabendo da partida do meu filho, tinham tantas pessoas orando por mim. Eu recebi muitas cartas, foi o que me deu força. Nunca pensei que ia perder um filho, nunca fiz trabalho social querendo que eu tivesse esse apoio, mas tive um apoio tão grande. Rezaram tanto por mim. No dia em que ele faleceu, minha filha e Geraldo pensaram que eu ia morrer. Era o meu filho mais novo, e tínhamos muita afinidade, ele ia aos lugares comigo, aos trabalhos sociais. No dia seguinte, falei para minha equipe: “Me deem um mês, e eu vou voltar com força total, porque não serei eu que vou fazer o trabalho social: é ele que vai fazer por intermédio de mim”. Cada lugar que eu vou, cada qualificação, meu coração enche de amor, porque ele está presente, não fisicamente, mas espiritualmente, eu sinto a presença dele. É uma coisa muito forte e, por isso, eu escrevi esse livro, Amor que transforma, porque minha dor se transformou em amor ao próximo.
Como é a rotina do casal na cidade? O que gosta de fazer nos fins de semana?
Ele vai na padaria, e eu gosto de caminhar lá no Jaburu. Tem muito espaço e eu adoro os pássaros. Tem 19 emas, galinha da Angola, tem horta. Eu sempre fui ligada à natureza e gosto muito de ler, eu amo. À noite, às vezes, a gente joga buraco.
Qual é a sua leitura do momento?
Um livro que eu acabei de ler é um que li pela primeira vez em 1986. Lia para Sofia, minha filha, que hoje é casada — tenho sete netos — quando ela tinha 6 anos. Chama-se Uma mulher de fibra, de Barbara Taylor Bradford. Eu estou lendo pela terceira vez.
Seu papel de avó ressignificou muita coisa na sua vida também?
Eu amo ser avó. É a coisa mais gostosa quando eles chegam: ‘Vovó, eu te amo!’; ‘Vovó, tô com saudades’. Sempre que eles podem, eles vêm. Vieram no carnaval; vieram em julho; vieram no aniversário do Geraldo Neto, que é meu filho; vieram em novembro, no aniversário do Geraldo, meu marido. E agora eles vêm na semana que vem, então, fico muito feliz. Vão passar o Natal aqui. A família é tão boa, né? É tudo de bom, nos dá força, nos dá alegria, e a gente aprende tanto com as crianças. Eles fazem gato e sapato de mim!
Com informações do Correio Braziliense
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