Carnaval 2024: veja como foi o 2º dia de desfiles na Marquês de Sapucaí
Os enredos das apresentações focaram principalmente em questões raciais, com exaltação da cultura afrobrasileira. O anúncio da campeã será feito na quarta-feira (14/2)
Na noite desta segunda-feira (12/2), seis escolas desfilaram pelo Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro no Sambódromo Marquês de Sapucaí. Os enredos das apresentações focaram principalmente em questões raciais, com exaltação da cultura afrobrasileira. O anúncio da agremiação carioca campeã será feito na quarta-feira (14/2).
Veja a galeria:
- Integrantes da escola de samba Portela se apresentam na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
- Integrantes da escola de samba Unidos de Vila Isabel se apresentam na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo da Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
- Integrantes da escola de samba Mangueira se apresentam na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
- Integrante da escola de samba Unidos do Viradouro se apresenta na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo da Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
- Integrantes da escola de samba Paraíso do Tuiuti se apresentam na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo da Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
- Integrantes da escola de samba Mocidade Independente do Padre Miguel se apresentam na última noite do desfile de Carnaval no Sambódromo Marques de SapucaíPABLO PORCIUNCULA / AFP
Mocidade
Primeira a se apresentar, a Mocidade de Padre Miguel trouxe para a avenida o enredo Pede caju que dou… Pé de caju que dá!, comandado pelo carnavalesco Marcus Ferreira. A ideia da escola foi contar a história do alimento nativo dos povos originários até os dias atuais, com referências a ícones da música popular brasileira, como Cajuína, de Caetano Veloso, e Morena Tropicana, de Alceu Valença.
Um dos destaques da Mocidade foi que a escola contou com uma ala formada inteiramente por homens gays, que dançaram com leques. A comissão de frente também “teletransportou” uma dançarina da avenida para a arquibancada.
Portela
A Portela apresentou o enredo Um defeito de cor, baseado no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves. No romance, Kehinde, uma mulher escravizada na África, procura um filho perdido, que seria Luiz Gama, famoso abolicionista, jornalista, poeta e advogado brasileiro. Os carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues propuseram uma continuação ou outra perspectiva da história.
No samba, é Luiz Gama, representado pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que escreve uma carta para a mãe e expressa orgulho pela trajetória de luta e resistência, destacando que o afeto foi fundamental na vida dele. A ideia é homenagear a ancestralidade feminina negra.
A escola homenageou dezesseis mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio, entre elas Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018. na última ala, em um carro decorado com borboletas, cada mãe carregava um objeto que lembrava os filhos.
Vila Isabel
Já a Unidos de Vila Isabel desfilou com o enredo Gbalá — viagem ao Templo da Criação, liderado pelo carnavalesco Paulo Barros. Foram narradas histórias iorubá e a apresentação foi uma reedição do enredo trazido pela escola para a avenida em 1993.
Os versos atualizaram a mensagem anterior, com uma leitura mais atual sobre a responsabilidade humana com o planeta e as gerações futuras. “Descobrindo o próprio corpo, compreenderam que a função do homem é evoluir. Conheceram os valores do trabalho e do amor, e a importância da justiça. Sete águas revelaram em sete cores que a beleza é a missão de todo artista”, diz um trecho do samba-enredo.
Mangueira
A Mangueira celebrou a vida da cantora Alcione, com o enredo A negra voz do amanhã. Ícone do samba, Alcione foi apresentada desde a infância no Maranhão, onde nasceu, até a construção da vida artística no Rio de Janeiro. O desfile também contou com a presença de outras artistas, como a cantora Maria Bethânia, a atriz Taís Araújo e a apresentadora Regina Casé.
Em 2024, a cantora completa 50 anos de carreira. Na avenida, a Mangueira abordou sobre as crenças familiares de Alcione, da importância dela como ícone feminino e negro, além de reforçar o papel da artista na inspiração e formação de talentos da música nacional. Os versos apresentam referências aos principais sucessos da cantora.
Tuiuti
A Paraíso do Tuiuti apresentou o enredo Glória ao Almirante Negro, que contou sobre a trajetória revolucionária de João Cândido Felisberto, conhecido por liderar a revolta da Chibata, em 1910. No episódio, o levante pretendia acabar com as práticas violentas e maus tratos da Marinha contra os marinheiros, na maioria, negros.
João Cândido foi representado pelo entregador Max Angelo dos Santos, que foi chicoteado por uma moradora de São Conrado, na Zona Sul do Rio, em abril de 2023. A escola também relembrou casos de racismo que ocorreram no Brasil recentemente. “Lerê, lerê, mais um preto lutando pelo irmão. Lerê, lerê, e dizer: Nunca mais escravidão”, diz o refrão do enredo.
Viradouro
Última a se apresentar, a Unidos do Viradouro trouxe enredo Arroboboi, Dangbé!, que abordou o mito de uma serpente vodum, que tornou-se uma divindade após batalha entre reinos da antiga região da Costa da Mina, na África.
A escola ressaltou a atuação de um poderoso exército de mulheres negras preparado por sacerdotisas voduns, que tinham no espírito da coletividade e lealdade sua principal arma. O intuito da agremiação foi desmistificar o culto aos voduns, que atravessou o atlântico e chegou ao Brasil na figura da sacerdotisa Ludovina Pessoa, pilar de terreiros na Bahia.
*Com informações da Agência Brasil
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