O Dia dos Namorados coincide com o período das festividades juninas e com o Dia de Santo Antônio, amanhã. Conheça histórias de casais que encontraram depois de pedidos para ao santo casamenteiro
No Dia dos Namorados, diversos casais da capital manifestam seu amor e cumplicidade. Entretanto, outra data também carrega um simbolismo especial tanto aos apaixonados quanto à comunidade católica do Distrito Federal: o Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho. Em meio às bandeirolas de festas juninas, aos pedidos sussurrados em oração e aos corações ansiosos por um amor, Brasília se rende à tradição do santo casamenteiro. Santo Antônio, o santo dos humildes e dos apaixonados, ganha espaço nas igrejas, nos lares e nas lembranças de quem acredita que o amor, quando vem, é milagre.
A fama de Santo Antônio como o “santo casamenteiro” atravessou séculos e fronteiras. A origem dessa tradição vem de uma história tocante. Conta-se que uma jovem, sem recursos para se casar por não ter um dote — valor exigido na época para o como parte do acordo matrimonial — recorreu a Santo Antônio. Movido pela súplica, o santo teria lhe dado um bilhete endereçado a um comerciante. Nele, pedia que o homem entregasse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel.
O comerciante, imaginando que a quantia seria insignificante, aceitou. Mas, para sua surpresa, o papel pesou o equivalente a 400 escudos de prata — exatamente a quantia que ele próprio havia prometido doar a Santo Antônio tempos antes, e nunca cumprira. Diante do acontecimento, viu ali um sinal divino, cumpriu sua promessa, e a jovem enfim pôde se casar.
Fé, amor e tradição
Aos 85 anos, dona Marta da Cunha carrega no peito uma história de fé que se entrelaça com a própria história de Brasília. Devota de Santo Antônio há 58 anos, ela acredita que foi com uma “ajudinha do céu” que conheceu o grande amor de sua vida: Vicente de Paula Rodrigues da Cunha (falecido aos 74 anos), companheiro de jornada e pai de seus seis filhos. “A gente se encontrou rezando. Cada um, sem saber do outro. Foi coisa de destino, de oração cruzada. Pegamos na mão e não soltamos mais”.

Mais do que formar uma família, dona Marta e seu Vicente ajudaram a levantar, literalmente, a festa de Santo Antônio no Santuário da 911 Sul. Com a mãe, dona Blandina, também devota fervorosa, começaram vendendo quentão na porta da igreja. Depois veio o churrasco feito em casa, as barracas de madeira cobertas com palha da chácara, e uma comunidade inteira se formando em torno da fé. “Todo mundo queria ajudar. A festa foi crescendo, foi virando tradição. Era tudo com muito carinho por mim e meu marido”.
Prece atendida
Em outros casos, a intercessão de Santo Antônio é mais sutil. Foi no meio da correria de um evento no trabalho, entre caixas e preparativos, que Priscilla Canuto, hoje com 39 anos, fez uma oração silenciosa ao santo. Pedia, com fé, um sinal: “Se ele for a minha graça, que apareça agora e me chame para sair.” E apareceu. Na mesma hora, Hugo Canuto, então chefe de área e amigo de longa data, saiu da sala ao lado. Minutos depois, o primeiro encontro foi marcado. Desde então, não se separaram mais.

A história, que soma 14 anos de parceria — sendo 12 de casamento —, começou com amizade e ganhou força com fé. Priscilla havia feito uma promessa ao Santo Casamenteiro: participou da trezena, escondeu uma imagem de Santo Antônio no escuro e fez um pedido claro. Queria um bom marido, católico, disposto a formar uma família. “Prometi que só tiraria a imagem de lá quando encontrasse esse homem. E que me casaria na igreja de Santo Antônio. Cumpri a promessa em 2023”. Para o casal, não há dúvida: o santo teve papel determinante no encontro e na construção do lar que formaram. “Minha fé era grande, mas cresceu. Vivemos tudo isso juntos”, conta Hugo.
Amor em sintonia
O amor de Sumara e Eduardo Gallo começou entre violões e ensaios de músicas católicas, num grupo jovem chamado Segue-me, em 1995. Ela, com 20 anos, cheia de sonhos e fé; ele, o “chefinho” da equipe de animação. “Confesso que só perguntei o nome dele depois que começamos a namorar”, brinca Sumara. Até hoje, ela o chama carinhosamente de Gallo. O casal, que hoje está junto há quase três décadas, acredita que Santo Antônio apenas aguardava o momento certo para unir os dois.

Embora não tenha feito promessas formais, Sumara revela que, na juventude, pedia em silêncio ao santo por um amor verdadeiro. “Santo Antônio sabe ler o coração dos seus fiéis”, diz. E leu. O reencontro definitivo dos dois aconteceu em um encontro da Pastoral da Juventude com adolescentes, no Mosteiro São Bento. Pela primeira vez, conseguiram um instante a sós.
Em meio à correria, pararam, conversaram sobre a vida, os medos, os sonhos… e foi ali que o amor desabrochou. “Acho que Santo Antônio e São Bento agiram juntos naquele dia”, ri ele. De lá para cá, a fé só cresceu. A relação com o santo nunca se desfez — pelo contrário. “Ajudamos na Festa Junina de Santo Antônio desde os 17 anos. Nossa barraca é a das bebidas”, conta Sumara.
Coração da devoção
Todas essas histórias de amor e fé têm um ponto em comum: O Santuário Santo Antônio, localizado na 911 Norte. A igreja é a única dedicada exclusivamente ao santo casamenteiro dentro do Plano Piloto de Brasília. À frente das celebrações está o Frei Edgar Alves, OFM, reitor do santuário.
Segundo o padre, a devoção ao santo só cresce. “Antes, tínhamos cerca de 20 mil pessoas passando aqui no dia 13 (amanhã). Hoje, são mais de 40 mil fiéis ao longo do dia. É uma demonstração de fé impressionante”, afirma. Entre essas pessoas, muitos jovens. “Eles ainda buscam a intercessão de Santo Antônio, sim. Seja para encontrar um companheiro comprometido com a fé, seja para desabafar ou até descobrir sua própria vocação. Às vezes, o chamado de Santo Antônio não é para o casamento, mas para o sacerdócio ou a vida religiosa”, pondera.
Mais do que unir corações, a missão do santuário é manter viva a mensagem de solidariedade e fé de Santo Antônio. “Ele une as pessoas com amor, para que cheguem ao sacramento do matrimônio com a bênção de Deus. É isso que queremos celebrar neste dia 13: o amor verdadeiro e a força da fé”, conclui Frei Edgar.
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