Com a nova diretriz, pessoas em estágio grave poderão utilizar a substância, isoladamente ou em combinação com a memantina, medicamento que também é disponibilizado na rede pública de saúde
O Ministério da Saúde anunciou, ontem, a ampliação do uso da donepezila no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com Alzheimer em estágio grave. A medida, publicada no Diário Oficial da União (DOU), passa a permitir a aplicação do medicamento, que antes era restrito aos casos leves e moderados.
Com a nova diretriz, pessoas em estágio grave poderão utilizar a substância, isoladamente ou em combinação com a memantina, medicamento que também é disponibilizado na rede pública de saúde. De acordo com o ministério, a expectativa é de que cerca de 10 mil pessoas sejam beneficiadas ainda no primeiro ano de adoção da nova prescrição médica.
“A ampliação do uso da donepezila no SUS é fruto de uma decisão baseada em evidências científicas e no compromisso com a inovação em saúde. Fortalecemos a linha de cuidado contínuo e reafirmamos a importância de políticas públicas que respondam aos desafios do envelhecimento da população com dignidade, qualidade e equidade”, afirmou Fernanda De Negri, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS) do Ministério da Saúde.
Conforto
Para Maciel Pontes, médico neurologista do Hospital de Base (HDB) do Distrito Federal, a medida representa um avanço necessário, principalmente diante dos desafios enfrentados pelos pacientes em estágios mais avançados da doença. “Nos estágios mais graves do Alzheimer, os pacientes podem perder completamente a memória recente, deixar de reconhecer parentes, perder a fala e a coordenação motora. Também é comum a incontinência urinária e fecal, além da dificuldade para engolir, o que aumenta o risco de desnutrição e infecções pulmonares. A dependência é total”, explicou.
Além do sofrimento do paciente, o médico ressalta que a progressão da doença impõe mudanças drásticas à vida da família. “O Alzheimer impacta profundamente a rotina dos parentes. O paciente perde a autonomia e precisa de apoio para tudo. Isso exige reorganização da vida dos cuidadores, gerando sobrecarga emocional e financeira. Muitos desenvolvem ansiedade, depressão e enfrentam esgotamento físico”, observa.
Nesse contexto, o uso contínuo da donepezila pode aliviar parte do peso desse processo. A medicação estabiliza, e muitas vezes retarda, a progressão de sintomas cognitivos, como perda de memória e raciocínio. Em alguns casos, ajuda a preservar alguma autonomia por mais tempo e reduz alterações comportamentais, como agressividade, o que facilita os cuidados diários. Pontes ressalta que, embora não interrompa a evolução da doença, contribui para uma melhor qualidade de vida.
O médico também reforça que o tratamento eficaz não se resume ao uso de medicamentos. “É fundamental manter uma rotina estruturada, adaptar o ambiente da casa para evitar acidentes e contar com uma equipe multidisciplinar. A alimentação deve ser adequada às dificuldades de deglutição e a higiene precisa ser feita com cuidado”, explica.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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