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Trégua entre EUA e China, após redução de tarifas, anima mercado

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Bolsas reagiram bem ao anúncio do acordo entre as duas potências que, por 90 dias, praticarão redução de 115 pontos percentuais nas taxas de importação aplicadas por ambos os países após o “dia da libertação” criado por Donald Trump

A guerra comercial entre Estados Unidos e China dá sinais de uma trégua, após os dois países anunciarem um acordo para reduzir as tarifas de importação nos próximos 90 dias. As bolsas internacionais reagiram com entusiasmo ao acordo entre as duas potências do planeta e o dólar voltou a subir e analistas alertam que se essa briga realmente tiver um ponto-final, o Brasil pode ser afetado indiretamente, tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) acabou andando de lado.

Washington e Pequim concordaram com uma redução de 115 pontos percentuais em suas respectivas tarifas nos próximos três meses. Ao comentar sobre o acordo em Genebra, na Suíça, o presidente norte-americano Donald Trump disse que as tarifas sobre os produtos chineses não devem voltar a ficar acima de 145% e ainda acrescentou que pretende conversar com o presidente chinês, Xi Jinping, “ainda nesta semana”. “A relação é muito, muito boa. Falarei com o presidente Xi, talvez, no fim da semana”, disse o republicano.

Do lado dos norte-americano, as tarifas adicionais sobre os produtos chineses importados passam de 145% para 30%, taxa que estava reduzida há um mês e meio e incluem os 20% impostos por Trump para pressionar os chineses na luta contra o tráfico do opioide fentanil.

A China, em resposta às tarifas adicionais impostas pelos EUA, foi aumentando os impostos sobre os produtos norte-americanos até chegar a 125%. Com a trégua anunciada em Genebra, eles caem para 10%. O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, fez um comentário otimista e avaliou o acordo entre China e EUA como positivo. “Torcemos para um entendimento”, disse a jornalistas.

Bolsas sobem

Em Nova York, o Índice Dow Jones encerrou com alta de 2,81%, ontem, enquanto a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, disparou 4,35%. O índice de volatilidade dos EUA recuou 12,05% ontem. As bolsas europeias e asiáticas também fecharam no azul, e, ontem, seguiam com valorizações. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) praticamente andou de lado e fechou com variação de 0,04%, aos 136.563 pontos. Já o dólar comercial subiu 0,52% ontem, cotado a R$ 5,684 para a venda.

De acordo com o economista Alexandre Espírito Santo, da Way Investimentos, o alívio das bolsas estrangeiras pode ser momentâneo e ainda deve haver desdobramentos. “Nesses 90 dias, ainda vai aparecer alguma coisa e vai haver volatilidade”, apostou. Em relação à B3 — que tentou acompanhar as bolsas internacionais e chegou a registrar uma alta máxima no dia 0,74% — Santo disse que ela acabou “ficando no zero a zero”. “A Bolsa aqui subiu, mas depois entregou tudo. Mas só o tempo vai fazer a gente entender o que realmente está por trás disso”, afirmou.

Na avaliação do especialista em comércio exterior Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados, o fato de Trump ter sinalizado que pretende se encontrar com Xi Jinping foi um sinal positivo para as bolsas dos EUA e da Europa, que ficaram mais fortalecidas. “Esse encontro entre Trump e Xi Jinping deu mais otimismo para os mercados. Mas ainda há uma expectativa de que alguns produtos estratégicos devem continuar sendo taxados pelos EUA, como alumínio, aço e cobre”, alertou.

Impacto no Brasil

O ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), classificou o acordo como um “avanço positivo”. “Mesmo assim, as tarifas estão elevadas. Haverá outras conversas entre eles e vão chegar a um acordo conveniente aos dois lados”, pontuou. Em relação aos impactos no Brasil, ele acredita que ainda é cedo para especulações. “Vamos aguardar mais detalhes para saber as implicações comerciais e macroeconômicas”, disse.

Ao ver do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, contudo, o Brasil corre o risco de ser afetado se houver algum algum dispositivo de preferência para os EUA exportar para a China. “Nesse caso, o Brasil teria dificuldade de exportar tudo que ele exporta hoje se os EUA ganharem alguma preferência”, alertou Castro, acrescentando que, se a China precisar de fazer um jogo duplo, ela vai fazer.

“Mas ainda precisamos ver como é que vai ficar esse acordo. A tendência é que mude no futuro ainda mais. Nada agora é definitivo. Pelo menos, ao contrário, é bem provisório”, afirmou. Para Barral, da BMJ, o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva  estar na China no mesmo dia do anúncio do acordo entre os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, é positivo, contudo, ele fez ressalvas.

“Isso é bom para garantir que as exportações brasileiras não sejam afetadas, mas não dá para ter certeza ainda dos impactos, pois muitos investimentos devem continuar em compasso de espera nesses 90 dias até esse acordo ficar mais claro”, frisou. Ele lembrou que o que preocupa é que o Brasil compete com os EUA no mercado chinês nas exportações de commodities, como soja, milho e carnes bovina, suína e de frango.

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Escrito por
Jeová Rodrigues

Jornalista

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