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Novo esforço para evitar o fracasso da COP30

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Brasil pressiona, na reunião em Bonn, Alemanha, que países se comprometam com implementação do Acordo de Paris. Mas, há sérias barreiras à efetivação das medidas: postura do governo Trump e escalada da guerra Israel x Irã

Negociadores climáticos de aproximadamente 200 países estão reunidos desde ontem, em Bonn, na Alemanha, para pavimentar o caminho para a COP30, em novembro, em Belém. Neste encontro, que vai até o dia 26, a expectativa é de obter consensos e avanços, até agora tímidos, para que o evento no Brasil não seja um fracasso. O quadro, porém, não é de otimismo.

“Para ter assuntos debatidos e acordados na conferência, é necessário que esses pontos sejam tratados nesta etapa de Bonn. É como se fosse uma semifinal de um campeonato, que termina em Belém”, explica o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.

“Bonn é uma etapa estratégica para pavimentar o caminho até a COP30. Para que a conferência no Brasil seja um marco na implementação do Acordo de Paris, e catalise a ação climática global, é essencial que os países avancem agora em temas como adaptação, financiamento e transição justa. O Brasil pode ajudar a construir pontes e a promover diálogos construtivos. Mas o sucesso da COP30 dependerá do engajamento coletivo e da ambição de todos”, destaca Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.

Não está na pauta apenas a relutância dos países em aumentar o volume de recursos para o financiamento aos programas contra as mudanças climáticas — na COP 29, em Baku, no Azerbaijão, em 2024, o máximo que se conseguiu foi um acordo para destinar cerca de US$ 300 bilhões anuais até 2035, valor considerado insuficiente, segundo especialistas, para implementar projetos globais de preservação do meio ambiente. O fantasma do fracasso também se manifesta na forma da postura do governo de Donald Trump sobre o tema e na possibilidade de expansão do conflito armado entre Israel e Irã.

O Brasil lidera o grupo de pressão para que haja avanços. Na terceira carta da presidência brasileira da COP30, divulgada semanas antes da Conferência de Bonn, o embaixador André Corrêa do Lago enfatiza a necessidade de resultados concretos na implementação do Acordo de Paris. Cobra, ainda, que os países “superem a procrastinação e avancem nas negociações que antecedem a conferência do clima”. “A credibilidade do processo multilateral está nas mãos dos negociadores em Bonn”.

De acordo com Corrêa do Lago, avançar em Bonn sobre questões que, em outros tempos, ficariam para serem decididas na COP, pode contribuir para evitar os riscos e tensões que têm desgastado a confiança nas conferências do clima. “A presidência da COP30 conclama os negociadores a mudarem o tom em Bonn, evitando a todo custo confronto de soma zero e favorecendo uma abordagem de empatia e solidariedade, de forma a complementar uns aos outros. Em lugar de conflito e impasse, a escuta mútua permitirá aproveitar a diversidade de perspectivas para alcançar sofisticação tanto na colaboração quanto nos resultados”, clamou o embaixador.

Problemas

Mas o encontro de Bonn tem pelo menos três barreiras difíceis de serem superadas: 1) a continuação da guerra na Ucrânia, cujas negociações para o fim do conflito estão emperradas; 2) o desmonte promovido pelo governo Trump das políticas norte-americanas de preservação ambiental. Com o abandono do Acordo de Paris pelos Estados Unidos, isso desestimula os países que integram o G7 e o G20 a se comprometerem com projetos de enfrentamento às mudanças climáticas; e 3) uma guerra em larga escala entre Israel e o Irã mergulhará o Oriente Médio na tensão e na incerteza, o que levará ao adiamento do abandono gradual dos combustíveis fósseis. No caso do petróleo, o conflito provocará alta dos preços internacionais por conta da redução da oferta.

O Brasil mesmo vive uma contradição no que se refere aos combustíveis fósseis, o que fragiliza a cobrança de engajamento dos demais países na luta contra as mudanças climáticas. Em leilão a ser realizado hoje, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) oferece às petroleiras 47 blocos de exploração de combustíveis fósseis na bacia da foz do Amazonas. “É mais ou menos como se você fosse o anfitrião da reunião anual do Alcoólicos Anônimos, que você quer liderar, por exemplo, e no meio da reunião fazer uma festa de inauguração do seu bar. Obviamente que são coisas contraditórias”, critica Astrini. (Com Agência Estado)

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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