Organização criminosa movimentou R$ 150 milhões entre janeiro de 2022 e outubro de 2024. O líder, conhecido como Chucky, e outros 21 foram presos por lavagem de dinheiro e outros crimes e podem pegar até 15 anos de prisão
Uma organização criminosa que controlava o tráfico de drogas na Cidade Estrutural foi alvo de uma megaoperação da Polícia Civil. Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de prisão temporária e 29 de busca e apreensão em diferentes regiões do DF e em Aparecida de Goiânia (GO), onde o líder da fação, identificado como Fabiano da Silva Lira, conhecido como Chucky, foi preso. A ação é resultado de uma investigação conjunta entre a Coordenação de Repressão às Drogas (CORD) e a 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural), que identificaram um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro associado à venda de entorpecentes.
De acordo com a investigação, o grupo usava a técnica conhecida como “smurfing” para fragmentar depósitos bancários e mascarar a origem dos recursos. A movimentação financeira da quadrilha chama atenção: entre janeiro de 2022 e outubro de 2024, o montante movimentado por seus integrantes ultrapassou R$ 150 milhões.
O líder da organização, que pagava advogados aos comparsas presos, aparece como proprietário de empresas com movimentações muito acima da capacidade declarada. Uma delas, por exemplo, emitiu notas fiscais que somam mais de R$ 2 milhões em apenas seis meses — dez vezes mais que o valor informado como faturamento. Outra empresa, com capital social de apenas R$ 1 mil, movimentou R$ 1,6 milhão no mesmo período.
A conta bancária pessoal do chefe do grupo registrou movimentações superiores a R$ 6 milhões, valor incompatível com a renda declarada. A origem do dinheiro está sob apuração. Os presos vão responder por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa — crimes cujas penas podem chegar a até 15 anos de reclusão.
Recrutamento
De acordo com o delegado Fábio Souza, da Cord, quase todos os membros do grupo criminoso possuíam passagens por crimes como tráfico, ameaça, além de tentativas e homicídios consumados. “Muitos começaram cometendo pequenos delitos e foram sendo recrutados pela organização. Essa é uma prática comum: os líderes cooptam jovens da comunidade e os fazem subir na hierarquia do crime com o tempo”, explicou. A violência aplicada por eles aos locais se dava na forma de ameaça, caso não contribuíssem com a atividade ilícita.
A delegada Bruna Eiras, da 8ª DP, também explicou que a atividade ilegal da quadrilha teve um intenso impacto no comércio local, devido ao uso de estabelecimentos comerciais para mascarar os crimes. “Isso prejudica os empresários que atuam dentro da legalidade, pois confunde os consumidores e afeta diretamente a economia local”, afirmou o delegado. Ela ressaltou que, ao combater esse tipo de crime, a polícia também contribuiu para reduzir outros delitos associados ao tráfico, como furtos, roubos e até homicídios.
Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio de 26 contas bancárias e o sequestro de bens ligados aos investigados. A polícia também identificou 12 empresas usadas no esquema de lavagem de dinheiro, das quais quatro são consideradas de fachada. As demais funcionavam com atividade parcial ou real, mas misturavam recursos ilícitos com receitas legais, dificultando o rastreamento financeiro.
Os investigadores acreditam que novas fases podem acontecer. “Consideramos uma organização de médio porte para os padrões do DF, pelo volume financeiro envolvido, mas continuaremos averiguando, pois o valor movimentado pode ser muito maior”, afirmou Fábio Souza. A operação desta terça resultou na apreensão de três armas de fogo — calibres .38, .380 e 9mm — e ao menos um flagrante por tráfico, com possibilidade de mais prisões.
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