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Mães solo falam sobre as dores e delícias de criar os filhos sozinhas

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Com a ausência de um companheiro e muitas vezes sem apoio nenhum, mulheres tem que se desdobrar para dar uma vida melhor aos filhos. Essa é a realidade de mais de 140 mil mães do DF. O Correio traz a história de algumas delas

As mães solo são aquelas que assumem de forma exclusiva todas as responsabilidades pela criação e educação do filho, realidade de mais de 140 mil mulheres no Distrito Federal, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), realizados em 2021. Neste domingo de Dia das Mães, o Correio conta as histórias de Maria de Jesus, Simone Araújo, Clara Gasparotto e Juliane Martins. 

Presente de Deus

Após perder o marido na pandemia de covid-19, Maria de Jesus, 50 anos, se viu em uma situação muito difícil, já que precisava manter a casa e os filhos sozinha. A falta de um companheiro para dar um apoio é a principal dificuldade. “Eu preciso me desdobrar, faço a função dos dois. Muitas vezes meu garoto (Miguel Cavalcante, 12) precisa de uma palavra amiga e um pai faz falta. Eu sempre dou um jeito. Só folgo aos domingos e quartas-feiras, pois, às vezes, preciso resolver algumas coisas. É um desafio, mas sempre estou presente”, pontua.    

Há dias em que Maria precisa fazer duas diárias para não faltar dinheiro em casa, e isso só é possível porque ela recebe ajuda de uma professora que fica com Miguel, dando-lhe aula de reforço ao menos três dias na semana. “Ela também me ajuda a educá-lo, a fazer as atividades do colégio e a praticar alguns esportes. Eu pago um valor simbólico por conta das despesas. Graças a Deus, sempre tenho alguém que me ampara”, relata.   

“Um presente de Deus e uma graça divina”, é como Maria vê um filho. Servem como um ponto de fortaleza e recarga das energias. “Às vezes eu passo por lutas e dificuldades, mas quando chego em casa, e os vejo, me renovo. Nas batalhas, sempre ouço deles uma palavra que me ergue. Ser mãe é algo muito importante. Não tenho palavras para descrever o tamanho do significado”, finaliza.

Dificuldades esquecidas com o amor

A auxiliar em serviços gerais Simone Araújo, 34, sempre criou João Pedro Rodrigues, 9, sozinha, e conta que o principal problema é educar o garoto, já que é muito difícil conciliar o trabalho com a criação do pequeno. “É muito triste não poder contar com ninguém. No começo, foi muito mais complicado, mas fui me adaptando com o passar dos anos”, comenta. “Quando eu preciso sair durante à noite, peço para minha irmã ficar com meu filho; caso eu não consiga ninguém, não saio”, declara.

Outro grande problema é a parte financeira, já que não tem residência própria e precisa pagar o aluguel e as despesas de casa. “Nesses momentos eu tenho que pedir dinheiro emprestado com alguém”, explica. A escola em que o João estuda é integral e, quando ele retorna para casa, a mãe está chegando. Por isso, não precisa pagar ninguém para ficar cuidando dele. Todas essas dificuldades são esquecidas com o amor. “Ele é o melhor presente que eu poderia receber e tudo para minha vida. Não sei como eu seria sem ele. Acho que conseguiria existir”, declara.  

Esperança de um futuro melhor

Quase 100% da renda de Clara Gasparotto, 33, é para atender as necessidades do filho. “Meus pais são minha rede de apoio quando preciso de ajuda”, relata. Esse gasto tende a aumentar, já que Clara está de licença médica e, quando retornar ao trabalho, Vicente, de 10 meses, terá que ir para uma creche.

As principais dificuldades enfrentadas por Clara são em relação à carga mental, já que independentemente do estado físico, emocional ou financeiro, ela sempre deve estar pronta para tudo. “Ser mãe é ter força para mover-se mesmo que o mundo inteiro tente nos paralisar. Meu filho é a pessoa mais importante do mundo. Não imagino minha vida sem ele. Para mim, é a esperança de um futuro melhor e o simples fato dele existir, já me motiva a ser alguém melhor todos os dias”, descreve. 

Amor inconfundível

Conseguir um tempo para ficar com o filho não é fácil quando você é uma mãe solo e mudar a rotina de trabalho foi a maneira encontrada pela Juliane Martins, 35, para passar mais horas com Plínio Martins, 6. “Para economizar, quando estou trabalhando, ele vai para casa da avó e para a escola. Além disso, tiro dois dias da semana para ficar com ele no período da tarde”, relata.

Há três anos, Juliane cuida de Plínio sozinha e educar o filho sempre foi a tarefa mais difícil, principalmente quando não se tem muito tempo ao lado dele. “Às vezes, ele aprende palavras ruins do cotidiano e fica com uma rebeldia aqui ou ali”, revela. Acompanhar o garoto de perto, segundo contou, evitaria essas ações da criança.  

Ficar um tempo com o filho seria mais que ajudar na educação, também é um momento de acompanhar o crescimento do filho, pois é algo único e que não volta. Juliane conta que ser significa amor. “Amar um ser mais que a própria vida. É um amor inconfundível, incondicional e único”, emociona-se. 

Com informações do Correio Braziliense

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Jornalista

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