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Novos mercados para a carne brasileira

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Aumento das tensões em relação à guerra tarifária, iniciada pelos Estados Unidos, abre caminho de novas oportunidades comerciais para o país. Apex espera aumento na demanda da União Europeia por proteínas do Brasil

A visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Japão e ao Vietnã, no mês passado, teve como um dos principais objetivos a abertura de mercado à carne brasileira nesses países. Na avaliação do governo federal, a missão foi exitosa e culminou com a decisão favorável confirmada pelo lado dos vietnamitas, apesar de uma indefinição com os japoneses.

“É uma notícia extraordinária e acho que é muito importante para o Vietnã, e é muito importante para o Brasil”, disse Lula, nas redes sociais, após o acordo com o país asiático. A missão nos dois países reforça a tentativa de atrair mais investimento com a carne brasileira no exterior, que em anos recentes passou por dificuldades em relação a doenças como a febre aftosa e a vaca louca.

Com o aumento das tensões em relação à guerra tarifária, especialistas avaliam que pode haver oportunidades para o Brasil no comércio como um todo, o que não é diferente no caso da carne. Há uma expectativa de avanço da implementação do acordo entre Mercosul e União Europeia, firmado no ano passado, mas que ainda depende da aprovação de todos os países envolvidos.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, acredita que a Europa vai precisar ainda mais de uma relação com o Mercosul, para também repaginar a sua indústria. Com o tarifaço do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele acredita que o Brasil e outros países do bloco podem fortalecer os negócios da UE.

carne cara
Exportação de carne brasileira(foto: editoria de arte)

“Agora, a gente dá um foco maior ao acordo Mercosul-UE, que vai no sentido de formar um acordo econômico, um bloco, multilateralismo, a liberdade para o comércio sem tarifas. Veja que é exatamente no contrário da medida dos Estados Unidos. É você ter livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, como os EUA fez com todo o mundo, e agora está mudando de posição”, avaliou Viana.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações de carne bovina pelo Brasil no ano passado atingiram recorde histórico, com 2,89 milhões de toneladas vendidas, o que representa um aumento de 26% em relação a 2023. Os principais destinos foram a China, com 1,33 milhão de toneladas, além de Estados Unidos (229 mil), Emirados Árabes Unidos (132 mil), Hong Kong (116 mil), Chile (110 mil) e União Europeia (82,3 mil).

Rastreabilidade

Na avaliação da diretora-executiva da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Patrícia Medeiros, o Brasil tem capacidade de expandir ainda mais o mercado internacional de carnes, principalmente após a aprovação do Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina, no final do ano passado. O projeto prevê que todo o rebanho nacional seja rastreável até 2033, inclusive de pequenos e médios produtores. Segundo ela, isso pode atrair ainda mais o mercado europeu, considerado mais exigente que os demais.

“O ponto da rastreabilidade é algo importante para carne bovina, porque a tendência ao redor do mundo é seguir a precaução e saber a origem da carne que está consumindo. Isso já é tendência na Europa e, como a Europa é um núcleo de países que são formadores de opinião, em regra têm os consumidores mais exigentes do mundo, e a rastreabilidade virou uma necessidade para que a carne pudesse alcançar ainda mais mercados”, destacou a especialista.

Na visão dela, há oportunidades à vista também no mercado muçulmano, que possui um método de corte e preparo da carne mais específicos dos que os ocidentais, com o halal, além de ser um mercado em constante expansão. “Então, nesse aspecto, o importante seria a gente fortalecer as relações comerciais, sempre focando em negociações que tragam as características do consumidor daquele país, daquela região do mundo, como é o caso do mercado muçulmano. E, em segundo plano, realmente, a gente precisa conseguir comunicar o que nós fazemos em relação à preservação ambiental e rastreabilidade bovina”, acrescentou.

Desafios

Apesar das perspectivas positivas, o aumento da presença de carne brasileira no mundo ainda deve passar por alguns desafios, como avalia João Paulo Franco, coordenador de produção animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para o especialista, o entrave está justamente na ampliação do acesso a mercados mais exigentes e com maior valor agregado, como Japão, Coreia do Sul e União Europeia.

“Esses destinos exigem padrões sanitários mais rigorosos, incluindo status sanitário diferenciado e questões como a vacinação. Outro ponto importante é o avanço nas habilitações específicas. Por exemplo, hoje não exportamos miúdos diretamente para a China — esses produtos chegam via Hong Kong. Ampliar os acordos para incluir esses itens aumentaria o aproveitamento do animal e a rentabilidade da cadeia”, destacou Franco.

O coordenador ainda lembrou que houve uma nítida evolução na percepção internacional sobre a carne brasileira. “Ao longo das últimas décadas, o país avançou significativamente em termos de qualidade, padronização e sanidade animal. Hoje, o Brasil é visto não só como um fornecedor confiável em termos de volume e regularidade, mas também como um país capaz de atender diferentes perfis de mercado, com produtos de qualidade e em grande escala”, avaliou.

Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), ainda é cedo para cravar uma vantagem para o Brasil no comércio internacional de carnes com a guerra tarifária. Ao Correio, a entidade comunicou que ainda deve buscar entender o anúncio feito por Trump no último dia 2, antes de se pronunciar oficialmente.

Ainda assim, a associação acredita em um estreitamento da parceria entre Brasil e EUA, apesar de todo o contexto atual. “Os EUA enfrentam desafios no ciclo pecuário e, por pelo menos dois anos, precisarão de quem possa garantir volume, qualidade e preço — e esse parceiro é o Brasil”, ponderou a Abiec.

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Jornalista

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