Conheça toda a logística do Concurso Nacional Unificado
MGI mostra detalhes ao Correio do esquema logístico especial para a realização do Concurso Público Nacional Unificado em todo o país e faz orientações. Oito estados contarão com reforço da Força Nacional na segurança do exame
Após o adiamento da realização do Concurso Público Nacional Unificado (CNPU), em maio, devido à tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, a espera de mais de 2 milhões de concurseiros está chegando ao fim. Falta apenas uma semana para as provas que ocorrerão em 228 municípios no próximo domingo. Estão em jogo 6.640 vagas em 21 órgãos federais e a mobilização para o exame, em várias cidades, chega a ser maior do que a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como é o caso de Brasília, e, por isso, o certame vem sendo chamado de Enem dos concursos.
É a primeira vez que o governo federal realiza uma única prova para vários órgãos. E, de acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), está sendo preparada uma logística de guerra para o transporte das provas para elas chegarem a todos os 3.647 locais de provas. A estimativa da pasta é de que 215 mil pessoas estarão envolvidas na operação, praticamente o mesmo número de candidatos que farão provas apenas na cidade do Rio de Janeiro.
Coordenador-geral de logística do CNPU do MGI, Alexandre Retamal revela, em entrevista ao Correio, que mais de 1,9 mil servidores estarão empenhados na segurança do exame. “O Enem tem mais participantes, mas ele é mais pulverizado, com 1,7 mil cidades. E, no CNPU, serão 2,1 milhões de participantes concentrados em 228 municípios”, compara Retamal. De acordo com o técnico, a Força Nacional de Segurança Pública, por exemplo, vai auxiliar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no transporte e na segurança das provas do Concurso Unificado, tanto no envio dos locais de exames quando no retorno dos formulários respondidos para o Rio de Janeiro, onde fica a sede da Fundação Cesgranrio — banca examinadora que aplicará o exame e fará a correção de todos os cadernos de respostas.
Em oito estados — Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Amazonas, Pará, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão —, haverá o auxílio da Força Nacional na segurança também.
“É importante dizer que a Força Nacional auxilia, mas a responsabilidade é da PRF em todos os lugares. A PRF tem uma experiência grande com isso e eles, inclusive, estão fazendo um trabalho muito dedicado para garantir a segurança das provas”, explica Retamal. Ele conta que a Força Nacional vai dar um suporte para garantir a segurança de locais estratégicos do Rio de Janeiro por onde as provas vão passar, por exemplo, e esse é um trabalho que está sendo feito em conjunto com as forças de segurança da cidade, mas também com a PRF e com o apoio de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“A Abin está mostrando esses locais e a segurança vai sendo aprimorada nesses locais de forma semelhante ao que acontece, por exemplo, quando está tendo a reunião do G20, esses grandes eventos lá no Rio. Então, a gente vai ter uma segurança ampliada na cidade”, acrescenta.
Retomada do Rio Grande do Sul
De acordo com Retamal, será possível realizar o exame em todos os 10 municípios do Rio Grande do Sul inicialmente previstos, apesar das enchentes que destruíram quase todas as cidades do estado.
“Os 10 municípios originais onde haveria as provas confirmaram e conseguimos viabilizar em parceria com as prefeituras. Na verdade, nós só precisamos trocar seis locais de aplicação dentro do estado, quatro deles em Porto Alegre, que foi o município mais impactado”, explica.
No RS, a Força Nacional vai colaborar com a Polícia Militar gaúcha nos locais onde ocorrerão as provas e reforçará a segurança, principalmente, em Porto Alegre, e há um plano de emergência em caso de chuva. “Vamos usar a Força Nacional em Porto Alegre para não sobrecarregar a brigada local. Porque eles ainda estão em estado de alerta. Qualquer chuva, a água ainda está batendo na beira do Gasômetro, porque foram quatro barragens que caíram”, destaca.
Nas cidades gaúchas o dia amanhece mais tarde, recorda Retamal, e, em Passo Fundo, por exemplo, como o local da prova fica na beira de uma estrada, a PRF vai garantir a segurança dos candidatos desde bem cedo perto da universidade onde vai ter o exame. Além disso, foi criado um link para os candidatos e trabalhadores do estado onde é possível ver, em tempo real, todos os locais com obras para saber como se deslocar no estado.
Esquema para a seca
Em paralelo ao RS, também haverá um esquema logístico especial para o Amazonas, por conta da seca, de acordo com Retamal. “Negociamos com os governos dos estados, com as prefeituras para poder, de alguma forma, o tanto que for possível, viabilizar a aplicação nesses locais”, destaca. O técnico conta que o foco do trabalho foi encontrar formas de garantir que os candidatos cheguem no local de prova devido à redução de trechos de rios navegáveis. “No Amazonas, o problema não é levar as provas, porque podemos usar helicóptero. O problema lá é o pessoal conseguir chegar, principalmente os ribeirinhos e os indígenas”, explica. Para isso, a equipe do MGI realizou várias reuniões com os governos dos estados da região do Amazonas.
A estratégia foi gravar programas de rádio e distribuir pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), e pelas rádios regionais e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para que as populações ribeirinhas e indígenas possam se deslocar com antecedência para os locais de prova. Ao todo mais de 10 mil indígenas devem prestar o concurso em todo o país.
“Até porque, em alguns desses casos, têm indígenas que conseguem andar uma parte de barco, outra parte coloca a canoa na cabeça e vai andando, e, depois, volta para o barco”, explica Retamal.
“Negociamos com as prefeituras porque quase todas têm casas de apoio aos indígenas. E, junto com a Funai está sendo feita essa ponte para que as casas de apoio aos indígenas possam receber esses indígenas que vão fazer a prova na véspera ou durante a semana para que eles possam ter esse suporte quando vão fazer a prova”, acrescenta.
Retamal destaca ainda que a Abin e a Polícia Federal (PF) executaram papéis importantes para estruturar o esquema de segurança e medidas para evitar fraudes. Uma delas será a identificação do candidato por biometria e grafologia de todos os participantes.
A conferência será feita apenas dos aprovados e quem estará a cargo dessa tarefa é a PF. Os dois órgãos fizeram um trabalho para ampliar a segurança, tanto na gráfica quanto no local de elaboração de provas. E, junto com a Secretaria de Governo Digital do MGI, a Secretaria Nacional Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e a área de cibersegurança do MGI, da Abin e da PF fizeram um esquema para evitar qualquer tipo de problema nos sistemas. “Então é um trabalho integrado para que não haja qualquer possibilidade de ataque hacker”, garante.
Com informações do Correio Braziliense
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