Premiê Benjamin Netanyahu compara o guia supremo Ali Khamenei a Adolf Hitler, promete eliminar líderes militares e apela à dissidência para destituir o regime. Bombardeio atinge emissora estatal do Irã. Trump adverte que “todos deveriam sair imediatamente de Teerã”
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que o assassinato do aiatolá Ali Khamenei encerrará a guerra com o Irã e anunciou a intenção de matar os líderes militares iranianos “um a um”. “Olhe, estamos fazendo o que precisamos fazer. Não entrarei em detalhes, mas atingimos os principais cientistas nucleares deles. É, basicamente, a equipe nuclear de (Adolf) Hitler”, declarou, em entrevista à emissora americana ABC News. (“A morte de Khamenei) Não escalará o conflito, colocará um fim na guerra”, acrescentou. Segundo o premiê, a campanha militar contra o Irã “está mudando a face do Oriente Médio”. “Estão nos levando à beira da guerra nuclear.”
Netanyahu também instou os dissidentes iranianos a se mobilizarem. “Uma luz foi acesa, levem-na para a liberdade. Este é o momento, sua hora de liberdade está próxima, está acontecendo”, avisou. Em outro indicativo da suposta intenção de mudar o regime teocrático islâmico, em vigor no Irã desde 1979, Israel Katz, ministro da Defesa israelense, avisou que atacará o ditador iraniano em todas as frentes”.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram a destruição de um terço das plataformas de lançamento de mísseis do Irã e emitiram um alerta para que moradores abandonem uma ampla região de Teerã. “Sua presença nesta área coloca sua vida em risco”, advertiu o exército. O brigadeiro-general Effie Defrin, porta-voz da Força Aérea israelense, explicou que Israel detém “completa supremacia aérea” sobre Teerã. Fragilizado pelos bombardeios e pela decapitação da cúpula militar, o regime iraniano teria enviado mensagens urgentes aos EUA e a Israel, por meio de emissários árabes, nas quais expressa a intenção de encerrar o conflito e retomar as negociações sobre o programa nuclear.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou o Irã a dialogar com Israel, “antes que seja tarde demais”. No início da noite desta segunda-feira (16/6), usou a própria plataforma Truth Social para ordenar: “Todos deveriam imediatamente evacuar Teerã!”. Pelo menos 15,8 milhões de pessoas vivem na capital iraniana. “O Irã deveria ter assinado o ‘acordo’ que eu lhes disse para assinarem. Que vergonha, que desperdício de vidas humanas! Em poucas palavras: o Irã não pode ter uma arma nuclear. Eu disse isso várias vezes!”.
Em meio à escalada do conflito, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou não haver sinais de danos à parte subterrânea da central nuclear de Natanz, atingida pelos ataques aéreos israelenses. No entanto, admitiu a possibilidade de contaminação radiológica e química dentro do complexo. Até o fechamento desta edição, os índices de radioatividade do lado de fora de Natanz permaneciam inalterados.
Ataque à tevê
Um bombardeio israelense atingiu o prédio da Rádio e Televisão da República Islâmica do Irã (IRIB), no momento em que a apresentadora criticava Israel. Nas imagens transmitidas ao vivo, escuta-se uma grande explosão, o estúdio fica imerso na escuridão e se vê escombros caindo do teto. As IDF afirmaram que o prédio era usado para fins militares. Horas depois, a televisão estatal iraniana emitiu uma ordem de evacuação das sedes dos canais 12 e 14, em Tel Aviv. As autoridades de Teerã classificaram o ataque à emissora estatal como “crime de guerra”. O Parlamento iraniano estaria preparando um projeto de lei para a retirada do país islâmico do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Historiador da Universidade de Boston, Arash Azizi vê como claras as ambições de Israel de provocar mudanças significativas no topo do regime iraniano. “Isso, potencialmente, inclui o assassinato de Khamenei e sua substituição. Até onde essas ambições irão, ainda não está claro. Também não está claro o quanto disso os israelenses podem alcançar”, disse ao Correio.
Em relação a uma eventual eliminação do guia supremo iraniano, Azizi vê três cenários. “Podemos esperar um líder mais beligerante, que continuará a luta contra Israel; um líder mais pragmático, que tirará o Irã do caminho da guerra; ou um colapso do Estado, com um Irã fraco e dividido, sob constante fogo israelense. Matar Khamenei criaria um vácuo, mas não está claro quem iria preenchê-lo.” Azizi não descarta, porém, que Israel seja forçado a dialogar com o regime dos aiatolás. “Especialmente, se pressionado por Trump e se obtiver concessões necessárias.”
Sob condição de anonimato, um morador de Teerã desabafou ao Correio: “Esses quatro dias pareceram meses para mim e para minha família”. “Acredito firmemente que Israel queira a mudança do regime, mas acho que estarei sob pressão nervosa pelos próximos dez dias”, disse. Ele contou que os iranianos estão “estressados” e escutam com frequência o som dos ataques com mísseis e as interceptações das defesas antiaéreas. “Na noite passada, mal consegui dormir. No início da noite desta segunda-feira, ouvi o barulho de uma bomba pesada. Eram evidentes e altos os sons de bombas antiaéreas, os impactos e a fumaça.” O iraniano acredita que qualquer iniciativa para depor o regime dos aiatolás deve partir de fora. “A força repressiva da República Islâmica ainda é poderosa. Vejo como reduzida a possibilidade de derrubada do regime pelo povo.”
EU ACHO…

“Estamos testemunhando um confronto militar direto que vai além das relações de poder. Ambos os países veem desafios existenciais: Israel lutando para impedir um segundo Holocausto e o Irã buscando afirmar o domínio revolucionário islâmico na região. As chamadas linhas vermelhas foram ultrapassadas, e ambos os lados se preparam para mais.”
Majid Rafizadeh, cientista político iraniano-americano e especialista em Oriente Médio pela Universidade de Harvard

“Em eventual mudança de regime, o pior cenário seria o Irã tornar-se um Estado falido, terreno propício para milícias armadas, por exemplo, étnicas, envolvidas em uma guerra civil. Mas há maneiras de evitar esse cenário. Muitos iranianos lutarão por uma transição democrática. Eles se oporão a qualquer ameaça à integridade territorial de seu país e lutarão para protegê-la.”
Arash Azizi, historiador e professor da Universidade de Boston
Porta-aviões norte-americano USS Nimitz(foto: Edward Jacome/DVDIS/AFP)
Porta-aviões dos EUA a caminho
O porta-aviões americano Nimitz, que navegava no Mar da China Meridional, está se deslocando em direção ao Oriente Médio, em pleno conflito entre Israel e Irã, segundo o site Marine Traffic, que acompanha em tempo real a posição de navios em todo o mundo. Na tarde de ontem, a embarcação encontrava-se no Estreito de Malaca, entre a Ilha de Sumatra, na Indonésia, e a Malásia. Uma recepção a bordo do Nimitz planejada para 20 de junho durante uma visita do porta-aviões a Danang, no Vietnã, foi cancelada, informou o governo vietnamita à agência France-Presse (AFP), citando uma carta da embaixada americana. O texto menciona “uma necessidade operacional emergente” para justificar o cancelamento do evento. Outros sites que geolocalizam em tempo real as posições dos aviões de todo o mundo identificaram, no domingo pela noite, o movimento de cerca de 30 aviões-tanque americanos que decolaram dos Estados Unidos e se dirigiam à Europa.
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