Pimenta rebate Campos Neto: BC mantém juros altos para impedir o País de crescer
Ministro da Secom criticou o presidente do Banco Central por culpar o governo pelo custo elevado do crédito, sendo o BC a autoridade responsável por definir a taxa Selic
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O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, respondeu neste sábado (13) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que afirmou que a culpa pela taxa Selic estar em 13,75% não é do Banco Central, mas sim do governo federal.
“Não é sério. É uma opção de manter juros altos para favorecer o rentismo e impedir o País de crescer”, afirmou o ministro. “Brasil precisa de crédito barato, a economia girar, gerar emprego e criar oportunidades. Sociedade está endividada e refém desta política monetária contrária aos interesses nacionais”, acrescentou.
Durante entrevista à CNN, Campos Neto disse que o BC não é “malvado”. “Se você, empresário, está tentando pegar um dinheiro e está caro, a culpa não é do Banco Central, que é ‘malvado’. A culpa é do governo, que deve muito. (…) O grande culpado pelos juros estarem altos é que tem alguém competindo pelos mesmos recursos e pagando mais”, afirmou.
Não é sério. É uma opção de manter juros altos para favorecer o rentismo e impedir o País de crescer. Brasil precisa de crédito barato, a economia girar, gerar emprego e criar oportunidades. Sociedade está endividada e refém deste política monetária contrária aos interesses… https://t.co/vVgxwQbeEbPlayvolume
— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) May 13, 2023
Leia também reportagem da agência Reuters sobre o assunto:
SÃO PAULO (Reuters) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, qualificou como “falácia” a ideia de que o Brasil não tem atualmente inflação de demanda, como vêm defendendo alguns membros do governo, incluindo o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao programa “Caminhos com Abilio Diniz”, da CNN, realizada na última terça-feira e veiculada nesta sexta-feira, Campos Neto afirmou que vários artigos científicos demonstram que a inflação hoje é “muito mais de demanda que de oferta”.
Ao mesmo tempo, Campos Neto afirmou que não é verdade que, se a inflação for de oferta, o BC não deve alterar a taxa de juros. Segundo ele, a instituição também tem que combater os efeitos secundários da inflação de oferta.
“Se contaminar a cadeia, aí sim o BC tem que entrar e combater este cenário”, afirmou.
Campos Neto também foi questionado a respeito da indicação do atual secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do BC. Braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo foi escolhido por Lula para a diretoria, sem que Campos Neto tenha participado das discussões.
“As regras do jogo são essas, vai vir um diretor ou mais de um diretor que têm opiniões diferentes”, minimizou Campos Neto. “O que precisamos melhorar no Brasil é saber conviver com as regras ao invés de mudar as regras.”
Campos Neto pontuou ainda que a meta de inflação não é determinada pelo BC, mas sim pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que tem maioria governista. Ele lembrou que, por lei, o BC precisa atingir a meta, ainda que a instituição esteja tentando suavizar o máximo possível o processo.
Os comentários de Campos Neto surgem em um contexto de pressão do governo para que o BC inicie o processo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano. O BC, por sua vez, tem defendido em suas comunicações que as expectativas de inflação seguem elevadas.
No início do ano, o próprio presidente Lula chegou a opinar que a meta de inflação deveria ser mudada, o que em tese ajudaria a abrir espaço para o corte da Selic. Campos Neto, por sua vez, sempre se colocou contrário à mudança da meta.
“Desde a primeira conversa que tive, lá atrás, com Haddad e Lula, antes da posse, eu disse: ‘uma das coisas que a gente não deveria falar em público é da meta’”, afirmou Campos Neto na entrevista desta sexta-feira.
“O que acontece é que, como o Executivo tem a caneta para mudar a meta, quando ele fala o mercado entende que o governo vai mudar a meta… E quando você fala de meta, você acaba alterando as expectativas.”
Durante a entrevista, Campos Neto também afirmou que sairá da presidência do BC no fim de 2024, como prevê a lei de autonomia da instituição. Ele descartou a possibilidade de ser reconduzido ao cargo. O presidente do BC se disse contrário à possibilidade de recondução, apesar de a lei permitir.
Campos Neto também afirmou que, diante da politização das discussões em torno das decisões de política monetária do BC, a autarquia tem tido a preocupação de explicar em mais detalhes seu processo decisório sobre os juros, particularmente nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
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