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Na reta final, as apostas de Nunes e Boulos

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Candidatos à Prefeitura de São Paulo tomam caminhos diferentes em busca de votos, mas têm em comum a confiança na polarização

Após um primeiro turno apertado nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, o atual ocupante do cargo, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) — que obtiveram 29,48% dos votos válidos e 29,07%, respectivamente — lançam mão de estratégias opostas para esta fase final da campanha.

Líder nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno, Nunes será seletivo na escolha dos debates. Disse que participará apenas de três, evitando, assim, o embate mais frequente com Boulos.

Nas redes sociais, o foco de Nunes tem sido agradecer os votos conquistados no primeiro turno e destacar as realizações como prefeito de São Paulo. Há apenas uma publicação atacando Boulos nesta fase da campanha: “Olha aí o Boulos de verdade! O sujeito continua tendo orgulho dos anos de invasões e badernas que promoveu por aí… Definitivamente, alguém assim não pode comandar a nossa cidade”, disse numa publicação.

A campanha dele acredita, também, num apoio mais aberto do ex-presidente Jair Bolsonaro. No primeiro turno, o respaldo do ex-chefe do Executivo foi bastante discreto. Mas, na quinta-feira, Bolsonaro se comprometeu a participar de eventos com Nunes em São Paulo nos próximos dias.

Por sua vez, o prefeito afirmou que aceitaria um possível indicado do ex-presidente para integrar suas gestão. “Vamos supor que ele (Bolsonaro) indique o Paulo Guedes para a Fazenda, é um nome bom. Não fiz acordo de cargo com ninguém, com nenhum dos partidos”, frisou, durante sabatina da TV Record, também na quinta-feira. “Se ele indicar o Paulo Guedes para a Fazenda, eu aceito.”

Por sua vez, Boulos confia no apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair o eleitorado. O petista teve presença discreta no primeiro turno, mas a expectativa da campanha do deputado é de que o chefe do Executivo se envolva mais nesta etapa final do pleito.

Boulos também aposta nos ataques a Nunes nas redes sociais. Tem batido na tecla de que a maioria dos eleitores votou contra o atual prefeito. “No primeiro turno, 70% das pessoas votaram pela mudança. A maioria da cidade de São Paulo deu um recado na urna — mesmo aquelas pessoas que não votaram ainda em mim e na Marta (Suplicy, candidata a vice)”, ressaltou, em propaganda que foi ao ar nesta sexta-feira. “Sete em cada 10 paulistanos disseram que a gente precisa mudar.”

Nesse duelo pela Prefeitura, Boulos tem um desafio a mais: superar a forte rejeição, de 58%, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta semana. São eleitores que declararam que não votariam no candidato do PSol “de jeito nenhum”. Já Nunes tem 37% de rejeição.

A rejeição a Boulos é ainda maior entre os eleitores que votaram no coach Pablo Marçal no primeiro turno (de 92%). Já Nunes é rejeitado por 9% dos simpatizantes do influenciador.

Na avaliação do consultor político Giuliano Salvarani, existem dois pontos principais que compõe a rejeição a Boulos: “O seu enquadramento como ‘invasor de imóveis’, ligado ao seu histórico de militância no movimento social junto aos sem-teto, e o seu suposto extremismo ideológico de esquerda”, destacou.

Para o cientista político Robson Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), “Nunes espera captar o eleitor do Pablo Marçal e do Bolsonaro, mas o problema é o racha na direita e na extrema-direita e a crise entre as lideranças desses blocos políticos”. “Isso pode respingar na sua campanha”, frisou.

O analista político Gabriel Petter entende que o eleitorado dos candidatos já está consolidado, o que não oferece uma margem de grande crescimento, principalmente para Boulos.

“Considerando que é improvável que os votos de Pablo Marçal migrem para Guilherme Boulos e que nem todos os votos dados a Tabata Amaral deverão migrar para Boulos, a tendência é que Ricardo Nunes seja reeleito, a não ser que tenhamos um fato político que mude completamente esse cenário, o que não está no horizonte”, argumentou.

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Jornalista

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