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Álbum ‘O silêncio que grita’ marca 30 anos de carreira de Negra Li

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Cantora apresenta, em entrevista ao Correio, disco de rap que chega sete anos depois do último lançamento

Um dos nomes mais potentes do rap nacional feminino, Negra Li estreia novo projeto em celebração aos 30 anos de carreira. Intitulado O silêncio que grita, o projeto, de onze faixas, traz grande foco na lírica com letras que discutem questões raciais, empoderamento e resistência.

O disco tem três participações especiais: o rapper Djonga, na música Olha o menino 2.0, Liniker, em Direito de amar, e Groria Groove, na faixa Retrovisor. O silêncio que grita traz ritmos diversos como reggae, afrobeat, boompap e R&B, colocando a música preta em destaque. Ao Correio, a artista falou do processo de criação por trás do projeto, as formas de composição e sua visão sobre o rap no Brasil atualmente.

Entrevista // Negra Li, cantora

Quais foram as ideias principais para a construção de O silêncio que grita?

Eu estava com muita vontade de fazer um disco de rap. Estava buscando isso desde o início. Eu fiz lançamentos desde 2021, ComandoEu preciso ir, Malagueta, estava por um caminho um pouco mais pop e eu senti muita vontade de fazer rap. Voltei tudo para trás e até que consegui o repertório, as músicas que eu acreditava que tinham que ser. A minha preocupação maior era com que eu ia falar, era com a letra, com a mensagem.Todas as faixas precisam ter um porquê, ser sobre coisas que eu estou afim de falar, que eu acho que precisam ser faladas, que, muitas vezes, se perdem. Coisas que as pessoas não falam e que eu  fosse porta-voz de pessoas silenciadas.

De onde veio a inspiração para o título?

Eu percebi o quanto eu me senti calada, silenciada, subestimada, principalmente sendo mulher. A gente trouxe também a ideia da capa, que eu achei maravilhosa. É um silêncio, mas que, ao mesmo tempo, é de coisas que sempre estiveram aqui, que a gente sempre manifestou de forma ou de outra. Então, não é que vão me calar ou que me calaram, mas que silenciaram de alguma forma. E silenciam todos os dias.

Como foi seu processo de composição para o projeto?

De todas as formas, muitas coisas eu anoto, eu tenho um bloquinho de notas, então muitas coisas foram utilizadas que eu já tinha guardado, mas, hoje em dia, a gente faz camping criativo e eu adoro. Trabalhei nesse disco com pessoas que me tinham como referência, então ficou muito fácil, eles já sabiam a minha linha, a forma que eu pensava. Mas diferentemente de outros discos, esse eu dirigi. Eu sabia exatamente o que eu queria falar. A música com a Liniker, por exemplo, Direito de amar, era para ser um refrão um pouco mais pop e leve, mas eu queria usar essa música ainda para passar mensagem. Queria falar sobre a mulher preta, a solidão da mulher preta é real, nós somos preteridas, o amor preto precisa ser cada vez mais testado e acontecer. Queria passar a mensagem de que qualquer pessoa tem direito de amar.

Você fez a música Olha o menino, em 2005, e, agora, faz a Olha o menino 2.0, vinte anos depois. O que te inspirou a fazer a segunda versão?

Estava com saudade de fazer uma música com uma pegada tipo jazz e meu diretor criativo deu a ideia de fazer uma versão de uma música minha e a gente escolheu Olha o menino. Em vez de ser a parte 2, é a versão 2.0, turbinada. A ideia era contar o que aconteceu com esse menino, falar de coisas que acontecem hoje que também aconteciam há vinte anos, mas buscar que fim teve aquele menino que eu cantei inicialmente.

Inicialmente, eu chamei o Helião, que compôs Olha o menino, na época, mas ele não conseguiu. Então, o Djonga era o primeiro nome depois dele. Antes de chamá-lo, fiz uma pesquisa para saber quantos anos ele tinha quando a música foi composta e ele tinha dez. Percebi que ele era um menino na época, então fazia total sentido. Não é uma wmúsica passageira, pode passar 20 anos e ela ainda vai fazer sentido. Eu gosto de fazer isso, músicas para a vida toda.

Hoje, o rap é um gênero que lota estádios no Brasil. Como você enxerga esse crescimento?

Eu fico satisfeita e orgulhosa de ver o quanto cresceu e o quanto que se criou oportunidades de trabalho digno. Ainda não é para todos, é uma luta, line-up ainda é, majoritariamente, masculino. Ainda temos muito que melhorar, temos que dar para as pessoas festivais mais dignos. Eu acho que a mudança cabe a nós mesmos, vai ter que vir de nós, porque a gente sabe o que a gente quer, o que a gente precisa mais do que ninguém. Mesmo assim, tem muito o que comemorar. Eu cheguei a cantar em cima de um caixote. Hoje, até quem está começando tem uma própria vitrine, uma própria TV para se apresentar, que são as redes sociais. Ficou um pouco mais democrático com o avanço da internet, e eu só tenho a agradecer às novas gerações, porque eles também me levam junto. Eu também vou com eles. Eles permanecem, eles continuam ligados e sempre existe um caminho aberto. Para mim, cada avanço é um avanço e é motivo para ser celebrado.

Queria que você falasse do rap feminino. Tem muitas jovens brilhando no palco hoje em dia, e você faz parte dessa abertura de portas no gênero. Como você vê esse movimento?

A qualidade, as meninas, a segurança e a independência delas são maravilhosas. Eu estou amando, é muito bom ter vindo de lá e ver como está aqui. Sou muito orgulhosa e conheço muitas delas. Elas gostam de mim, a gente se encontra nos bastidores e elas que ficam lembrando que eu já tenho 45 porque se elas não falassem, me sinto da mesma idade.

A Tasha e a Tracie, por exemplo, são inteligentíssimas e não perdem a raiz. Estão sempre atentas sobre moda e lifestyle, e eu adoro quando elas se colocam na internet e opinam, elas são mais pra frente do que eu fui.

Elas tem muito mais liberdade para poder falar, eu precisava ouvir muito mais, observar para poder ser aceita e estar ali naquele meio. O meu silêncio também foi útil para poder chegar até aqui, para me resguardar e permanecer trinta anos.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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