Meta de Lula são 1.000 institutos federais profissionalizantes
Ao lançar a pedra fundamental da unidade no Sol Nascente, presidente afirma que deixará a mesma marca obtida por Pelé, Romário e Túlio Maravilha nos gramados
Ao participar da cerimônia de lançamento da pedra fundamental do campus do Instituto Federal de Brasília (IFB), no Sol Nascente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que tem como meta pessoal implantar mil instituições de ensino técnico. Ele lembrou que, em 100 anos, foram criados 140, mas, apenas em seus três mandatos, esse número subiu para 782.
“Quero chegar a 1.000 porque da mesma forma que o Pelé, o Romário e o Túlio Maravilha queriam marcar 1.000 gols, quero, quando deixar essa terra, ter feito 1.000 escolas técnicas nesse país”, disse, citando alguns dos principais jogadores do futebol brasileiro que alcançaram a marca histórica.
A unidade do IFB do Sol Nascente integra o plano de expansão dos institutos federais por meio do Novo PAC. O investimento previsto é de R$ 2,5 bilhões para construção de 100 novos campi pelo Brasil a fim de gerar 140 mil novas vagas de educação profissionalizante.
O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou a conquista do Sol Nascente. “Aqui, a gente vai ter um instituto que vai dar oportunidade para 1.400 jovens do Sol Nascente, que vão fazer ensino técnico ligado ao ensino médio e a chance de obter licenciatura. Minha palavra é de agradecimento ao presidente, que reafirma o compromisso com educação pública de crianças e jovens”, afirmou.
Considerada a maior favela do Brasil, Lula afirmou que o Sol Nascente não se parece com comunidades periféricas tradicionais. Enalteceu a organização dos moradores e a intervenção do poder público.
“Faz um mês que vim de helicóptero quando me comunicaram que passava pelo Sol Nascente. Fiquei olhando onde é que estava a favela. O Sol Nascente não tem nada a ver com o que a gente conhece no Rio, São Paulo, Pernambuco ou Ceará. É melhor que muitos bairros de classe média baixa em São Bernardo do Campo e outras cidades. Achei que ia chegar aqui e encontrar um lugar feito de pedaços de madeira, de zinco, que não tinha rua, que não tinha nada. Estou em uma cidade e isso se deve ao trabalho de vocês e ao atendimento que o poder público. É uma conquista extraordinária”, afirmou.
Teatro Nacional
Lula aproveitou o evento para cobrar a reforma do Teatro Nacional de Brasília, fechado há 10 anos. E lamentou que não esteja funcionando. “Se viesse o presidente da França (Emmanuel Macron) aqui e tivesse falado: ‘Lula, quero ir ver um show no Teatro Nacional, uma peça’ — tinha que falar para ele: ‘Não está funcionando porque está parado há 10 anos'”, lamentou.
O presidente disse que tem cobrado do governo do Distrito Federal e da ministra da Cultura, Margareth Meneses, a reabertura do teatro. “É patrimônio da humanidade tombado pela Unesco e precisamos cuidar. No Brasil, a gente tem a mania de tombar as coisas, mas não colocam dinheiro para manter. As coisas vão se deteriorando”, frisou.
Interditado desde 2014 por problemas estruturais, o Teatro Nacional começou a ser reformado em janeiro de 2023. A primeira etapa da obra, que compreende a restauração da Sala Martins Penna.
Defesa da mulher
Lula fez um discurso repudiando a violência doméstica, em meio às acusações contra seu filho mais novo, Luís Cláudio Lula da Silva. Conforme ressaltou, “mulher não foi feita para apanhar” e foi a primeira vez que se pronunciou sobre o assunto.
“Neste país, existe muita violência contra mulher, e violência às vezes dentro de casa, que o marido não respeita muitas vezes a mulher”, disse, na cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental do Campus Sol Nascente do Instituto Federal de Brasília (IFB).
Lula lembrou da história de sua mãe, Dona Lindu, e de seu pai que, segundo o presidente, era um “homem muito bruto” e batia nos filhos. “A mulher não foi feita para apanhar”, comentou.
As declarações ocorreram na esteira da defesa do presidente sobre a importância de um emprego, especialmente para a mulher vítima de violência doméstica. “Normalmente, as pessoas falam que quando o marido dentro de casa bate na mulher, ela fica com ele porque depende dele para comer”, comentou, defendendo a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. “Tem gente que não quer pagar salário igual para homem e mulher”, lamentou.
As falas de Lula ocorrem em meio às acusações contra seu filho de agredir a médica Natália Schincariol, de 29 anos, que registrou boletim de ocorrência (BO) on-line e acusou Luís Cláudio de ataques físicos e psicológicos. Os dois mantiveram uma relação nos últimos dois anos, mas se separaram, segundo ela, depois de ela descobrir supostas traições do filho mais novo do presidente.
O BO cita cinco acusações contra Luís Cláudio (violência doméstica, ameaça, vias de fato, violência psicológica contra a mulher e injúria). Advogados do filho de Lula disseram que as declarações são “fantasiosas” e pedirão de Natália reparação por danos morais.
Vaias
O ensejo para falar sobre a violência contra a mulher foi dado pelas vaias da plateia à vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão. Assim que começou o discurso, ela foi apupada — o que fez com que o presidente se levantasse, se colocasse ao lado dela e passasse a aplaudi-la como forma de contorna o mal-estar. O deputado distrital Chico Vigilante (PT) a cercou logo em seguida e, como Lula, também a aplaudiu. Somente assim as hostilidades cessaram.
Celina retribuiu o gesto de Lula e de Vigilante. “Presidente, quero lhe falar que estive presente, em nome do governo Ibaneis Rocha, em todos os eventos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para agradecer a todas as obras do governo federal que estão vindo para Brasília”, disse. (Com Agência Estado)
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