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Mercado reduz estimativa para inflação e reitera Selic em 14,75%

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As projeções se dão na semana em que o Copom se reúne para definir os rumos da taxa básica da economia. Especialistas alertam para o risco da escalada dos conflitos no Oriente Médio

Na semana da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá sobre os juros, economistas do mercado financeiro voltaram a reduzir suas projeções para a inflação neste ano, pela terceira semana consecutiva, e reiteraram suas apostas da Selic  em 14,75%. Segundo os dados do mais recente Boletim Focus, divulgados nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central (BC), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2025, caiu de 5,44% para 5,25%.

Apesar da revisão, a inflação ainda permanece distante da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% em 2025, ultrapassando também a margem de tolerância para que ela seja considerada cumprida, de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. As estimativas permaneceram inalteradas no restante do horizonte da pesquisa, ficando em 4,50% em 2026, 4,00% em 2027 e 3,80%, em 2028.

Apesar das expectativas mais otimistas, analistas alertam que a escalada dos conflitos no Oriente Médio pode colocar um freio na melhora das expectativas sobre a inflação. “O prolongamento do conflito entre Irã e Israel eleva a tensão nos mercados globais de energia, com impacto direto nas cotações do petróleo. Esse movimento adiciona uma pressão altista sobre os combustíveis no Brasil, justamente em um momento em que a inflação dá sinais de desaceleração”, destacou Gustavo Assis, CEO da Asset Bank.

A mediana para taxa básica de juros (Selic) se manteve estável em 14,75% para 2025, assim como nos anos seguintes. Para 2026, a projeção é de 12,50%; para 2027, de 10,50%; e para 2028, de 10%.

O Copom se reúne hoje e amanhã para definir os rumos da taxa básica da economia, atualmente em 14,75% ao ano. O cenário externo e a política fiscal do governo Lula estão no radar.

“Caso o preço do petróleo siga subindo de forma consistente nos próximos dias, o Banco Central pode ser levado a adotar uma postura ainda mais cautelosa na reunião desta quarta-feira, postergando cortes futuros na Selic. O risco é de que esse choque externo se propague para os preços administrados e afete as expectativas inflacionárias para o segundo semestre”, avaliou Assis. 

Atividade econômica

As expectativas para o crescimento da economia brasileira também foram elevadas. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 subiu de 2,18% para 2,20%, assim como para 2026, que avançou de 1,81% para 1,83%. A mediana das projeções foram mantidas em 2% para 2027 e 2028.

Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, apesar da revisão positiva, a taxa de juros elevada continua freando o investimento produtivo e o consumo das famílias, o que indica que o fôlego da economia pode ser limitado nos próximos trimestres. “O resultado mostra resiliência, mas não altera o diagnóstico estrutural: sem equilíbrio fiscal e sem ambiente de confiança, o Brasil seguirá crescendo abaixo do seu potencial. Para o mercado, o dado é positivo, mas não muda o cenário de cautela”, disse. 

Em relação ao câmbio, a expectativa para o dólar em 2025 recuou de R$ 5,80 para R$ 5,77. Para 2026, por sua vez, a estimativa caiu de R$ 5,89 para R$ 5,80. Para 2027 e 2028, as estimativas indicam a moeda norte-americana na casa dos 5,80.

Prévia do PIB

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do desempenho do PIB brasileiro, cresceu 0,2% em abril. O resultado se deu após uma alta de 1,3% da atividade econômica no primeiro trimestre do ano. Segundo o BC, o dado representa uma desaceleração em relação a março, quando o índice registrou uma expansão de 0,8%.

A atividade econômica nacional avançou em todos os quatro primeiros meses deste ano. No entanto, é esperada uma perda de fôlego no segundo semestre, incluindo os efeitos da política monetária restritiva e um menor impulso fiscal.

A variação positiva do indicador em abril foi sustentada pelo setor de serviços, o único a registrar expansão no mês, com um ganho de 0,4%. A agropecuária teve um recuo de 0,9%, enquanto a indústria registrou uma retração de 1,1%. “Setores como varejo e indústria, que dependem fortemente de crédito e consumo, seguem pressionados”, destacou André Matos, CEO da MA7 Negócios.

A projeção atual do BC para a expansão da economia brasileira em 2025 é de crescimento de 1,9%, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em março. A estimativa é menor do que a projeção mais recente do Ministério da Fazenda, que é de 2,4%.

O agravamento da guerra entre Israel e Irã pode trazer impactos indiretos ao PIB brasileiro, de acordo com o especialista. “Isso pode ocorrer por meio da alta do petróleo e de outras commodities, gerando um novo ciclo inflacionário e reduzindo ainda mais a margem de manobra para o crescimento sustentável. Isso tende a aumentar a demanda por reestruturação de dívidas e soluções de recuperação judicial nos próximos meses”, avaliou.

A leitura é de que a economia brasileira segue em um ritmo de crescimento moderado, influenciada por um ambiente de crédito restrito, incertezas fiscais e um cenário global cada vez mais volátil. “O ritmo mais moderado sugere uma acomodação do crescimento, mas ainda sem sinais de retração. Para o mercado, o dado reforça a leitura de que o ciclo de expansão continua, ainda que com menor ímpeto, o que pode adiar cortes adicionais na taxa Selic”, avaliou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC, de frequência mensal, permite acompanhamento mais frequente da evolução da atividade econômica, ao passo que o PIB de frequência trimestral descreve um quadro mais abrangente da economia.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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