
Investidores apelam aos EUA contra elevação da taxa de importação
Em documento de 15 páginas, Câmara de comércio Brasil-EUA diz que norte-americanos serão prejudicados com tarifaço
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) alertou o governo norte-americano, dos riscos da elevação de tarifas para a sua economia. Em um documento de 15 páginas, enviado, nesta semana, para o escritório de representação comercial da Casa Branca (USTR, na sigla em inglês), destaca o potencial negativo que a imposição de uma nova tarifa contra o Brasil poderia causar para as empresas norte-americanas.
A Amcham destaca que o Brasil foi um dos poucos países do G20 — grupo que reúne as principais economias do mundo — a manter um superavit comercial duradouro com os EUA. Em 2024, o resultado foi positivo para os norte-americanos em US$ 7,4 bilhões. “Entre 2023 e 2024, o superavit comercial dos EUA com o Brasil registrou o maior aumento entre os principais parceiros dos EUA, avançando 31,9%”, destaca o documento.
Os dados são da própria Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês), que levanta as estatísticas do setor no país. Entre os principais parceiros comerciais dos EUA, apenas a Austrália e o Reino Unido tiveram deficits maiores com o país em relação ao Brasil. A nível de comparação, a Índia e a China, que são citadas frequentemente como países que mais aplicam tarifas de importação para produtos norte-americanos, tiveram superavits de US$ 45,7 bilhões e US$ 295,4 bilhões com os EUA em 2024, respectivamente.
A posição oficial da Amcham, que representa mais de 3,5 mil companhias que investem nos dois países, foi enviada diretamente ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, que se reuniu recentemente, de maneira virtual, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e com o chanceler Mauro Vieira, do Ministério de Relações Exteriores (MRE). Para ambas as partes, as conversas foram positivas e o objetivo do governo brasileiro é chegar a um entendimento com o país norte-americano por meio da negociação, sem utilizar de retaliações.
Negociações
Ontem, representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e do Itamaraty se reuniram novamente com Greer e sua equipe em videoconferência, desta vez, sem a participação de Alckmin, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Sorocaba (SP), para a entrega de uma nova frota de ambulâncias pelo Sistema Único de Saúde.
O vice-presidente, no entanto, manifestou-se, no dia anterior, sobre as conversas com os Estados Unidos para reverter o imposto de 25% sobre a importação de aço e alumínio. Para o vice-presidente, a medida é considerada pelo governo brasileiro como “equivocada” e destacou a possibilidade de retaliação neste momento. “Nós entendemos que o caminho não é “olho por olho”. Se fizer olho por olho, vai ficar todo mundo cego. Comércio interior é ganha-ganha”, disse o vice, na ocasião. Atualmente, o único imposto aprovado pelos EUA que impacta diretamente o Brasil é o de aço e alumínio, que vigora desde o último dia 12. O setor mantém conversas com o governo brasileiro para tentar encontrar uma resolução por vias diplomáticas.
Cautela
Na avaliação da especialista em Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados Mônica Rodriguez, a negociação na mesa é o melhor caminho para evitar que a guerra comercial se intensifique entre os dois países.
“O Brasil também deve repensar em até que ponto pode reduzir um pouco as alíquotas que são aplicadas para determinados produtos que vão para os Estados Unidos, que a gente tem esse fluxo comercial com esse país e de que forma pode reduzir aqui para que não seja elevado, nessa envergadura como o Donald Trump está prometendo, para não prejudicar as nossas exportações”, considera.
Caso haja uma retaliação futuramente, a especialista avalia que esse movimento pode fazer com que o Brasil busque outros parceiros. “Pode ser que, enquanto a gente não consegue encontrar um outro parceiro comercial que faça essa aquisição, os preços de alguns dos itens que seriam exportados para os Estados Unidos fiquem mais baixos no Brasil. Sempre vai ter alguma coisa positiva, claro. Mas a ideia é que se possa negociar”, complementa Rodriguez.
Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.
Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.
- Temendo prisão, Bolsonaro focará em anistia durante ato golpista em Copacabana
- Gleisi redefine articulação política e fortalece diálogo com líderes do Congresso
- ‘A maior responsabilidade é trabalhar pela unidade do partido para que esse PED seja um momento de grande mobilização nacional’, diz senador Humberto Costa presidente interino do PT
- Trump ataca Iêmen, silencia emissoras e assina projeto para evitar paralisação do governo
- Papa Francisco diz que passa por ‘período de provação’ na mensagem do Angelus