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Estudo da Coalizão dos Transportes prevê atrair R$ 600 bilhões

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Estudo apresentado no seminário “Brasil Rumo à COP 30” prevê reduzir em 70% as emissões do setor e atrair mais de R$ 600 milhões em investimentos

A Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, elaborou um estudo com um conjunto de propostas para o setor que prevê reduzir em 70% as emissões setoriais de gases do efeito estufa (CO2e) e atrair mais de R$ 600 bilhões em investimentos em projetos sustentáveis no país até 2050.

O documento de 212 páginas foi entregue por representantes da iniciativa multissetorial lançada em 2024, que reúne mais de 50 organizações públicas, privadas, acadêmicas e da sociedade civil, aos executivos da 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 30, que será realizada, em novembro, em Belém. A ideia é que a proposta contribua com soluções técnicas e estratégicas para o novo Plano Nacional sobre Mudança do Clima que será apresentado na COP 30, na capital paraense, no fim do ano.

Liderada pela Motiva, Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Insper, Coalizão propõe, por exemplo, medidas para modernizar os modais de transporte de cargas e passageiros, principalmente a ferrovia, que é o meio de transporte de menor volume de emissões e que é mais adequado para o desenvolvimento de um país continental como o Brasil.

Nesse sentido, o estudo sugere medidas para a viabilização de 90 alavancas de descarbonização. Entre elas, destacam-se os incentivos públicos e privados para viabilizar o modal ferroviário na matriz logística via repactuações dos contratos de concessão, a aprovação de um novo marco legal das ferrovias e investimentos estruturantes em ferrovias.

O setor de transportes no Brasil é responsável por 11% das emissões nacionais, o que representa 260 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (MtCO?e) por ano. Se nenhuma medida de descarbonização for adotada, as projeções indicam que esse número poderá chegar a 424 MtCO?e até 2050. Logo, com a implementação das medidas propostas pela Coalizão dos Transportes, será possível reduzir em 70% a pegada do setor de transportes, para 137 MtCO?e, evitando o lançamento de 123 MtCO?e por ano. Esse volume equivale ao plantio de 5,86 bilhões de árvores ou à retirada de aproximadamente 26,7 milhões de veículos de passeio das ruas.

Outra proposta do estudo prevê viabilizar a eletrificação em larga escala, ampliando a infraestrutura de recarga de veículos. O trabalho ainda estima que, apenas nessa frente, o país demandará investimentos de cerca de R$ 40 bilhões para instalar entre 990 mil e 1,9 milhão de pontos de abastecimento, visando atender a demanda da futura frota elétrica e/ou híbrida em circulação pelas ruas e rodovias brasileiras.

O estudo foi apresentado, na tarde desta segunda-feira (12/5), no seminário “Brasil Rumo à COP 30”, pela Motiva, novo nome do Grupo CCR, em parceria com o Cebds, a CNT, e o Insper. E ao receber o documento, o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, elogiou a iniciativa e destacou que o transporte é um dos cinco temas definidos para o debate na conferência climática e o mais avançado em apresentar propostas. O estudo foi fruto de um convite do embaixador para a mobilização do setor, com as contribuições de empresas e associações dos segmentos rodoviário, ferroviário, aéreo, hidroviário, aquaviário, de mobilidade urbana e de infraestrutura.

“Esse é o primeiro documento e ele deve contribuir para o nosso modelo de desenvolvimento do país”, afirmou o embaixador. Lago lembrou que o estudo pode contribuir para a definição do plano para a definição da nova meta brasileira sob o Acordo de Paris, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), do país. A atual NDC do Brasil inclui objetivos de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 53% até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050. Segundo o embaixador, o país pode antecipar as metas atuais se avançar nos mais de 200 modelos atuais voltados para a descarbonização.

“A agenda de combate e mudança do clima é uma oportunidade para o Brasil arrumar um novo modelo de desenvolvimento. Acho que a gente avançou nos últimos 60 anos, mas o trem que está passando com essa ideia de mudança do clima é um trem que oferece oportunidades extraordinárias para o Brasil”, afirmou o presidente da COP 30. “A nossa NDC é propositiva e tem sido uma inspiração, porque entregamos no prazo junto com poucos países, pois 170 ainda não entregaram”, disse.


A diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, também elogiou a iniciativa da Coalizão e destacou que a agenda de ação para o evento em Belém precisará elevar os grandes temas para dar visibilidade ao país nos pavilhões temáticos e atrair investimentos. “Precisamos chegar a essa COP unidos e sabendo o que queremos, mostrar o que temos e buscar novas soluções”, afirmou. “Se a gente não for parte da solução, a gente é parte do problema. E o setor de transporte está mostrando que é parte da solução”, acrescentou. Ela lembrou que o tema mudanças climáticas está na agenda e ele já está presente há algum tempo, afetando a população com por meio das enchentes, por exemplo.

“A mudança do clima já está aqui. Temos de mudar a narrativa e mostrar que o país pode ser parte da solução”, pontuou.

O principal executivo (CEO) da Motiva, Miguel Setas, engrossou o coro com Ana Toni e destacou as vantagens competitivas do Brasil em recursos naturais, e reconheceu que o desenvolvimento passa pela questão econômica e social. “Estamos no epicentro dos ativos ecológicos. Essa COP 30 não vai ser só da natureza, mas também do desafio social. Ela vai ser um divisor de águas, se tudo correr bem”, afirmou.

Ele destacou ainda que o debate vai ajudar a aumentar a consciência do que é preciso ser feito para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e isso não passa apenas pelo poder público e pelo setor privado. “Este é um desafio que tem que ser feito a várias mãos. E temos uma responsabilidade como sociedade não evitar o avanços dos projetos em marcha e previstos na agenda de descarbonização até 2050”, disse.


Um dos debatedores, o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Aéreas (Abear), Juliano Noman, alertou que, além de ferrovias, o combustível sustentável de aviação, o SAF, pode ser o “pulo do gato” para o mercado brasileiro. “Estamos sentados em reservas para o desenvolvimento de matérias-primas para o SAF”, afirmou.

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Escrito por
Jeová Rodrigues

Jornalista

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