
Parceiros e ex são agressores em 70% dos casos de violência contra mulher
Em quase 70% dos casos de violência contra a mulher, os agressores são os próprios parceiros ou ex-parceiros. É o que aponta a pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum de Segurança Pública e do Instituto Datafolha.
Atuais companheiros somam 40% dos agressores. Ex-companheiros vêm na sequência, somando 26% dos responsáveis por agressões a mulheres no Brasil.
Esse número praticamente dobrou em relação a 2017, primeiro ano da pesquisa conduzida pelo Fórum. Naquele ano, parceiros e ex-parceiros eram autores de 36,4% dos casos.
57% das vítimas foram agredidas dentro da própria casa. Além de a pesquisa mostrar que as mulheres não estão seguras com os homens com quem se relacionam, revela que o lar também não é um ambiente seguro, já que é o principal palco da violência doméstica.
Ainda segundo a pesquisa, os índices de violência de gênero atingiram seu maior patamar desde 2017. “Para analisar esse aumento de casos em todos os tipos de violência, não podemos desconsiderar o fato de que cada vez mais mulheres têm se reconhecido como vítimas de violência”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Antes, violências que eram naturalizadas agora são reconhecidas, e isso tem a ver com novas tipificações de leis para esses crimes.”
TESTEMUNHAS SILENCIOSAS
Os dados apontam um aumento em todos os tipos de violência contra a mulher. Cada mulher brasileira vivenciou ao menos três violências no ano de 2024.
“Uma em cada cinco mulheres brasileiras foi violentada em 2024, é um número expressivo que engloba mais de 21 milhões de mulheres. Nós já contávamos com um aumento durante a pandemia, mas, ao que parece, houve uma normalização dessas violências. E elas não param de subir”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A pesquisa mostra, ainda, que 91,8% das agressões a mulheres em 2024 foram testemunhadas. Em quase um terço dos casos, os próprios filhos da vítima presenciaram as agressões.
Maioria das vítimas não reage nem procura ajuda. Segundo a pesquisa, 47,4% das mulheres que sofrem violência doméstica não fazem nada. Quando buscam ajuda, diz o documento, 19,2% procuram familiares e 15,2% pedem socorro a amigos.
A polícia vem em quarto lugar. Apenas 14,2% das vítimas procuram órgãos oficiais como a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher ou delegacias comuns (10,3%).
Falta de provas e medo de represálias. O principal motivo alegado pelas mulheres para não procurarem a polícia é terem resolvido a situação sozinhas (36,5%), seguido pela falta de provas (17,7%). O medo de represálias (13,9%) e a descrença na capacidade da polícia de oferecer solução (14,0%) também são fatores relevantes.
O QUE DIZEM OS DADOS
Estudo ouviu 1.040 mulheres. Apesar dos avanços legislativos, como a Lei do Feminicídio (2015) e sua recente transformação em tipo penal autônomo (2024), o documento aponta que a violência continua a crescer.
Crescimento pode ser ‘efeito rebote’. Coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Martins atribui o crescimento à hipótese de um “efeito rebote”, onde a conquista de direitos e espaços pelas mulheres desencadeia uma reação de valores machistas e patriarcais, que buscam manter o status quo.
Samira Bueno também conclui o mesmo. “Narrativas públicas que minimizam a violência de gênero e discursos misóginos proferidos por formadores de opinião e tomadores de decisão podem criar um ‘caldo cultural’ que autoriza agressões”.
31,4% das entrevistadas foram alvo de insultos, humilhações ou xingamentos. Esse número representa um aumento de 22,2% em relação ao ano de 2017, quando foi realizada a pesquisa pela primeira vez.
16,9% vivenciaram agressões físicas. Esse tipo de violência engloba tapas, empurrões e chutes.
16,1% foram ameaçadas. Os casos citados pelas vítimas envolvem risco à integridade física —tapas, empurrões e chutes.
16,1% foram perseguidas. Stalking (perseguição) e amedrontamento também aumentaram em relação a 2017 —em 9,3%.
10,7% sofreram tentativa forçada de relação sexual. O dado também engloba ofensas de cunho sexual e representa cerca de 5,3 milhões de brasileiras.
Divulgação não autorizada de fotos/vídeos íntimos é nova categoria. Novidade na abordagem da pesquisa, o crime de pornografia de vingança fez 3,9% de vítimas, segundo a pesquisa.
ASSÉDIO COTIDIANO: UMA VIOLÊNCIA NORMALIZADA?
Mais de 29 milhões de brasileiras foram assediadas em 2024. Quase metade das entrevistadas (49,6%) relatou ter sofrido algum tipo de assédio, desde cantadas na rua até serem tocadas sem consentimento.
Trabalho é um dos maiores palcos. As formas mais comuns são cantadas e comentários desrespeitosos na rua (40,8%) e no ambiente de trabalho (20,5%).
Número deve ser ainda maior. Apesar da alta frequência, os pesquisadores acreditam que o número é ainda maior, uma vez que a cotidianidade de ações de assédio podem levar mulheres a normalizar esse tipo de situação.
“O ciclo da violência doméstica é complexo e marcado por barreiras que impedem a vítima de buscar ajuda. O medo, a vergonha, a dependência econômica e emocional, e o isolamento social são alguns dos fatores que contribuem para a perpetuação da violência. O rompimento do ciclo, embora necessário, expõe a mulher a um risco ainda maior, como demonstram os relatos de mulheres divorciadas”, disse Juliana Martins, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Com informações do Jornal de Brasília
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