Grêmio Carnavalesco Mamãe Taguá põe o bloco na rua e leva milhares foliões ao Taguaparque
O Taguaparque foi o palco de mais um desfile do bloco carnavalesco Mamãe Taguá, que desde 1995, faz a festa dos foliões de Taguatinga. Nossa reportagem conversou com a liderança do bloco, Jorge Cimas, para saber como foram os preparativos para a festa deste ano.
O bloco surgiu depois que artistas – Tetê, José Regino e outros – decidiram que iriam brincar o carnaval na cidade, pois não viajariam para fora do DF na ocasião. “Criamos o boneco e saíamos fazendo a batucada. Geralmente uma banda de Arrasto era contratada para puxar o bloco. O Adriano carregava a boneca Mamãe Taguá. Saíamos na rua, mas com o tempo foram restringindo as saídas de rua e acabamos fixos no Taguaparque”, conta Jorge Cimas.
Atualmente, o presidente do Instituto Cultural Mamãe Taguá é Paulo Henrique, que também está à frente da organização do bloco.
Desde então o bloco Mamãe Taguá é responsável por ser uma das principais atrações no carnaval de Taguatinga e região. Mas, conforme conta o organizador do bloco, essa particularidade está se desfazendo já que as restrições impostas pelo poder público e pelos órgãos fiscalizadores, como o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), para a realização do carnaval de rua está praticamente inviabilizando a realização de uma festa que sempre foi caracterizada por ser popular e ocorrer dentro dos espaços urbanos.
“O carnaval virou uma ação pública com receita: temos que contratar palco ou trio elétrico, banheiros químicos, tendas, brigadistas, segurança, UTI, contêiner lixeira, grades de proteção, intérpretes de libras, locutor, banners, alambrado, gerador, sonoplastia, iluminação, dentre outros. E a verba que você recebe quase sempre não paga banda, DJ ou a orquestra que provoque o público para brincar o carnaval”, diz Jorge Cimas. “São tantas autorizações que apenas onera o bloco e o Estado, que depois vai guardar essa papelada de 100 folhas de licenças para que você vá fazer a folia e não mais brincar o carnaval, pois não podemos mais sair na rua”, complementa.
Mas pelo jeito não é só isso. Para colocar o bloco na rua, os organizadores precisam também contar com apoio financeiro vindo do poder público, o que geralmente ocorre de forma insuficiente. “É difícil manter um bloco. Sempre foi na casa de alguém, como a Tetê que acabou guardando a maioria das coisas criadas por ela e outros. Os recursos do governo vêm sempre em editais ou quando conseguimos patrocínios que vêm através da Liga de Blocos Tradicionais”, explica Cimas.
Mesmo com poucos recursos, o Mamãe Taguá vai conseguir sair neste sábado (18). Segundo os organizadores, o bloco só foi possível de se manter em atividade até os dias de hoje, porque precisou perder algumas de suas características originais, como a mais importante delas, que é de sair nas ruas de Taguatinga e não no parque como ocorre atualmente.
“Não temos mais a mesma forma de fazer carnaval, com diversidade e respeito à tradição, território e forma. Se alguém da comunidade não quer ver o carnaval na rua é pedir e será atendido e nós seremos silenciados ou impedidos de fazer o carnaval”, diz o líder do Mamãe Taguá.
Devido tantos entraves para a realização de umas das festas mais tradicionais do país, Jorge Cimas aproveita o espaço para agradecer pelos apoios que o bloco teve para poder realizar o carnaval deste ano. “Agradeço a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, ao seu secretário Bartô [Bartolomeu Rodrigues] e a seu staff, Sol, João Moro e todo grupo que cria alternativas para nos atender.”
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