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Covid-19: diretor do Butantan prevê vacinação lenta até setembro no Brasil

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O especialista acredita que “até julho, enfrentaremos muitas dificuldades”, causadas pela falta de insumos para a produção de doses

Como diretor do Instituto Butantan desde 2017, Dimas Covas sempre precisou aliar o conhecimento técnico e científico com as particularidades do mundo político que, na visão dele, não parecem seguir uma lógica.E essa necessidade se ampliou numa escala inimaginável durante a pandemia de covid-19: a corrida por vacinas capazes de frear o coronavírus exigiu muito jogo de cintura e garantiu fortes emoções entre o final de 2020 e o início de 2021.Uma das personagens que mais ganharam os holofotes nesta história foi a CoronaVac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e testada no Brasil pelo Instituto Butantan, com a coordenação de Covas e sua equipe.Brasil deveria ter priorizado CoronaVac ou Pfizer para gestantes, dizem médicas e cientistasMais de 16 mil brasileiros tomaram doses trocadas da vacina contra covid: quais são os riscos?Após passar por todas as etapas de pesquisa clínica, a vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2021 e hoje responde por mais de 70% de todas as doses que foram aplicadas até o momento na campanha brasileira contra a covid-19.Mas o atraso na entrega de novos lotes de matéria-prima deve paralisar completamente a produção até amanhã (14/05): o Instituto Butantan está aguardando a chegada de 10 mil litros do insumo farmacêutico ativo (IFA), que está na China.Em falas recentes, o governador de São Paulo, João Doria, atribui essa demora na liberação do produto às constantes falas do presidente Jair Bolsonaro, que faz acusações infundadas sobre a origem do coronavírus e o papel do país asiático nisso.Covas, que é especialista em hematologia e professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, concedeu uma entrevista exclusiva à BBC News Brasil um dia antes das primeiras notícias sobre a paralisação da produção no Butantan e avaliou que o país ainda demorará alguns meses para conseguir avançar na proteção dos brasileiros.O especialista acredita que “até julho, enfrentaremos muitas dificuldades”, causadas pela falta de insumos para a produção de doses.A situação pode até melhorar a partir do último trimestre de 2021, quando as fábricas nacionais terão mais material para trabalhar e os fornecedores externos, como Pfizer e Johnson & Johnson, prometem entregar lotes maiores de suas vacinas.Ainda na visão de Covas, isso se deve ao fato de o Brasil ter iniciado seu planejamento “muito tardiamente” e com “ações muitos tímidas”.”Se as primeiras ofertas que nos foram feitas tivessem sido levadas em conta, em dezembro de 2020 já poderíamos ter iniciado a vacinação no país. No entanto, isso não ocorreu”, lembra.O diretor do Butantan também confirma a dificuldade em lidar com os chineses após as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que fizeram acusações sobre a suposta origem do vírus no país asiático.”Nós que estamos na ponta, lidando diretamente com eles, enfrentamos muitas dificuldades. Em termos práticos, um documento que poderia ser assinado e autorizado em questão de dez ou quinze dias, que seria um tempo aceitável, demora muito mais e passa por todo um problema burocrático. Nós sentimos na pele essa dificuldade de trazer os insumos. Enquanto isso, outros países que também usam a CoronaVac, como é o caso do Chile, não enfrentam esses mesmos problemas”, compara.Confira a seguir os principais trechos da entrevista.BBC News Brasil – Nos últimos dias, tivemos novidades sobre uma eventual quebra de patentes da vacina contra a covid-19. Os Estados Unidos mudaram seu posicionamento sobre o tema e há um projeto em discussão sobre o mesmo tema no Senado Federal. Como o senhor avalia essa questão?Dimas Covas – Em primeiro lugar, o objetivo maior de uma possível quebra de patentes seria aumentar a disponibilidade de vacinas no mundo. Só que uma medida dessas não é uma solução que contribui nesse sentido. Será que a quebra de patentes aumentaria a quantidade de vacinas para o Brasil? A minha resposta é não.Mesmo se o Brasil tivesse acesso a todas as patentes das vacinas já autorizadas, isso não mudaria em nada o cenário atual. Nosso país não tem uma base industrial de biotecnologia capaz de produzir essas vacinas mais modernas. Atualmente, os dois únicos produtores de imunizantes para uso humano no Brasil são instituições públicas: o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz). Nós até temos fábricas para vacinas veterinárias, mas não é fácil convertê-las para a produção de doses para seres humanos.

Então, mesmo que tivéssemos todas as patentes disponíveis, nas nossas mãos, isso não resolveria o nosso problema no curto e no médio prazo. Então a quebra de patentes não é uma solução. Mas por que então temos países que estão defendendo essa medida na Organização Mundial do Comércio? Esses locais têm uma boa capacidade produtiva, como é o caso da Índia e possivelmente da África do Sul. Mas a maioria dos países tem uma situação parecida ao Brasil, então a disponibilidade de patentes não vai significar acréscimo nenhum no quantitativo de doses.O segundo ponto é que toda vez que você quebra uma patente, você está falando de uma vacina específica. Mas as detentoras desses direitos são empresas multinacionais, que possuem uma série de outros insumos, substâncias e medicamentos. A quebra, então, faz com que essas empresas se sintam prejudicadas em relação à propriedade intelectual que construíram. Elas podem então retaliar os governos por meio de seus outros produtos.Essas companhias, por exemplo, podem dificultar o acesso dos países com histórico de quebrar patentes ao mercado farmacêutico. Elas podem pensar: por que vou trazer esses medicamentos para esse lugar, se eles tem essa fama de piratear nossos produtos? Toda vez que você quebra uma patente, cria-se um ambiente de desconfiança e retaliação.O terceiro argumento contrário a essas tratativas é que o Brasil também é detentor de patentes. O Instituto Butantan, por exemplo, tem uma patente da vacina da dengue, que está em testes. Nós estamos inclusive transferindo essa tecnologia para outros países. Agora, será que alguém pode vir e quebrar nossa patente também?Eu entendo que a propriedade intelectual é fundamental para o avanço da ciência. Quem faz investimentos nessa área precisa ter alguma garantia de retorno. Se você quebrar essa regra, ela pode nos prejudicar no médio e no longo prazo.BBC News Brasil – Ainda nesse assunto, o Instituto Butantan tem uma série de parcerias e convênios com outros centros de pesquisa e também com farmacêuticas, tanto no sentido de colaboração científica quanto na disponibilização de insumos. O senhor acredita que uma quebra de patentes interferiria nesse intercâmbio?Covas – Nós aqui do Instituto Butantan e a BioManguinhos, da Fiocruz, dependemos dessas empresas que produzem esses insumos. Além disso, nós temos uma série de parcerias no desenvolvimento de novas vacinas, que envolvem transferência de tecnologia. Esse mecanismo é utilizado há muito anos e é ótimo para nós.Portanto, antes de quebrar as patentes nós podemos fazer acordo de transferência e incorporação de novas tecnologias. A partir daí, conseguimos implementar essa produção no nosso próprio país, sem ferir o princípio da propriedade intelectual. Se o Brasil quebrar alguma patente, pode ser que isso impacte negativamente as nossas parcerias.

Correio Brasiliense

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Jornalista

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